Guia da Semana

De Los Angeles


Embora seja um rosto conhecido, tenha sido casado com Angelina Jolie e tenha grandes filmes em seu currículo, Billy Bob Thornton não dá a mínima para o cinema e adora falar de música. Ele é um dos astros de Controle Absoluto, novo filme de D.J. Caruso. O Guia da Semana conversou com o artista, que não pensou duas vezes antes de acender um cigarro e tomar cerveja durante toda a entrevista. Confira!

Controle Absoluto é um prato cheio para quem acredita em teoria da conspiração, certo?
Billy Bob Thornton:
Mais que isso, essa tecnologia toda é uma espécie de monstro que tomou conta do mundo. Esse conceito é bastante real e o filme fala disso. Já parou para pensar que somos monitorados o tempo todo? Você está gravando nossa conversa, mas tem gente gravando esta sala e estão vendo nos monitores lá fora. E, depois o que acontece com tudo isso? Irônico que, mesmo enquanto falamos sobre pessoas sendo controladas, nós mesmos estamos sendo observados!

Anos depois e aqui estamos falando sobre o Grande Irmão e complôs. Isso não muda?
Billy Bob Thornton:
O que acontece é que a ironia continua e vemos reflexos em todo lugar. Não é irônico que esse filme fala em matar um presidente que pode mandar matar um monte de gente no Iraque, mas que não responde a ninguém e, mais importante, pode controlar toda essa monitoração? Isso me dá arrepios! Estamos fazendo um filme sobre uma coisa ruim [monitoramento], criticando essa situação e somos tão, ou até mais, monitorados que os personagens do filme. Bizarro!

Pelo jeito você gosta muito de teorias da conspiração, hein?
Billy Bob Thornton:
Bastante, mas tenho senso suficiente para saber o que é invenção e o que merece atenção. Por exemplo, sabemos que os astronautas chegaram à Lua, embora alguns malucos digam que não. Agora, eu aposto, e ganho, que não foi Lee Harvey Oswald que matou John F. Kennedy e que o 11 de Setembro aconteceu de um jeito muito diferente do que a história registrou. Aliás, existe um site que mostra muito mais informação sobre os ataques. Fiquei alucinado quando vi aquilo. Foi muito pior do que fomos levados a acreditar!

Mas você vive num mundo cujo objetivo é levar as pessoas a acreditar em outras coisas, o cinema...
Billy Bob Thornton:
Não sou ator. Odeio filmes. Sou um músico. Entrei no negócio da atuação por acidente e o salário é bom, então, sustento minha família. Não dou a mínima para filmes e nem mesmo vejo a não ser que apareça um muito legal mesmo. As pessoas vão ao cinema e ficam analisando, pensando e debatendo, mas é tudo besteira e perda de tempo. O cinema é um produto e não acredito em produtos. Assim como a música, tudo que se tornou um produto virou porcaria.

Sempre foi assim para você?
Billy Bob Thornton:
Não era até uns quatro anos atrás. Chegamos num ponto em que os filmes são feitos como pasta de dente. Alguém tem uma idéia e ela é testada, pessoas dão opinião, e a reação do público modifica esse produto. Quando você deixa o público dizer o que você tem que fazer, você deixa de ser um artista e passa a ser um mero marqueteiro. Não acredito em arte feita dessa maneira, é enganação.

Mesmo assim, você ainda passa pelo processo de criação e preparação para os filmes.
Billy Bob Thornton:
Não existe preparação. É tudo enrolação. Há pessoas que tentam abastecer a imprensa com idéias sobre como foi complexo se preparar para algo. Bobagem extrema. Você é um bom ator ou não é, não existe meio termo. Eu simplesmente apareço lá e faço o que me pedem. Infelizmente, há muito mais atores ruins do que bons por aí.

Você gosta de algum de seus filmes?
Billy Bob Thornton:
Eu diria que The Astronaut Farmer é melhor, pois fala sobre sonhos e foi interessante fazer aquilo. Era algo possível e que fazia sentido para esse mundo.

Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:

  • Nick Nolte: Com mais de 70 filmes na carreira, astro critica a mediocridade nas telonas.

  • Forest Whitaker: Eleitor de Barack Obama fala sobre suas ações sociais e seus personagens

  • Michael Steger: Astro da nova versão de Barrados no Baile fala da expectativa para o seriado


    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.

  • Atualizado em 6 Set 2011.