Isto não é um cachimbo, René Magritte |
Retomemos a velha discussão acerca dos critérios que definem algo como real. O que seria a realidade? O que indicaria algo como verdadeiro? Dentro da miríade infinita de suposições acerca dos paradigmas que formatam nossa noção do real, seria razoável apontar para a questão da crença. Ora, se crermos que algo é real, factual, se optarmos por acreditar que algo realmente existe ou existiu, é natural que concebamos este algo como verdadeiro e real. Assim a questão da crença é antes a questão da informação. Se crermos que uma informação é verdadeira, ela se torna fato e ganha os contornos do real. E eis que daí surge a internet. Esse colosso que nos assombra, fonte inesgotável de tanta informação. O que é verdade no mundo da internet?
Em Ohio, nos Estados Unidos, um jovem de apenas dezessete anos teve seu pênis amputado depois de ter lido, em um site sobre sexo, técnicas mentirosas que prometiam melhorar as dimensões fálicas. Uma destas técnicas monstruosas acabou por bloquear-lhe a irrigação sanguínea de seu órgão genital, o que resultou numa amputação posterior. E o mais dramático é que esse caso se soma a muitos outros ao redor do mundo. É uma triste realidade.
Na universidade de Lüge, na Alemanha, foi realizada uma interessante pesquisa que até agora assombra a comunidade científica mundial e só recentemente foi publicada. Foram selecionados doze chimpanzés recém-nascidos do zoológico de Untergeschoben em Berlin para que tivessem sua vida acompanhada por cinco anos por uma junta de cientistas e psicólogos. Cada um desses doze chimpanzés, desde pequenos, foram forçados a viver isolados, numa sala escura e hermeticamente vedada, em que a única referência com o exterior e com o mundo "real" era proveniente de uma tela de plasma gigante. Cada uma destas telas apresentavam aos chimpanzés uma conjunto de imagens e sons que os pequenos filhotes tomavam como seu mundo particular. O resultado foi espantoso.
Um dos chimpanzés começou a emular latidos de cachorros depois de ter vivido cinco anos ante filmes que mostravam a vida dos caninos. A mesma coisa aconteceu com o chimpanzé que acompanhou a vida dos gatos, este adorava leite e ainda vinha roçar nas pernas dos cientistas quando sentia fome. O chimpanzé que foi submetido a acompanhar a vida de humanos era o mais instável e dissimulado e além disso apresentou um espírito macabramente dominador depois que todos os chimpanzés foram reunidos novamente. A experiência patrocinada por uma multinacional coreana tinha o objetivo de entender melhor a influência das mídias digitais na vida dos grandes primatas. E acabou por confirmar que a noção do real pode ser manipulada por estas mídias.
Não se assuste. Espero (Muito!) que o leitor já tenha percebido que o parágrafo acima é uma grande mentira. E queria também confessar que o autor deste texto não é o Ibrahim, mas sua tia de 58 anos de idade que é jornalista. Aliás, ele nunca existiu...
Obs.:
? Lüge: Mentira em alemão
? Untergeschoben: Falso em alemão
Leia as colunas anteriores do Ibrahim:
? Estrangulamento estético: São Paulo é um exemplo de que o brasileiro não cuida do espaço público!
? As vaias nos jogos Pan-americanos: a brasilidade e o homem cordial explicam as vaias dos torcedores brasileiros nos jogos Pan-americanos.
? Tiozão way of life: o colunista desvenda o estilo tiozão, tipo cada vez mais identificado pelas noites da vida!
? Brasil, o mais antigo modernoso: um país de estilo moderno-antigo, formado por uma cultura alegre e despretensiosa!
? Big Mac responsável: está na hora de mudar o estilo de vida e de consumo, em prol da saúde do planeta!
? O bom gosto e arte na vida: a definição de bom gosto perdeu o sentindo com a inversão dos valores da sociedade.
Quem é o colunista: Ibrahim Estephan
O que faz: Cursa administração de empresas
Pecado gastronômico: quibe assado da minha avó libanesa
Melhor lugar de São Paulo: Minha casa
Fale com ele: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.