Alerta: se você não assistiu à sexta temporada de Game of Thrones, não leia este texto. CONTÉM SPOILERS.
Mais uma temporada de Game of Thrones chegou ao fim neste domingo, encerrando mais um período de dez semanas com gifs, spoilers e comentários exaltados em redes sociais, jantares de família e rodinhas de bar. Desta vez, porém, não foi apenas a angústia que encheu os corações dos fãs ao final do último episódio, cientes de que a próxima temporada só vem no ano que vem; também não foi a raiva pela morte de um ou outro personagem, nem a satisfação por alguma conquista. Desta vez, a sensação que dominou o Season Finale foi de que o inverno chegou, a guerra começou e o final, inevitavelmente, está próximo.
A sexta temporada teve seus altos e baixos, isso é certo: começou com tudo, revivendo Jon Snow e revelando a natureza de Melisandre, depois escorregou, perdendo algum tempo com intrigas em Dorne e politicagens de Tyrion em Meereen, mas recuperou o fôlego em grande estilo com a Batalha dos Bastardos e encerrou a temporada com surpresas ainda melhores – conseguindo costurar quase todas as pontas soltas que deixara por aí.
Se observarmos a temporada como um filme único, muitos personagens tiveram seus arcos bem redondos, partindo e chegando mais ou menos no mesmo lugar – mas transformados. Cersei, por exemplo, abriu o 51º episódio perdendo sua única filha mulher e fechou o 60º perdendo seu último filho – mas, enquanto no início ela era humilhada pelo Alto Pardal e tinha perdido seu poder de manipulação, no final ela tem sua vingança apoteótica e assume de vez o Trono de Ferro. Agora, será curioso pensar no que esta mulher, movida até então pelo amor aos filhos, fará sem nenhum deles ao seu lado.
Outra personagem que encerrou a temporada no mesmo lugar onde começou foi Sansa Stark, que, no primeiro episódio, fugia de Winterfell ao lado de Theon, deixando para trás o sádico Ramsey Bolton. Ao final, ela retorna ao lar da família ao lado de Jon Snow, vencendo a batalha (e salvando o irmão) com sua aliança a Baelish e fazendo questão de observar de perto a morte de Bolton pelos próprios cães.
Apesar de Snow ser o garoto-propaganda da temporada, quem dominou o show foram as personagens femininas: Arya amadureceu, se tornou uma assassina e se assumiu como Stark; Daenerys provou mais uma vez que sua resistência ao fogo e seus dragões podem vencer qualquer discussão e encerrou a Season Finale com um exército bastante respeitável; Yara Greyjoy e Lyanna Mormont roubaram a cena nas poucas vezes em que apareceram; e nem é preciso dizer o quanto Cersei e Sansa – antes entre as personagens menos populares do programa – viraram o jogo e conquistaram suas próprias legiões de fãs.
É claro que nem todas tiveram destinos tão bons: Melisandre teve uma temporada inteira de desmoralização, mesmo sendo responsável pela ressurreição de Snow; Margaery teve seus próprios planos (tão promissores) interrompidos bruscamente pela manobra de Cersei; e Brienne... Bem, Brienne decepcionou.
Quem também entregou muito menos do que poderia foi Tyrion, que, desde a quinta temporada, parece ter perdido a acidez e o propósito. Nesta, ele faz escolhas ruins, dá conselhos pretensiosos e preenche suas cenas com piadinhas pouco espirituosas. É este o mesmo Tyrion que matou o próprio pai e a amante apenas duas temporadas atrás? Parece improvável.
Em torno de todas essas histórias, como um corvo que observa e espera, voltamos a acompanhar a jornada de Bran Stark, que ficara de fora da temporada anterior. Agora, sua habilidade de enxergar o passado traz consequências irremediáveis (como a tragédia de Hodor, que caiu como uma punhalada nos corações dos fãs) e respostas que, provavelmente, mudarão as regras do jogo nas temporadas finais: Jon Snow não é um bastardo, mas sim filho de Lyanna Stark (e, apesar de o pai ainda não ter sido revelado oficialmente, o público já tem sua aposta). Agora, Bran talvez esteja pronto para retornar a Winterfell, o que pode significar que, no ano que vem, teremos uma reunião dos quatro Starks remanescentes – isso se Arya não fizer mais alguma parada para completar sua lista da morte.
O episódio do último domingo fechou tantas histórias que fica difícil não pensar que este é o começo do fim: os dragões estão finalmente cruzando o mar; Cersei conquistou seu sonho e se tornou a rainha de Westeros, sem um rei ao seu lado; Jon Snow foi nomeado Rei do Norte. E o inverno chegou. Agora, a Guerra dos Tronos está pronta para começar.
Por Juliana Varella
Atualizado em 28 Jun 2016.