De Los Angeles
O humor non-sense norte-americano está numa sinuca de bico. Embora comédias como SuperBad - É Hoje ainda consigam surpreender o mercado, há pouco espaço para novidade. Ben Stiller tentou encontrar outro filão com Trovão Tropical, foi bem nas bilheterias, mas precisou atacar a classe para sair da mesmice. Por outro lado, os filmes metalingüísticos da linha de Deu a Louca em Hollywood ou Super-Heróis - A Liga da Injustiça não param de ser produzidas, mas sempre com resultados abaixo do esperado. Restou à pioneira desse estilo, Anna Faris, de Todo Mundo em Pânico, a tarefa de reativar o gênero sem baixar o nível. E ela quase chega lá com A Casa das Coelhinhas.
A coelhinha do título remete às modelos selecionadas por Hugh Hefner para viver em sua mansão em Los Angeles. Aprovado pela Playboy, o filme já garante boa bilheteria pelos inúmeros leitores da revista que vão pagar para conhecer o dia-a-dia das moçoilas que não participam do reality show de Hugh Hefner, estrelado pelas três namoradas do playboy. Mas a mansão em si torna-se apenas referência no início da história de Shelly (Anna Faris), a mais velha das moradoras da casa que é expulsa ao completar "59 anos de Coelhinha", 27 na vida real.
Sem saber o que fazer da vida, completamente fútil por conta do cotidiano da mansão e com uma visão distorcida do mundo, Shelly é o exemplo máximo da loira burra. Depois ser presa ao confundir o teste do bafômetro com teste do sofá, ela descobre que o mundo fora da mansão é bastante esquisito. Mas nada é tão esquisito quanto sua decisão de se unir a um grupo de universitárias excluídas que vivem na pior fraternidade da USC, onde o filme foi gravado.
É nesse lugar caindo aos pedaços que sua habilidade com futilidade e técnicas para atrair homens vai ser colocada em uso, mas, claro, como a moral da história é necessária, isso não será suficiente para garantir a felicidade a suas novas amigas e nem a seu romance com o personagem de Colin Hanks.
Mas tudo isso é pontuado por boas piadas, que atuam em conjunto com uma interpretação inspirada de Anna Faris, assumidamente dedicada a fazer qualquer coisa que seu papel necessite para garantir boas risadas. Para isso, ela fala com vozeirão à la O Exorcista, imita Marylin Monroe num bueiro com gás quente e é hilária quando tenta transformar sua personagem em alguém culta e séria. A maioria das cenas descritas anteriormente está no trailer dos cinemas, portanto devem soar como repetição, mas aí entra um dos diferenciais de A Casa das Coelhinhas. O filme sobrevive a seu trailer e as piadas ali mostradas são apenas uma amostra do que a comédia oferece, fato bastante raro hoje em dia.
A Casa das Coelhinhas não tem pretensões, apóia-se numa comediante ideal para esse tipo de produção e fez com que a revista Playboy publicasse Anna Faris na capa, toda vestida, mas, ainda assim, tirando de alguma modelo seminua a chance de se imortalizar na primeira página.
O filme prega contra a futilidade, conta a política da moda e da ostentação, mas ninguém ali liga para a crítica que o roteiro possa fazer. O objetivo era fazer rir e isso, esse filme faz com o pé nas costas e às custas de Anna, que não precisa pintar a cor da pele ou esculachar a classe artística no processo. Trovão Tropical é melhor, mas A Casa das Coelhinhas é sem dúvida mais engraçado!
Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.
O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.
Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!
Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.
Atualizado em 1 Dez 2011.