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"Em todas as ruas da cidade se encontram motéis grandes e pequenos, simples e luxuosos. Sempre que via um, pensava sobre o que estava acontecendo dentro dele. Achei que o assunto era interessante e poderia render um filme, que contasse uma das várias histórias que ocorrem nesses locais". A frase é do diretor colombiano Gustavo Nieto Roa, que explica sua inspiração para o filme Entre Lençóis, que conta com a participação de Reynaldo Gianecchini e Paola de Oliveira. A película entra em cartaz a partir de 5 de dezembro e marca a estréia de Roa como diretor no Brasil, após assinar o roteiro de Sexo com Amor.
O filme conta a história de Paula e Roberto, dois jovens desconhecidos que se encontram em uma boate e, sem trocar muitas palavras, vão parar em um motel, vivenciando um mini-relacionamento com mentiras, ciúmes e remorsos. O roteirista Renê Belmonte (o mesmo de Sexo, amor e traição e Se eu fosse você), explica o processo de criação. "O Roa pediu para fazer uma história com começo, meio e fim, que se passasse ao longo de uma noite. A idéia central era falar de duas pessoas em um momento de transição, vivendo situações muito parecidas, ao mesmo tempo em opostas, como uma véspera de casamento e uma separação".
Making of
Com orçamento de apenas R$ 950 mil, as filmagens ocorreram durante três semanas, em uma única locação: um quarto de motel no Rio de Janeiro. Entre os destaques da produção, o que mais chama a atenção são as cenas sensuais, como o strip-tease de Gianecchini e Paola, que pontua uma relação iniciada pelo apego físico e aos poucos, vai se tornando emocional. "O filme é um poema visual e moderno sobre o amor à primeira vista", afirma o diretor.
Para construir a personagem feminina, Gustavo Roa espelhou-se no perfil de três executivas, duas norte-americanas e uma carioca. Partindo desse ponto, o diretor procurou entender como as mulheres costumam equilibrar trabalho e relacionamentos. "Uma estava separada, outra divorciada e a outra solteira. Perguntei como faziam com a necessidade de satisfação sexual. Elas afirmaram que viviam relacionamentos de uma noite, uma semana ou pouco mais, dependendo do lugar".
O resultado final, com foco na sensualidade entre quatro paredes, foi comparado pela crítica ao chileno En La Cama, de Matías Bize. Sobre a semelhança, o diretor mostra-se confiante na originalidade de sua obra. "Esta é apenas uma coincidência entre as duas películas. Quando decidi fazer a obra, já conhecia En La Cama, mas busquei um foco diferente. Embora o cenário seja um motel, o tratamento, os diálogos e as atuações em nada se parecem com o filme de Bize. Afinal, quantas histórias de amor não foram feitas até hoje? O que realmente importa é a maneira de contá-las".
Nudez permitida
Um dos pontos que vêm causando polêmica são as cenas sensuais do filme, que sai logo após o manifesto contra a nudez dos atores, encabeçado por Pedro Cardoso (onde condena o uso de nudez em qualquer tipo de atuação). Sobre o movimento, Paola faz uma ressalva. "O cinema e o teatro são os lugares onde você pode ousar e ser criativo um pouco mais, além do público já saber o que esperar. Acho que ele (Pedro) estava se referindo a outra coisa, como a televisão, que é um meio aberto, onde as pessoas não têm controle sobre o que está passando".
Para concluir a questão, Gianecchini diz que enxerga esse tipo de filme como um desafio para quem realmente deseja ingressar na carreira de ator. "Não dava para fazer cenas dentro do quarto de motel sem usar o nu, o que não deixa de ser uma situação desconfortável. Por outro lado, isso serve para tirar o pudor, prejudicial para a profissão".
Atualizado em 6 Set 2011.