Guia da Semana

A nostalgia está na moda há tempos, mas ninguém entende melhor do assunto do que o homem que criou alguns dos filmes mais cultuados das décadas de 80 e 90: ele mesmo, Steven Spielberg. Responsável por clássicos como “E.T. – O Extraterrestre”, “Os Caçadores da Arca Perdida” e “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”, mas também por filmes mais ancorados no século XXI, como “Minority Report” e “Inteligência Artificial”, Spielberg nunca deixou de compreender o seu tempo e, mais uma vez, prova que é uma das mentes mais lúcidas da cultura pop mundial.

Nesta quinta, 29 de março, chega aos cinemas seu novo trabalho: a adaptação do livro “Jogador nº 1”, de Ernest Cline. No livro, referências nerds se espalham por todos os lados, infiltrando cada detalhe de uma história sobre um mundo decadente e outro virtual, paralelo e muito mais interessante. Este, se chama “Oasis” e é um jogo imersivo onde o usuário pode ser quem quiser (ou o que quiser), pode viver aventuras e ganhar muito dinheiro (mesmo que possa perdê-lo em questão de segundos).

Para o filme, o diretor traz sua vasta experiência e dosa as referências (de Katsuhiro Otomo a Stanley Kubrick) com parcimônia, deleitando os olhos de fãs e leigos sem sobrecarregar o roteiro, muito bem trabalhado.

Confira 5 motivos para conferir essa novidade nos cinemas e se surpreender:

1. Easter Eggs

Numa brincadeira com a própria natureza, o filme (como o livro) tem no centro uma caçada a um tesouro chamado “Easter Egg” – que é justamente o nome dado a referências escondidas dentro de filmes, como a Pixar e a Marvel se habituaram a fazer. Esse tesouro, acessado como recompensa ao fim de três desafios escondidos no Oasis, dará a quem conquistá-lo o controle sobre o jogo, junto com uma fortuna.

2. O melhor filme de videogame em cartaz

Mesmo não sendo uma adaptação de videogame, como “Tomb Raider” ou “Assassin’s Creed”, “Jogador nº 1” é um filme que compreende o formato de um jogo virtual e o aproveita para tornar a experiência mais divertida. Para encontrar o Easter Egg, os personagens devem resolver mistérios e cumprir desafios, abrindo novas “fases” a cada acerto e perdendo moedas ou posições a cada erro. Além disso, o contexto dos jogadores fora do jogo (espaço, movimento, equipamentos) é sempre levado em conta na sua performance.

3. Um Spielberg, sobretudo

“Jogador nº1” é uma adaptação bastante livre, que aproveita o universo criado pelo livro, mas traz uma vida própria que tem a cara de seu criador. Como um bom Spielberg (mais próximo de seus trabalhos antigos do que dos novos), o filme envolve o público numa aventura irresistível, que faz com que ele não desgrude os olhos da tela por um minuto. Diversão, aqui, é o objetivo principal.

4. Um filme com algo a dizer

Sob todo o entretenimento e o impacto visual de “Jogador nº 1”, o filme traz uma crítica sutil à cultura pop atual, excessivamente ancorada em antigas paixões e muitas vezes obcecada pelo que é canônico ou pelos detalhes íntimos da vida dos ídolos - aqueles que “só os fãs de verdade podem saber”. Spielberg tem o cuidado de mostrar o outro lado desse fanatismo, que é a alienação dos fãs em relação às suas próprias vidas e ao mundo ao redor. Ele também critica a indústria (o cinema, inclusive) que se empenha cada vez mais em monetizar essas paixões, transformando-as em obrigação, trabalho e competição.

5. Um banquete visual

“Jogador nº1” tem a difícil missão de equilibrar dois mundos visualmente distintos na tela, sem que a transição entre eles incomode o espectador. Felizmente, ele o faz com maestria: no Oasis, os gráficos são impecáveis e lembram um visual de videogame, mas têm fluidez suficiente para que os movimentos dos personagens sejam expressivos e realistas. Já no mundo “real”, onde também há bastante CGI, os tons frios ajudam a fazer a ponte com o mundo virtual, onde o azul é intenso e dominante.

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Atualizado em 29 Mar 2018.