Guia da Semana


Arquibancada lotada por um "bando de loucos"

Em 2010, o Corinthians comemora seu centenário. Entre inúmeros jogos, vitórias e derrotas, dois anos específicos marcam profundamente a história do clube: 2007, quando foi rebaixado para a série B do Campeonato Brasileiro; e 2008, quando sob o apoio de sua torcida, voltou à elite do futebol, lugar de onde nunca deveria ter saído.

A vitória foi celebrada de forma comedida pela diretoria, sem bolo ou festa oficial para a arquibancada geral. Por essa razão, para festejar a nação corintiana, está em cartaz o documentário FIEL, uma homenagem dos roteiristas-sofredores Marcelo Rubens Paiva e Serginho Groisman, sob a direção de Andréa Pasquini, aos mais de 25 milhões de fanáticos da Gaviões da Fiel.

Eu nuca vou te abandonar

"O sofrimento está no sangue do corintiano". A frase de Marcelo Rubens Paiva traduz o espírito do longa. No sobe e desce de emoções, principalmente para os corintianos de plantão (como é o caso desta repórter, que estava fora do país em 2007 e não acompanhou de perto todo o drama do rebaixamento), é normal encontrar quem chegue às lágrimas ao relembrar do fatídico jogo do dia 2 de dezembro, quando o empate com o Grêmio assinou a sentença alvinegra.

Mesmo rebaixado, o clube continuou a contar com o apoio de sua fiel torcida, que trouxe à tona a conhecida frase "nunca vou te abandonar". É essa essência que o documentário se propõe a captar em seus 92 minutos, abertos com uma grande declaração de amor de um torcedor anônimo: "Todo o time tem uma torcida, o Corinthians é uma torcida que tem um time".

Loucos por ti


Torcedores contaram suas versões sobre o rebaixamento do time

A ideia do filme surgiu no início de 2008, quando o produtor Gustavo Ioschpe quis levar às telas a paixão e o sofrimento de uma torcida. Para isso, procurou a diretoria do time, que acolheu prontamente o projeto. "A saga da queda e a esperança do retorno certamente eram um roteiro e tanto para um filme baseado em fortes emoções, que estariam expostas no rosto de cada torcedor", explica Gustavo.

Serginho Groisman foi o primeiro a integrar a equipe, seguido por Andréa e Rubens Paiva. Chegaram a uma decisão unânime, que faz toda a diferença no documentário: utilizar a voz da própria da torcida. Quem conta a história são os anônimos da arquibancada, presentes em todas as partidas, atuando como o 12º jogador do time.


Corintianos em ação durante jogo do Timão

Em uma colagem de memórias, FIEL cruza depoimentos do futebol, de famílias, jogos, aniversários e histórias de entes queridos que se foram. Tem como proposta explicar o estigma de sofredor que o corintiano carrega, refletido nas partidas dramáticas dentro de campo. "Todos os entrevistados foram selecionados de acordo com as histórias que deixaram no site do filme. Fizemos questão de pegar pessoas de diferentes perfis, homens, mulheres, pais, filhos, ricos e pobres. Tudo para mostrar que a paixão do torcedor corintiano é quase uma religião", enfatiza a diretora.

Além da versão dos torcedores, jogadores como Dentinho, Lulinha e Felipe também contam suas histórias e se recordam da dor do jogo decisivo e do rebaixamento. Outro que dá o ar da graça é o técnico Mano Menezes, um dos responsáveis pela ascensão do time.

Não para, não para, não para

As expectativas em cima do documentário se comparam a uma final de campeonato. Para atendê-las, assim como no futebol, a produção conta com o apoio da torcida do timão. "Vamos atrair os cinéfilos, os que gostam de esporte, mas principalmente os corintianos", afirma Luis Paulo Rosemberg diretor de marketing do time, que tem opinião compartilhada por Serginho Groisman, "A torcida é o DNA de um time e o nosso DNA já provou que é resistente e nunca vai nos abandonar, mesmo no cinema", conclui o roteirista.


Atualizado em 6 Set 2011.