A sexta-feira chegou e, com ela, o convite para esticar a noite em uma boa balada, um barzinho requintado ou até um pé sujo com os amigos. Independente do lugar e da companhia, a bebida sempre se faz presente, seja ela gelada, quente, in natura ou misturada a outros sabores.
Para não cair na cilada da Lei Seca ou na ressaca do dia seguinte, desvendamos algumas filosofias botequeiras com a ajuda da médica psiquiatra Camila Magalhães Silveira, coordenadora do Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa). Confira!
1. A combinação de energético e álcool é um risco para a saúde, causando problemas principalmente no fígado.
Mito: Cada lata de energético corresponde a três ou quatro cafés expressos. O que o jovem faz é consumir um estimulante para tentar diminuir os efeitos sedativos do álcool, que é inibidor e depressor do sistema nervoso central. Para quem ainda acredita que os energéticos fazem mal à saúde, os estudos dessa área mostram que a excitabilidade é causada pela cafeína e não pela taurina (substância presente nesses produtos). Ainda assim, seriam necessárias muitas latinhas para proporcionar excitação semelhante à provocada pelo café.
2. Comer antes de beber mantém a pessoa sóbria por mais tempo.
Verdade: Se uma pessoa se alimenta, ela impede que o álcool entre em contato direto com a mucosa gástrica, retardando a absorção. Portanto, é aconselhável fazer uma alimentação antes de beber, para não atingir a embriaguez rapidamente. O azeite e outras gorduras são os alimentos mais eficazes nesse caso.
3. Cerveja dá barriga.
Mito: Não adianta culpar a cerveja pelo aumento excessivo da circunferência na cintura. Se a pessoa tiver tendência a engordar em determinadas regiões, isso acontecerá devido ao consumo de álcool somado a uma alimentação desregulada, e não pelo tipo de bebida. Uma latinha de cerveja tem cerca de 140 calorias, o que equivale a uma taça de 140ml de vinho ou uma dose de 35ml de destilado. Embora contenha poucos nutrientes, não há nenhum componente na "loira gelada" que estimule o armazenamento de gordura na região abdominal.
4. Para não tomar um porre, é só não misturar bebida.
Mito: O que importa é a concentração de álcool consumida, não a mistura. Por não ter uma bebida de preferência, muitas vezes, o jovem acaba consumindo de tudo sem moderação. O resultado é a famosa enxaqueca, ressaca e a promessa de que nunca mais vai colocar uma gota de álcool na boca.
5. O homem é, realmente, mais resistente ao porre do que a mulher.
Verdade: Pode parecer machismo, mas não é. A absorção de álcool depende de diversos fatores, entre eles, sexo, tamanho e peso. Os homens diferem das mulheres em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, pois têm mais líquidos corporais, fazendo com que o álcool seja diluído mais facilmente. Além disso, elas são mais sensíveis ao estado de embriaguez, por terem menos enzimas que metabolizam a bebida.
6. Café deixa acordado o suficiente para dirigir depois de beber.
Mito: Se você é teimoso e gosta de correr perigo, saiba que uma pessoa leva em torno de uma hora para depurar (eliminar do sangue) cada dose de álcool consumida. Quem acha que dançar resolve, está enganado. O organismo metaboliza o álcool melhor parado do que em movimento. Nessas horas, não há coca-cola, água de coco nem maratona que acelere isso.
7. O famoso "bafo de onça" é um sinal de que a pessoa está bêbada.
Mito: Para perceber se a pessoa está alcoolizada é preciso ver o comportamento inadequado e o grau de desinibição. O hálito etílico pode até ser um dos fatores, mas as pessoas podem produzi-lo, ou não. Tem gente que fica com o olho mais vermelho, tem dificuldade para organizar as ideias e os pensamentos. Então, existem outros indícios de embriaguez mais eficazes.
8. Quanto mais se bebe, mais se fica tolerante ao álcool.
Verdade: A turma do funil está com a razão. A tolerância é um efeito que a pessoa ganha com a frequência da bebida. Isso pode ser um complicador, pois ela pode perder o limite e se tornar dependente. Os tolerantes ao álcool vão sempre precisar de quantidades maiores para ter o mesmo efeito que tinham inicialmente.
9. Beber melhora o desempenho sexual.
Mito: Quem acha que a bebida é um viagra em potencial, cuidado! O álcool, em pequenas quantidades, ajuda na desinibição. Então, quem tem muita dificuldade em se expor sexualmente, acha que funciona. O problema é que isso pode se tornar dependência e, em grandes doses, os homens têm tendência a sofrer dificuldades de ereção, e as mulheres, de atingir o orgasmo.
10. Colocar pedras de gelo na boca antes de soprar o bafômetro, chupar pastilhas de menta, comer cebola ou usar anti-séptico bucal ajuda a burlar o aparelho.
Mito: Pelo contrário. Se usar anti-séptico bucal pode dar positivo, pois ele tem álcool na composição. Você tem que esperar até 15 minutos após o enxágue para fazer o bafômetro. O resto não funciona. O álcool que o aparelho acusa vem do ar expelido dos pulmões e não da boca. Se a pessoa tiver bebido, independente da artimanha, o aparelho vai captar.
Atualizado em 6 Set 2011.