Os Quatro Cavaleiros estão de volta para mais uma performance grandiosa. No dia 9 de junho, estreia nos cinemas “Truque de Mestre – O 2º Ato”, sequência do sucesso de 2013 com Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco, Mark Ruffalo e Morgan Freeman. Isla Fisher, que interpretara a ilusionista Henley no primeiro filme, é substituída agora pela consideravelmente mais expressiva Lizzy Caplan, no papel da nova “cavaleira”, Lula (especialista em mortes falsas).
O filme se passa cerca de um ano após os acontecimentos do longa anterior: os Cavaleiros estão vivendo escondidos, aguardando novas instruções do “Olho”; Thaddeus (Freeman) está preso e Dylan Rhodes (Ruffalo) continua no FBI, alimentando pistas falsas sobre o paradeiro dos mágicos. Enfim, uma nova missão aparece.
Seguindo o padrão criado no primeiro filme, o grupo organiza mais um grande espetáculo para desmascarar um poderoso – mas, desta vez, o show é sabotado e o quarteto, sequestrado. O responsável é um jovem milionário e excêntrico chamado Walter (Daniel Radcliffe), que havia sido dado como morto um ano antes e, agora, recruta o grupo para roubar um cartão capaz de acessar informações de qualquer computador no mundo.
O absurdo dessa premissa (um cartão todo-poderoso que vai roubar a privacidade de todos – como se dados pessoais não fossem usados todos os dias para direcionar campanhas publicitárias) se alinha com a identidade do filme como um todo: uma grande e espalhafatosa performance sem muito a oferecer sob a superfície.
Uma cena resume bem essa ideia: depois de roubarem o cartão (encaixado numa carta de baralho), os Cavaleiros são revistados por seguranças e precisam esconder o objeto. Para isso, fazem todo o tipo de manobras com as mãos e os corpos, deixando o cartão sempre fora da visão dos guardas – mas, ao invés resolverem o problema com uma única pessoa, revezam o volume entre si, sendo obrigados a repetir o procedimento várias vezes até que todos os protagonistas tenham mostrado suas habilidades.
Não que o filme não tenha bons momentos. Na verdade, o último ato é até bem divertido, começando com pequenos truques individuais e culminando na apoteose que o público espera de uma sequência de “Truque de Mestre” – previsível, talvez, mas empolgante. Até isso perde a graça, porém, quando começam as explicações excessivamente didáticas sobre “como a mágica foi feita”. Convenhamos, nada daquilo tem uma explicação verossímil senão o fato de que é um filme, cheio de efeitos visuais.
Para tentar aparentar profundidade e escapar do rótulo de “puro entretenimento”, o longa explora alguns dramas pessoais: novamente remoemos o passado de Rhodes, filho de um mágico que morreu em cena; conhecemos a relação problemática de Merritt (Harrelson) com o irmão-gêmeo, ridiculamente caricato; e devemos nos surpreender com um segredo de Thaddeus, que já poderíamos ter adivinhado no primeiro filme.
Nada disso funciona, é claro. O que o público quer é a mágica, é o espetáculo, e isso só vem mesmo no final – o que é um bom truque. Deixar o melhor para o fim faz com que o espectador tenha a ilusão de ter se divertido durante todo o tempo. Mas será mesmo? Olhe de novo.
Por Juliana Varella
Atualizado em 7 Jun 2016.