Linhas do tempo são um brinquedo perigoso, especialmente para uma franquia que vive de reciclar a própria história. Nesta quinta (2 de julho), as máquinas tentarão vencer a guerra contra os humanos mais uma vez em “O Exterminador do Futuro: Gênesis”, e agora a estratégia envolverá não uma, mas três intervenções em pontos diferentes no passado. Será que desta vez a história será alterada?
Arnold Schwarzenegger, é claro, está de volta ao papel do Exterminador modelo T-800 e, mais uma vez, ele é o personagem mais interessante do filme. Brincando com o próprio histórico com a franquia, ele aparece em três diferentes versões: jovem, maduro e de cabelos brancos. Apesar de, teoricamente, não ter sentimentos, ele é quem mais consegue criar uma empatia com o público.
O filme começa no futuro, mostrando o momento em que o soldado Kyle Reese (Jai Courtney) é enviado ao passado por John Connor (Jason Clarke), líder da resistência humana, para proteger sua mãe Sarah Connor (Emilia Clarke). Numa jogada capaz de arrepiar qualquer fã, a cena da chegada de Kyle e do Exterminador ao ano de 1984 é recriada nos mínimos detalhes, dando uma sensação de continuidade que não se viu em nenhuma das outras sequências.
O passado, porém, está diferente daquele que conhecíamos: Kyle não encontra nenhuma garçonete ingênua, mas sim uma guerreira treinada para destruir Exterminadores e que sabe muito bem quem ele é. A missão, agora, não será mais salvá-la, mas sim evitar que a Skynet tome o poder. (Nota: Sarah repete uma frase que Kyle dissera para ela no filme de 84, invertendo os papéis).
O longa tem muitos pontos positivos e um dos principais é a forma como ele joga com (pelo menos) duas linhas temporais distintas. Além de levar em conta todo o primeiro filme e alguns elementos dos outros três, “Gênesis” acrescenta novas ações e trabalha com suas consequências no futuro e no passado.
Há um problema, porém: essas realidades paralelas inevitavelmente entrarão em conflito, como de fato acontece com o personagem de Courtney. Ao invés de explorar esse paradoxo, contudo, o roteiro prefere ignorá-lo e escorrega para um encerramento tradicional, desperdiçando uma grande oportunidade de surpreender.
Outro ponto questionável é a escolha de Jason Clarke para o papel de John Connor. O personagem é um herói icônico na história do cinema, mas, sob a apatia de Clarke, é rebaixado a um comandante prepotente e, mais tarde, a uma marionete sem personalidade.
Felizmente, há muito humor em “Gênesis”, não apenas pela atuação carismática de Schwarzenegger, mas também pela participação de J.K. Simmons – curta, mas valiosa. Emilia Clarke também colabora com alguns momentos cômicos, entre uma cena de ação e outra.
“O Exterminador do Futuro: Gênesis” estreia de olho na nostalgia dos fãs e funciona melhor que as últimas sequências da série. Para quem gosta de viagens no tempo e ação, o longa é um prato cheio, mas quem estiver esperando uma abordagem mais humana e dramática poderá sair desapontado. Por outro lado, se seu objetivo é rever Schwarzenegger em um de seus papéis mais importantes, pode comprar seu ingresso sem culpa. Ele ainda faz a diferença.
Por Juliana Varella
Atualizado em 4 Jul 2015.