Guia da Semana

De Los Angeles


Steve Carell é um caso interessante de comediante. Depois de uma longa carreira, ganhou fama além do normal e, em pouco tempo, se transformou no comediante mais requisitado de Hollywood. Seu novo desafio, porém, é reconstruir o trabalho de seu grande ídolo: Don Adams, mais conhecido como Maxwell Smart, de Agente 86. Ao lado de Anne Hathaway, Dwayne "The Rock" Johnson, Alan Arkin e Terrance Stamp, Carell lidera Agente 86 , uma das maiores promessas de boa bilheteria no gênero da comédia deste ano.

Numa das entrevistas descontraídas e engraçada, o elenco principal e o diretor Peter Segal continuam o que fizeram durante toda a filmagem: se divertindo sem parar. Além das piadas, o elenco falou sobre detalhes das filmagens, referências à série original e a paixão pelos personagens.

Fábio Barreto: Como foi fazer o filme?
Steve Carell: Foi um inferno! Ninguém aqui vai te dar uma resposta séria, pode apostar! (risos). Vou tentar ser sincero, honesto e puro (gargalhadas). Todo mundo curtiu bastante e tudo era divertido. Na verdade, foi o mais divertido que já fiz até hoje.

Sério? Por quê?
Steve Carell: É, verdade! Acho que foi por conta do Peter (Segal, o diretor) ter deixado claro que valia tudo e não havia algum limite entre certo e errado, contanto que fosse engraçado. Não é todo dia que alguém dá esse tipo de liberdade. Por isso, o set de filmagens parecia a platéia de um show de comédia, todo mundo ria o tempo inteiro. Foi hilário!

E como uma garota se meteu no meio de toda essa gente doida?
Anne Hathaway: O papel foi um dos mais rigorosos que eu já fiz, pois tive que treinar fisicamente e artes marciais. Esse processo ajudou a entender melhor a Agente 99, que é uma mulher certa de que pode cuidar de si mesma e faz isso com estilo. Ela acaba intimidando algumas pessoas, mas, do modo como ela pensa, se tem alguém com medo, o problema é desse alguém, não dela.

Mas aí você tem que tomar conta desse sujeito atrapalhado, o Agente 86!
Anne Hathaway: (risos) Alguém tem que fazer o trabalho duro, não é verdade? A relação dos dois flui muito bem e gera boas piadas, o que é uma obrigatoriedade no conceito do filme. O mais legal foi que meu cabelo acabou se transformando num personagem do filme, então eu ficava jogando ele de um lado para o outro sempre que podia para o pessoal dos efeitos se divertir depois. Além de tudo, foi engraçado tirar sarro daquelas heroínas que passam por uma explosão nuclear e não desmancham o penteado. 99 é uma mulher que pode salvar o mundo e, ao mesmo tempo, desfilar numa passarela. Pelo menos visualmente.

E onde você se encaixa nessa história, Dwayne? The Rock: 23 é um cara muito bom dentro do Controle e é um grande amigo de Maxwell. Ele idolatra o Maxwell, na verdade. E é isso que dá o tom a essa relação, então o 23 vai seguindo 86 em absolutamente qualquer situação, mesmo sem pensar nas dificuldades à frente.

Um tipo de puxa-saco?
The Rock: Além disso! Muito além! É quase um devoto religioso!

Vocês confiariam uns os outros caso fosse escolhidos para uma missão secreta?
Anne Hathaway: Acho bom ninguém confiar em mim, eu entregaria os planos na hora! (risos).

Steve Carell: Eu considero essa entrevista como uma missão especial! (gargalhadas) Então, acho que confio neles.

The Rock: Totalmente, colocaria minha vida nas mãos desses grandes agentes secretos. Ainda bem que tenho seguro!

E quais as melhores bugigangas que vocês usam no filme? O cone do silêncio é obrigatório, não?
Steve Carell: Claro que o Cone está lá! Agora, se é bom ou não, depende do público. Há uma cena num museu dedicado à espionagem. Vários aparelhos que eu adorava no seriado estão lá, mas só os vemos de relance, assim como equipamentos inventados pelo pessoal da nossa produção.

Tipo o que?
Steve Carell: Tem o Revólver Estéreo!

Que diabos é isso?
Steve Carell: É um revolver que dispara duas armas com um mesmo gatilho. É a coisa mais esquisita, inútil e imbecil que eu já vi, mas está lá. Ninguém usaria aquela porcaria!

