Guia da Semana

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Fabrizio Marttinelli, guitarrista da banda Hateen, assume os picapes no projeto Maxifagia

Enquanto você solta o corpo e sente os graves batendo no peito, embarca na piração dos VJs e suas imagens psicodélicas no telão. Vídeo e música: uma combinação perfeita para garantir uma pista fervendo. É desse modo que o pessoal do Maxifagia vem embalando alguns dos mais conhecidos clubes paulistanos, unindo som e imagem em performances psicodélicas, que vêm dando o que falar no underground da cidade.

Mistura boa

Na pista, a animação da galera ajuda a ditar o ritmo do som e a sequência de imagens adotadas pelos componentes. O Maxifagia pode ser classificado como uma orquestra digital. Mas em vez de tubas e violinos, esse coletivo optou por scratches, efeitos sonoros e guitarras, tocados em performances ao vivo, com a seleção do material feita em tempo real.

Atualmente, o Maxifagia realiza apresentações com o projeto Entropicália: Remixada e Amplificada, um passeio pelo movimento da Tropicália na música, artes visuais, cinema e política. Em cerca de 30 minutos, cada um dos integrantes apresenta um híbrido cultural, fazendo uma releitura do que seria o movimento nos tempos de hoje, a partir da apresentação de um conjunto de músicas e imagens.

Os Entropicalistas

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Estúdio BijaRi: responsáveis pelas imagens questionadoras

O grupo é resultado dos trabalhos de diversos núcleos audiovisuais. São eles: BijaRi, responsável pelas imagens, acompanhado de Killer On The Dancefloor, Roots Rock Revolution, Database, Fabrizio Martinelli (instrumentações eletrônicas) e Emmo Martins (guitarras).

BijaRi
Centro de criação de artes visuais e multimídia que atua entre os meios analógicos e digitais, propondo experimentações artísticas, tais como intervenções urbanas questionadoras, performances, vídeodesign e webdesign.

Database
A dupla, formada por Lucio Morais & Yuri Chix, tem como conceito a diversão. Sua influência principal é o French House. Já remixaram projetos como o The BPA, do Fatboy Slim.

Emmo Martins
Produtor musical, compositor e guitarrista. Durante anos, foi guitarrista da U2 Cover, além de desenvolver projetos em parceria com a Eletrocooperativa - ONG de Salvador que trabalha com a inclusão social, digital e musical.

Fabrizio Marttinelli
Guitarrista da banda Hateen e diretor de clipes e DVDs, Marttinelli também se arrisca nos picapes. Já levou alguns projetos aos clubes Glória e D-Edge. Apresenta sets com base no eletro e rock eletrônico.

Killer on the Dancefloor
União dos DJs Phillip A e Fatu com a produção musical digital. Inspirado na recente cultura dos mash-ups, a dupla é um das fundadoras do maior coletivo Maximal/Freestyle do Brasil: o CREW Roots Rock Revolution, que traz para as pistas o som da rua. No repertório, muito big beat, electro e house-bass.

Por dentro do lance

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Lucio Morais & Yuri Chix: trabalho da dupla traduz a diversão da noite

Para elaborar as apresentações, além da Tropicália, o Maxifagia busca inspiração na mistura dos elementos modernos com a brasilidade, na introdução de instrumentos elétricos, na criação musical e no desenrolar histórico, como as consequências de atos do AI-5, na ditadura. A influência da obras de diversos artistas brasileiros pode se facilmente reconhecida, em nomes como Rogério Duprat, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Mutantes. Já as referências das partes artísticas e visuais ficam por conta de lendas como De Hélio Oiticia e Lígia Clark, Glauber Rocha e Jean Luc Godard.

De acordo com Eduardo Fernandes, do Estúdio BijaRi, o Maxifagia "exige um profundo trabalho de pesquisa e remixagem tanto de som quanto de imagens". A ideia do projeto é trazer conceitos aliados à junção de imagens e sons. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que o coletivo promove o entretenimento, também consegue passar mensagens politizadas, elevando o poder de expressão de cada material selecionado. É desse modo que o áudio, o vídeo e as performances se complementam.

"O legal é que o projeto força o público a ter uma postura diferente do usual dentro de um clube e se comunica com três gerações de brasileiros: os pais que viveram este período, os filhos que foram criados sob essa ótica e os netos, a galera que está chegando agora", completa Eduardo.

Atualizado em 6 Set 2011.