Guia da Semana

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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), só no Brasil o número de vítimas do tabaco é alarmante: aproximadamente 10 mil pessoas morrem diariamente decorrentes de doenças associadas ao vício. No mundo, este resultado é de quatro milhões por ano.

Estudos revelam que o tabagismo está responsável por 30% das mortes por câncer em geral, 90% por câncer de pulmão, 25% por doenças coronarianas, 85% por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e 25% por complicações cérebro vasculares. "No mundo, o câncer de pulmão permanece como uma doença altamente letal", comenta Silvana Gotardo, especialista em Oncologia e Radioterapia pelo Hospital do Câncer de São Paulo, e diretora médica da Oncoclin.

Considerado a principal causa de morte evitável no planeta, o tabaco atinge um terço da população adulta mundial: estima-se que 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes.

Curiosidade O câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando um aumento por ano de 2% na sua incidência mundial. Em 90% dos casos diagnosticados, está associado ao consumo de derivados de tabaco. No Brasil, o câncer de pulmão foi responsável por 14.715 óbitos em 2000, sendo o tipo de câncer que mais fez vítimas. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença atingiu mais de 27 mil brasileiros (18 mil homens e 9 mil mulheres) em 2006.

A nicotina - uma entre as cerca de 4.700 substâncias nocivas encontradas no cigarro, - ainda é a principal responsável por causar a dependência. Com sua ingestão contínua, pesquisas apontam que o cérebro se adapta e passa a necessitar de doses cada vez maiores. "Esse efeito é chamado de tolerância à droga", explica Ana Maria.

"É a nicotina que gera a sensação de prazer no organismo", complementa Sérgio Cardoso, pneumologista e Coordenador do Núcleo de Apoio à Prevenção e Cessação do Tabagismo (Prev Fumo), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Dra. Silvana: "Câncer de
pulmão é altamente letal"
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Além da substância, deve-se considerar que os danos causados ao organismo também são resultados da fumaça do cigarro "onde são encontrados componentes químicos como benzeno, amônia, tolueno, etc.", diz Sérgio. Ainda é possível encontrar alcatrão, colesterol, fenol, ácido fórmico, chumbo - além de substâncias radioativas. "Ao serem inaladas, estas partículas são depositadas primariamente nos pulmões", comenta. "Desta forma, acontece o processo inflamatório da mucosa, gerando a destruição dos alvéolos pulmonares", explica Sérgio.

Para aqueles que acreditam que há diferença entre fumantes - de um maço de cigarros ou de apenas um cigarro por dia - enganam-se! "Claro que quanto maior é o consumo, maiores são as chances de adquirir complicações, mas os riscos existem para todos", ressalta.
Outro fator que ainda influencia o ingresso no vício é o exemplo familiar.

Fumantes passivos São aqueles que, ainda não sendo fumantes, convivem com tabagistas ou inalam frequentemente a fumaça do cigarro. De acordo dados do INCA, os adultos expostos à fumaça contam com um risco 30% maior de adquirir câncer de pulmão e 24% maior de sofrerem um infarto do coração. Uma das medidas tomadas contra o tabagismo em âmbito nacional foi a Lei Federal nº. 9.294 , de 1.996, que proíbe a prática em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente.

Dependência psicológica

Para Leonardo Mascaro, psicólogo e mestre em Neurociências pelo Instituto de Psicologia da USP, o vício do cigarro está ligado a certo conflito psicológico. "Ainda que haja necessidade química, o paciente tabagista busca, de maneira errônea, administrar temas de sua vida com os quais não consegue lidar", ressalta. Do ponto de vista neurofisiológico, tanto a nicotina quanto a cafeína - quem fuma, normalmente bebe muito café - têm efeito estimulante sob o cérebro.

Segundo ele, os estudos realizados até hoje apontam a razão para uma somatória de variáveis que, operando em conjunto, estão por trás da droga-adição. "São desde fatores genéticos até sociais e, como qualquer outro problema, é preciso buscar tratamento", complementa.

Conseqüências físicas

As demais partes do corpo também refletem as agressões do tabaco. É o que explica Ruth Clapauch, endocrinologista e metabolista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo. "Osteoporose e diminuição da fertilidade são alguns dos principais riscos dos tabagistas", conta. "Aumento da produção de hormônios pela tireóide e alterações oculares ligadas a problemas da glândula, também são conseqüências da dependência", ressalta.

Dra. Paula:"Fumantes têm
mais rugas"
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Nas mulheres acima de 35 anos, que usam anticoncepcionais, o cigarro está ligado diretamente ao aumento de problemas circulatórios. "Na fase da gravidez, está associado ao parto prematuro", explica Ruth. No homem, os ricos não são diferentes. "O tabaco é um dos fatores que, entre outras moléstias, contribuem para a disfunção erétil e impotência sexual".

Para Paula Penna, dermatologista pela Unifesp e especialista pela Thomas Jefferson University - Filadélfia (USA), pele, cabelo, mãos e lábios de fumantes são facilmente identificados. "Tabagistas têm a pele envelhecida, os dentes e as pontas dos dedos amarelados, pequenos vasos pelo corpo, além de muito mais rugas - principalmente em volta da boca", explica.

Nuno: "Cigarro dificulta
abastecimento
das células"
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Quem é, ou tenta ser, adepto da atividade física, mas ainda sim é fumante, percebe rapidamente as conseqüências negativas sob o corpo. "Basta lembrar que exercícios físicos aumentam o diâmetro de artérias e capilares, e o cigarro promove exatamente o contrário: dificulta o abastecimento correto das células dos órgãos vitais", avalia Nuno Cobra, professor de Ed. Física pela Escola de Educação Física de São Carlos e pós-graduado pela USP. Foi preparador físico de Ayrton Senna e Mika Hakkinen, entre outros.

Embora o Brasil seja o segundo produtor e o maior exportador mundial de tabaco, o país é reconhecido internacionalmente pela luta e controle do tabagismo.
Conheça algumas destas políticas!

Para aqueles que desejam parar de fumar, há diversas entidades especializadas que, junto a profissionais qualificados, realizam trabalhos gratuitos em prol do fim do vício. Veja!

Saiba mais Cerca de 4.700 substâncias tóxicas compõem a fumaça prejudicial do cigarro

Além da nicotina, alcatrão e monóxido de carbono existem outras substâncias radioativas, como polônio 210 e cádmio - usado em baterias de carros

Após 20 minutos sem fumar, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal

Depois de dois dias sem cigarro, há melhor sensibilidade do olfato e paladar, depois de três semanas, melhoram a respiração e a circulação e, após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio cai pela metade.

Fontes: OMS e Ministério da Saúde

Atualizado em 6 Set 2011.