Guia da Semana

Antes de sujar a balada, pense nas pessoas que limpam!
Foto: Stock.xchng


Seres humanos civilizados, que sabem conviver em sociedade e conseguem exercer o mínimo de cidadania entendem que não é agradável estar em um ambiente sujo. No entanto, quando cai a noite, milhares de pessoas se submetem a lugares que contam com condições absurdas de limpeza e segurança. Sem reclamar, dançam em cima do lixo, usam toaletes cujo odor às vezes alcança a pista de dança e nem percebem que no caso de acontecer algum acidente, não terão para onde correr.

Além da boa música, do público, do preço, das opções no cardápio e das atrações que o local oferece, o quesito limpeza e manutenção também deveria entrar para o rol de critérios que ajudam a escolher para onde ir. Nas cidades grandes, existe desde o buraco mal-cheiroso que vive lotado e faz o maior sucesso, até as casas grandes e estruturadas, que conseguem funcionar em quase perfeita ordem. Cabe ao público escolher.

Banheiro sujo não dá!
Foto: Stock.xcnhg
Algumas casas se destacam por conseguirem manter a higiene mesmo durante a noite, enquanto rolam as festas e eventos já programados. É o caso da Bubu Lounge e do Caravaggio, por exemplo. Ambas contam com funcionários de plantão no banheiro, que costuma ser o ponto mais crítico quando o assunto é limpeza. Tanto no toalete masculino quanto no feminino, os clientes sempre encontram o local limpo, papel higiênico em seu lugar, lixos que não transbordam a sujeira e pias funcionando de maneira adequada.

Para saber o que é necessário para conseguir tal harmonia, a reportagem do Guia da Semana conversou com o gerente da Bubu, Jamil Pessoa. Na entrevista ele descreveu o modo (bem-sucedido) com que seus funcionários trabalham. Confira:


Quantos funcionários trabalham na limpeza e na manutenção da casa?
No total são: 18 pessoas na limpeza e 8 na manutenção, sendo 2 fixos.

Qual o horário e a rotina de trabalho dessas pessoas?
O nosso pessoal da limpeza e da manutenção chega às 7h e sai às 16h, com 1 hora de almoço. Durante a noite, ficam 8 pessoas entrando às 23h e saindo às 6h, com 1 hora de intervalo para um lanche.

Bubu Lounge
Foto: Site oficial
A Bubu tem uma preocupação em manter a casa limpa mesmo durante a madrugada? Como isso é feito?
Temos grande preocupação nesse sentido pois queremos que nosso público esteja sempre em um ambiente limpo. Por isso, contamos em cada ambiente com um agente de limpeza, retirando copos, garrafas e secando o chão, caso alguma bebida seja derrubada.

Existem pessoas de plantão para manter os banheiros limpos?
Sim. São 4 banheiros espalhados pela casa e em cada um fica uma agente da limpeza.

Quantas saídas de emergência existem na casa? Onde elas estão localizadas?
Existem 2 saídas, uma na recepção e outra no lounge.

Você acha que se acontecesse um acidente as pessoas teriam condições de serem removidas com segurança?
Com certeza, pois a casa está toda sinalizada com indicativos de saída e contamos com 2 bombeiros durante a noite toda, além da brigada de segurança, formada por 10 agentes devidamente treinados. São 35 extintores espalhados pela casa e 4 hidrantes com caixa de 30 mil litros, que também pode ser usada caso falte água no bairro.
Temos também dentro da casa um espaço reservado onde se encontra uma enfermaria, com 1 enfermeira de plantão em todas as noites de funcionamento. Também oferecemos serviço de táxi gratuito até o hospital mais próximo caso algum cliente passe mal
.



Perigo iminente

Quando se reflete sobre as condições mais adequadas em que deveriam se encaixar as casas noturnas, a higiene acaba ficando em segundo plano. Não que o ponto não seja importante. O que acontece é que o foco acaba indo para problemas mais graves, daqueles que colocam a vida dos freqüentadores e funcionários em risco.

Isso se dá principalmente quando volta à mídia tragédias de grande porte, como foi o caso do incêndio que aconteceu em dezembro de 2004 na casa noturna República Cromagnon, em Bueno Aires. Quase 200 pessoas morreram e cerca de mil ficaram feridas. Na ocasião, a casa recebia um público de 4000 pessoas, quando a capacidade era de 2500. O incêndio começou quando os fogos de artifício soltados por alguém da platéia atingiram um tecido inflamável que fazia parte da decoração.

Segundo testemunhas, as saídas de emergências estavam trancadas com cadeados, a fim de evitar que alguém entrasse na casa sem pagar a entrada, o que dificultou o resgate. Sem ter para onde correr, o pânico logo tomou conta da situação e diversas pessoas acabaram morrendo asfixiadas e pisoteadas.

E se pegar fogo? Por onde correr?
Foto: Stock.xchng
Caso semelhante, mas com uma proporção de vítimas bem menor, aconteceu em São Paulo, em novembro de 2006. A casa noturna Space Club, localizada na Vila Olímpia, acabou sucumbindo às chamas provocadas pelas labaredas dos malabares de um dos go-go boys. O fogo pegou no teto e logo se alastrou, devido ao material do forro ser sintético.

" De repente começou a cair pedaços do teto pegando fogo e foi o maior tumulto. A saída que eu encontrei estava trancada, mas junto com dois amidos, consegui arrombar. Os funcionários estavam mais nervosos que a gente e não sabiam dizer para onde era pra ir.", conta Luiz Fernando Cruzeiro, de 17 anos. O jovem é um entre o público estimado em 800 que estava na casa. Por sorte, foram registradas apenas 8 pessoas feridas, nenhuma delas em estado grave.

Quando a tragédia na Argentina aconteceu, próximo ao Réveillon, imediatamente foram cancelados diversos eventos comemorativos referente a data. Depois disso, pouco a pouco, o cenário "hermano", principalmente o do rock alternativo, que era o foco da Cromagnon, foi se adaptando e se modificando para evitar que acidentes do tipo se repetissem. As pessoas, principalmente o público jovem, maior freqüentador das casas noturnas, deveriam se mobilizar e passar a cobrar uma maior segurança dentro dos estabelecimentos. Só assim a diversão, de fato, sem correr nenhum risco, será viável.

Atualizado em 6 Set 2011.