A rede de cinemas AMC, uma das maiores em território norte-americano, está estudando formas de permitir o uso de celulares dentro das salas de cinema. A ideia é tornar os cinemas mais “amigáveis” para o público de até 20 e poucos anos, cuja frequência tem caído nos últimos anos.
Segundo o CEO da empresa, Adam Aron, não é inteligente pedir a um jovem nessa faixa etária para desligar o celular – “É como pedir para que ele corte o próprio braço”, declarou em entrevista à revista Variety. Há dois grandes problemas a serem analisados, porém, antes que a iniciativa entre em vigor: a aceitação do restante do público (que, em geral, se incomoda bastante com o uso de celulares durante as sessões) e a violação de direitos autorais dos filmes em exibição (caso sejam filmados ou fotografados).
Sobre o primeiro item, Aron considera a possibilidade de posicionar esses jovens numa ala separada, numa espécie de “celulódromo”. Esta seria uma forma de não prejudicar a experiência dos outros espectadores, que não seriam (tão) incomodados com a luz das telas ou o som das teclas. Já sobre o segundo, vale pensar que a exclusividade dos cinemas como meio de exibição no dia da estreia é um conceito que já vem sendo questionado por projetos como o Screening Room, que permitiria ao público ter acesso aos filmes em casa simultaneamente aos cinemas, por um valor fixo.
O projeto anunciado por Aron não é um consenso entre os exibidores. Tim League, CEO da Alamo Drafthouse Cinema, comentou que “uma inovação nessa direção poderia ferir seriamente a indústria”, ressaltando o risco, em particular, para a relação entre as redes e os produtores. League ainda apontou para o fato de que o uso de celulares durante o filme reduziria a atenção do espectador e, consequentemente, prejudicaria a experiência e o impacto da obra.
Por Juliana Varella
Atualizado em 15 Abr 2016.