Guia da Semana

Foto: Getty Images


Estamos acompanhando histórias sobre a saúde da mulher. Vimos como a adolescente Júlia enfrentou a menarca e se preparou para evitar uma gravidez indesejada. Já conhecemos os dramas de infertilidade da Maria, que não fez sua poupança de saúde de ovários e útero, e ainda não conseguiu realizar seu sonho de ser mãe.

Hoje vamos falar da Dona Elza, uma mulher de 50 anos, que entrou na menopausa aos 44. Ela passou por todos os sintomas chatos, especialmente os calores insuportáveis.

É importante entender esse período. A menopausa é um estágio na vida da mulher em que os ovários deixam de funcionar e ela fica sem menstruar por um ano ou às vezes passa por períodos de metrorragias (sangramentos fora do período menstruais) com intervalos de amenorréia (ausência de menstruações). Esta transição é chamada de climatério e caracteriza-se por irregularidades menstruais.

Nesses casos, a mulher deve consultar seu ginecologista e pedir opinião sobre as vantagens e desvantagens da Terapia de Reposição Hormonal (TRH), respeitando, é claro, suas indicações e contra indicações. São muitas as dúvidas e as resistências, porque também são muitos estudos a respeito das vantagens e desvantagens da TRH. É preciso esclarecimento e muita conversa com o ginecologista, para decidir pela melhor escolha, pois é dela que depende o seu bem-estar e como cada pessoa é pessoa diferente, é necessária uma escolha individual.

Atualmente, todo médico esclarecido não pode ser contra ou a favor sobre este tipo de tratamento. A mulher moderna, do século 21, mudou e possui expectativa de vida maior e melhor. Ela trabalha, possui vaidades, às vezes novos relacionamentos e deve ser tratada como "mulher nova", com carga hormonal de uma mulher ativa e jovem.

A reposição hormonal é indicada sempre que trouxer alguma vantagem e qualidade de vida à mulher, em termos de amenizar sintomas climatéricos e nos principais sintomas da menopausa. Também pode ser utilizada na prevenção de problemas presentes ou futuros como osteoporose, perda de memória, perda de libido, retardar o envelhecimento com lubrificação adequada da pele, cabelos, unhas e cansaço físico.

Foto: Getty Images


Quando os casais têm uma proximidade de idades, com diferenças de um ou três anos, é muito comum o homem não entender o que está se passando com a mulher, que não tem libido, está sempre cansada e sente dor nas relações. Nesse período também é comum sentir cefaléias diárias (dor de cabeça), insônia, mais sensibilidade (tendendo a um quadro depressivo) e falhas de memória. A mulher também percebe que o seu corpo está mudando e agora, além de ser mais difícil emagrecer, apresenta acúmulo de gordura no abdômen. Também começa a perder as formas arredondadas, que é outro atrativo sexual feminino. Sente-se mais flácida, pois passa a perder o tônus muscular. É nesse momento que entram os benefícios da terapia de reposição hormonal.

Existem muitos tratamentos de reposição. A terapia de melhor comodidade é a feita com implantes hormonais, pois estudos comprovaram proteção sobre as mamas, em tratamentos feitos à base somente de estrogênio. Alia-se a isso a facilidade de associação com testosterona (hormônio masculino), ligada ao estrogênio, quando a queixa principal ou única for na área sexual, podendo inclusive manter latentes doenças anteriores à menopausa como miomas e endometriose, com uso de implantes de gestrinona durante um ano. Prevalece o implante hormonal como a melhor opção de terapia de reposição, pois este possui melhor comodidade posológica, com duração de seis meses a um ano.

A mulher moderna deve sempre indagar ao ginecologista quando é o momento certo de fazer TRH. Ao chegar à menopausa, a mulher só viveu dois terços da sua vida. Por isso mesmo, ela não deve desprezar o terço final. Se a vida começava aos 40 anos no século passado, agora se prolonga até os 80. O sexo feminino, que já quebrou tantos paradigmas deve encarar a Reposição de Terapia Hormonal como mais uma fase da sua saúde.

Como vimos, a poupança da saúde para a mulher começa na adolescência, com o acompanhamento de métodos contraceptivos adequados, passando pelos exames preventivos anualmente, seguida pela maternidade e caminha para a menopausa. Todas as etapas da vida, de qualquer pessoa, devem estar aliadas ao respeito com o corpo e ao cuidado com a saúde física e mental.

Ei, e a dona Elza? Existem duas e falarei delas no próximo seguimento.

Leia colunas anteriores de Denise Coimbra:

? Se quiser ser mãe, cuide de seu útero


? Mantenha a Saúde em Dia


Quem é a colunista: Denise Coimbra é médica ginecologista e obstetra.

O que faz: é formada pela Santa Casa de São Paulo. Participa do grupo de Reprodução Humana da UNIFESP e tem uma clínica em São Paulo especializada em Saúde da Mulher e Fertilização.

Pecado gastronômico: petiscos com cerveja, em um bar com amigos.

Melhor lugar do Brasil: Guarujá, onde curto meus fins de semana com meu marido e minha filha.

Como falar com ela: Acesse o site ou [email protected]


Atualizado em 10 Abr 2012.