Peter Segal: Entretanto, não é tão imbecil quanto uma versão ridícula do Cone do Silêncio que recuperamos de um dos episódios. Em vez daquele tubo de plástico que descia, esse é uma espécie de aquário, que o sujeito entrava e as palavras saiam em bolhas de ar! Completamente ridículo! Entretanto, alguns fãs da série viram a cena de abertura - que acontece no museu Smithsonian - notaram a existência dele lá e bateram palmas. Foi inesperado.

E tudo isso foi inventado para a série...
Peter Segal: É aí que a coisa fica curiosa. Nunca comentei muito isso, mas um amigo meu mandou uma carta para um sujeito do alto escalão da CIA. Surpreendentemente, ele respondeu dizendo que o Cone do Silêncio existiu de verdade! Ficava na embaixada norte-americana em Moscou, no final da década de 70. Era basicamente um cone de plástico duro que descia e tocava música para interferir com a propagação de som das conversas sigilosas. O mais impressionante foi que depois da estréia do programa, o pessoal da CIA entrou em contato com a produção para saber como eles tinham pensado naquilo, ou melhor, como eles tinham descoberto!

E o sapatofone?
Steve Carell: Ele faz uma aparição honrosa, mas é algo totalmente obsoleto hoje. Temos celulares, então ele não tem muito uso.

Peter Segal: A grande sacada das homenagens está no fato de que o CONTROLE existe embaixo do Smithsonian, 17 andares para baixo, aliás. Há uma exposição permanente de itens do que um dia foi o CONTROLE, pois, oficialmente, a agência foi fechada após o fim da Guerra Fria. Mas tudo é fachada. Chega um momento em que algumas peças dessa exibição precisam ser usadas e aí itens como o sapatofone aparecem.

E qual o grande objetivo de se fazer esse filme? Homenagem à série ou apenas atualizar o personagem?
Peter Segal: Então, Steve [Carell], eu e várias outras pessoas da equipe cresceram com esse programa, e estou falando da primeira exibição, não das reprises, por isso adoramos o assunto. E todo mundo sabe que várias adaptações de personagens clássicos da TV viraram fiascos no cinema recentemente, exatamente por isso eu recusei o trabalho em várias ocasiões, mas sabia que poderia dizer sim caso o elenco certo fosse escolhido. São dez anos falando sobre esse filme, aliás. A primeira vez que fez algum sentido foi ouvir que Steve seria Maxwell Smart, o que aconteceu um pouco antes da estréia de O Virgem de 40 Anos. Toda essa preocupação mostra que objetivo do filme é fazer a coisa certa e, claro, sempre tivemos em mente que nunca seríamos melhores que Don Adams ou a série original. Respondendo à pergunta, um pouco dos dois. Agente 86 merece atualização e homenagens.

Qual é a melhor parte em interpretar o personagem, Steve?
Steve Carell: Nunca vi Maxwell Smart como um idiota. Ele é um espião muito bom. Pode se atrapalhar ou não saber muito bem o que fazer em algumas situações, mas o instinto dele funciona. Não entendo isso como idiotice. Poxa, o cara sabe usar armas de fogo, sabe lutar e, do jeito dele, é esperto. Então, o importante para mim não foi tentar criar um "personagem idiota", apenas dar um tom meio tapado para um sujeito que consegue se virar sozinho. Na maioria das vezes (risos). Nunca houve a idéia de fazer uma sátira a filmes de espião, pois isso já foi feito; portanto quisemos fazer um filme de espião de verdade, com um tom de comédia e muita ação. A grande sacada aqui é que as situações são verossímeis, as pessoas estão em perigo, os vilões causam medo.

Gostaram das cenas de ação?
Anne Hathaway: Tivemos uma cena de luta bem legal, porém, fiquei com medo, pois meu sapato escapou e acertei a testa do Dwayne. Por pouco não foi no olho e fiquei muito preocupada.

The Rock: Isso acontece, mas foi sem querer.

Peter Segal: Só sei que me lembro de Dwayne olhar para mim com cara de "não vamos filmar de novo!" (risos).

Qual seu chavão favorito de Maxwell Smart?
Steve Carell: Não dá para escolher um. Eu adorava tudo que ele fazia, seria injusto selecionar. E isso me assusta nesse filme, pois as frases são tão icônicas e é arriscado reproduzi-las sem parecer cafona ou limitado.

Steve, há algum personagem que queria muito interpretar?
Steve Carell: Unabomber.

Sério?
Steve Carell: Claro que não, mas você caiu direitinho! (gargalhadas histéricas)

Leia as entrevistas anteriores do nosso correspondente:

  • Louis Leterrier: Diretor de O Incrível Hulk fala sobre adaptação do heróis para a telona

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    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.

  • Atualizado em 6 Set 2011.