De Los Angeles
Cuidado com seus e-mails, fuja das câmeras de segurança, não confie no seu telefone e, se alguma voz misteriosa lhe disser para correr, bem, corra! Essas são as regras de Controle Absoluto, a gota d´água que faltava para muitos entusiastas das teorias da conspiração que envolvem o governo norte-americano. De acordo com essa nova história idealizada por Steven Spielberg há dez anos, ninguém está seguro e, pode apostar, cada linha deste texto está indo parar num Centro de Inteligência governamental.
Os roteiristas são enfáticos ao desvincular seu filme de uma adaptação direta do conceito do Grande Irmão, criado por George Orwell. Mas as referências são inegáveis: há olhos em toda parte, toda a informação do mundo é registrada e ninguém está a salvo do sistema! Entretanto o trio de roteiristas Travis Wright, John Glenn e Dan McDermott tem razão quando diz que não se trata de ficção científica, afinal de contas, com o nível de comunicação e tecnologia que o mundo atingiu é questão de tempo até que alguém tome o controle e tudo isso seja possível.
Fã confesso de teorias da conspiração, Billy Bob Thornton interpreta um Agente do FBI no filme e, na vida real, tem certeza de que esse momento já chegou. Quem não tem dúvidas é o personagem de Shia LaBeuof, um operador de copiadoras que é surpreendido ao ser preso como terrorista e se vê refém de uma misteriosa ligação telefônica. Tudo que a pessoa diz ao telefone acontece e, rapidamente, ele entende que desobedecer não é uma opção. Ele foge e durante a escapada é apresentado a Michelle Monaghan, uma mãe divorciada, também coagida pelo telefone.
Eles não têm tempo para se conhecer, pois precisam correr. A ação é ininterrupta e começa de modo memorável com uma perseguição de carros que dura cerca de doze minutos. Muito bem dirigida por D.J. Caruso e com um grande nível de realismo, a cena é de tirar o fôlego. Mas não pára por aí, afinal, o sentimento de urgência segue durante toda a projeção. O vilão é revelado rapidamente, o que aumenta a expectativa para o clímax do filme e quebra um pouco a mesmice dos roteiros atuais.
A discussão política gerada por Controle Absoluto é inevitável. Se o governo tem acesso a toda a informação, como saber se faz uso correto desse conhecimento? E a pancada vai mais além quando questiona decisões governamentais relacionadas à guerra contra o terrorismo. Homens podem errar, então, fica por conta de um computador atuar como sistema de segurança em prol da Humanidade. Embora existam semelhanças com Eu, Robô e O Exterminador do Futuro, a escolha de um "vilão" cibernético foi ponderada. Nada de extermínio da raça ou revolução sanguinária, pois a inteligência artificial desta história propõe uma mudança brutal, mas cirúrgica.
Tão cirúrgico quanto foi o lançamento do filme, que critica a política internacional dos Estados Unidos, questiona sua alta cúpula e fala em revolução no ano de eleição presidencial. Controle Absoluto propõe um bom diálogo entre política e tecnologia, entra boa ação e não faz feio perto dos grandes filmes de ação desta década. É para pensar e ficar sem fôlego ao mesmo tempo, mas sempre sob controle absoluto. Eles estão de olho!
Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.
O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.
Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!
Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.
Atualizado em 6 Set 2011.