O mundo pode estar vivendo um momento estranho de intolerância e medo, mas, se depender do cinema, nem tudo está perdido. Nos últimos anos, o preconceito racial tem se tornado cada vez menos tolerável e isso está se refletindo num número sem precedentes de filmes que discutem o assunto sem rodeios. Se você quer mergulhar de cabeça nesse tema e refletir a partir de boas histórias, conheça 15 filmes que são uma verdadeira aula sobre preconceito racial.
Get Out
Inovador ao tratar o preconceito como material para o suspense e o terror, no lugar do drama, “Get Out” foi o primeiro filme de um diretor negro a ultrapassar os US$ 100 milhões no final de semana de estreia. O filme conta a história de um jovem negro que vai conhecer os pais da namorada branca numa casa de fazenda e, lá, descobre que muitas pessoas negras já desapareceram naquele lugar.
Estrelas Além do Tempo
Baseado em três inspiradoras histórias reais, “Estrelas Além do Tempo” usa o bom humor para mostrar as dificuldades enfrentadas por três mulheres negras que trabalharam na NASA nos anos 60. Brilhantes no campo da matemática, elas têm que provar seu valor e conquistar seu espaço para garantir que a primeira missão tripulada no espaço possa acontecer.
A 13ª Emenda
O documentário original da Netflix, dirigido por Ava DuVernay, traça uma relação entre o crescimento do sistema carcerário norte-americano e o fim da escravidão, mostrando por meio de documentos, números e depoimentos o quanto o aprisionamento da população negra foi estratégico para certos setores da economia do país.
Moonlight – Sob a Luz do Luar
Vencedor do Oscar 2017, “Moonlight” se constrói como um romance de formação, mostrando o crescimento de um jovem negro e homossexual numa comunidade pobre de Miami. À medida que enfrenta a rejeição da sociedade, ele e seus pares adotam “máscaras” e abraçam estereótipos como um mecanismo de defesa.
Loving
Ainda não lançado no Brasil, “Loving” conta a história real de um casal formado por um homem branco e uma mulher negra que, nos anos 60, foram presos por se casarem e abriram um processo judicial contra o Estado de Virgínia.
Chocolate
Outro filme baseado numa história real é “Chocolate”, um romance francês sobre o primeiro artista circense de pele negra a se apresentar no circuito de luxo em Paris, no início do século XX. Criado como um escravo em Cuba e depois empregado como um “selvagem primitivo” num circo itinerante francês, Rafael Padilla (Omar Sy) se alia a um palhaço branco (James Thierrée) para formar uma dupla de humor e acaba fazendo um sucesso estrondoso pelo país.
Straight Outta Compton: A História do NWA
A história real do grupo de rap N.W.A. é recontada desde a juventude dos seus membros nas ruas perigosas de Los Angeles até o sucesso nas rádios com a ascensão do Hip Hop nos anos 80. A partir desse caso, o filme mostra o nascimento do gênero como protesto contra a repressão policial e reflete sobre a sua popularização e glamourização até os dias de hoje.
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
Inspirado nos eventos de 1965, “Selma” acompanha a luta da população negra nos Estados Unidos pelo direito ao voto, e mostra a participação de Martin Luther King (David Oyelowo) numa marcha pacífica de protesto desde a cidade de Selma até Montgomery.
12 Anos de Escravidão
Vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2014, “12 Anos de Escravidão” se baseia numa autobiografia escrita no final do século XIX por Solomon Northup – um negro livre e educado que é sequestrado e escravizado durante 12 anos, às vésperas da Guerra Civil Americana.
Fruitvale Station: A Última Parada
Outro drama baseado em fatos reais que revelou a Hollywood dois grandes talentos (o ator Michael B. Jordan e o diretor Ryan Coogler) foi “Fruitvale Station”, inspirado nos eventos da virada do ano de 2008 para 2009 em São Francisco. Durante as celebrações do Ano Novo, Oscar Grant e outros jovens negros foram abordados por um grupo de policiais numa estação de metrô e tiveram suas vidas ameaçadas diante de diversos passageiros que filmavam a situação com seus celulares. O filme mostra as decisões de vida tomadas por Grant nas horas que antecederam esse encontro.
Histórias Cruzadas
Ambientado nos anos 60, o filme conta a história de uma jovem jornalista que decide escrever um livro documentando o dia-a-dia das empregadas domésticas nas casas de famílias ricas americanas. No processo, ela descobre não apenas a extensão do preconceito sofrido por elas (mesmo quando são elas que cuidam das crianças brancas), como também o medo que elas têm de denunciar seus patrões.
Preciosa
Melhor descrito como um “soco no estômago seguido por um atropelamento”, “Preciosa” é a adaptação do livro “Push”, de Sapphire, sobre uma adolescente obesa, analfabeta, grávida e vítima de violência doméstica que procura ajuda numa escola alternativa na Nova York dos anos 80, sem jamais perder a esperança ou a auto-estima.
Faça A Coisa Certa
Dirigido por um dos maiores militantes do movimento negro no cinema americano, Spike Lee, “Faça A Coisa Certa” mostra a rotina de uma pizzaria italiana dentro de um bairro majoritariamente hispânico e afro-americano no Brooklyn num dia quente de verão, quando os conflitos raciais vêm à tona.
A Cor Púrpura
Neste filme de Steven Spielberg indicado a 11 Oscars (mas premiado com nenhum), Whoopi Goldberg interpreta uma mulher que cresce no início do século XX e sofre todo o tipo de violência ao longo de 40 anos, incluindo o abuso frequente pelo pai.
Adivinhe Quem Vem Para Jantar
Um dos primeiros filmes hollywoodianos a realmente lidar com o preconceito racial foi “Adivinhe Quem Vem Para Jantar”, protagonizado por Sidney Poitier. O ator interpreta um homem erudito que vai conhecer os pais de sua noiva, criada sob ideais igualitários e sempre incentivada a não ser preconceituosa. Quando os pais brancos, porém, finalmente encontram o futuro genro, que é negro, um sentimento enraizado de decepção começa a aflorar.
Por Juliana Varella
Atualizado em 3 Jan 2018.