Guia da Semana

Fotos: Getty Images


No Japão, a bebida é indicada para ritos importantes, como cerimônias de casamentos ou festas de fim de ano. Nos Brasil, seu sabor suave serve de base para coquetéis e o caipisaquê, agradando o público feminino e ajudando os homens na hora da azaração. Mas, se o seu momento for de solidão e dor de cotovelo, o saquê é uma das mais pura das bebidas - com graduação de 14 a 17% de álcool - indicada, inclusive, como melhor alternativa para evitar a dor de cabeça do dia seguinte. Conheça os atrativos desse néctar divino.

Líquido místico

Segundo lendas, sua descoberta foi feita por acaso. Um agricultor esqueceu de tampar um tacho de arroz e acabou mofando. Após alguns dias, notou que a iguaria tinha fermentado, transformando-se em uma substância mais pastosa do que líquida. O fungo ganhou nome de Kamutachi e, pouco tempo depois, já era anunciado como bebida produzida por deuses. Até a idade média, os produtores não tinham acesso a técnicas apuradas de fermentação e a fabricação se dava com as pessoas mascando o arroz para fermentá-lo com a saliva, depois cuspiam em tachos, iniciando assim o preparo da bebida.

Nas províncias de Hokkaido e Okinawa, no Japão, os fãs do elixir encontraram uma maneira de purificar o processo, escolhendo somente jovens virgens para mastigar o arroz, já que elas eram consideradas representantes dos deuses na terra. Séculos se passaram e mesmo após a adoção de técnicas modernas de fermentação, a prática sobreviveu e tinha um nome especial, bujinshu (saquê de mulher bonita).



A bebida se popularizou na terra do sol nascente na segunda metade do século XVIII, sendo usada como oferenda nas atividades religiosas, em festividades ligadas à agricultura, em casamentos e despedidas. Atualmente conta com 1600 fabricantes e a região com a fama de produzir o melhor saquê é o distrito de Fushimi, em Kyoto. No Brasil, as empresas Sakura e Azuma Kirin são responsáveis pela produção nacional.

Como é feita pela fermentação do arroz e não possui outros compostos em sua composição, estudos comprovam que o saquê é, dentre as bebidas alcoólicas, a que menos dá ressaca ou sensação de mal estar no dia seguinte. O consultor e dono da loja especializada Adega do Saquê, Alexangre Tatsuya Iida, aponta os benefícios e recomenda o consumo de um cálice por noite. "Além de ter um aroma e sabor sutil, o malte feito a partir do arroz melhora e muito a pressão sanguínea. Sem contar que o resíduo de saquê, retirado após a filtragem da bebida, é um poderoso hidratante de pele", enfatiza.

Tipos

No nosso mercado, os principais tipos de saquês que circulam são do tipo Honjouzou e Junmai. O primeiro sofre a adição de 10% de álcool etílico em sua composição e, dependendo da quantidade de filtragem, pode ser destinado para uso culinário. Já o Junmai tem o álcool extraído exclusivamente do arroz, tornando-o mais puro.



Entre as outras categorias, estão as dos mais sofisticados, que colocam sua qualidade em um patamar superior através do polimento do arroz. O Daiguinjo é um sake especial, seguido de Guinjo, Tokubetsu, Honjouzou, Junmai e o Futsuu-shu. Além deles, existem mais 11 tipos que os fabricantes oferecem ao público, a maioria não encontrada aqui. No Brasil, a bebida é geralmente servida em copos quadrados de madeira ( masu), com sal na borda. No Japão, os recipientes são redondos, de cerâmica, sem acompanhamento. O valor da garrafa varia de R$ 17,00 (para os mais simples) chegando a custar até R$ 800,00 (rótulos Premium).

Apreciação

Alexandre Tatsuya aponta que a melhor forma de apreciar a bebida é pura e em climas frios. "Muitos preferem curtir a intensidade do malte do arroz, aquecendo o saquê. A maioria pode ser aquecida, exceto os das categorias Guinjo e Daiguinjo (Premium)". Neste caso, recomenda-se fazer em banho-maria para não atingir temperaturas acima de 35º, o que faz a bebida perder algumas propriedades gustativas. Apesar disso, o consumo da bebida também pode ocorrer em outras temperaturas, variando de 5º a 55º graus Celsius.

De uma maneira resumida, o especialista indica na harmonização o consumo de saquês secos, do tipo Honjouzou, para pratos bastante condimentados (apimentados, amargos, salgado, ácido) e saquês suaves para pratos mais leves. Os do tipo Junmai cai bem com comidas ou ingredientes gordurosos. Para um prato mais requintado, o ideal é um saquê Premium.

Saiba onde encontrar uma boa carta de saquês

São Paulo


Kinoshita
Rangetsu of Tokyo
Aizomê
Jun Sakamoto
Itigo Sake House
Izakaya Issa

Rio de Janeiro

Mok Sakebar
Togu

Belo Horizonte

Rokkon
Udon

Curitiba

Tsuru

Porto Alegre

Daimu

Goiânia

Hakone

Atualizado em 10 Abr 2012.