Foto: Arquivo pessoal |
Não há pai, mãe ou romântico de plantão, que não defenda a idéia de que o casamento, com todos os seus rituais e preparativos, é um acontecimento mágico na vida de uma mulher. Mas como eu não me enquadrava em nenhum desses grupos, não era assim que pensava até maio de 2007.
Para mim, todas as cerimônias eram maçantes, pensava que uma união poderia muito bem acontecer sem muita "pompa e circunstância", não havia necessidade de vestido branco, buquê ou bolo com noivinhos no topo. E foi essa a minha idéia praticamente durante todo o namoro. Até que compramos nosso apartamento e tudo mudou.
Meus pais já sabiam dos meus planos, por isso nem insistiram em fazer a cerimônia. Já a família dele, na primeira visita deu o xeque-mate: vocês pretendem se casar quando? Ainda tentamos contornar, dizendo que mudaríamos assim que pintássemos o apartamento, coisa de uma semana, mas não teve jeito, eles insistiram com tantos argumentos que ficamos encurralados. Após algumas horas de conversa cedemos ao "desejo geral da nação". Decidimos nos casar na igreja, fazer festa e tudo mais.
Dessa forma começou a minha saga. Saga, sim! A jornada do herói, ou melhor, da heroína. Eu não sabia por onde começar. Estava totalmente enrolada, mal havia decidido me casar e as pessoas já me perguntavam sobre os preparativos. Quais? O que será preciso? O que vem primeiro? - era só nisso que eu pensava e foi então que decidi entrar de cabeça na história. Busquei na internet tudo que pude sobre casamento.
Acessei portais especializados, levantei alguns contatos e livros (existem ótimas publicações com dicas e curiosidades sobre cada etapa). Com a ajuda de minha irmã e de uma tia, organizei um check list que continha entre tantos itens, escolha de igreja, padre, coral, serviço de foto e filmagem, convites, aluguel de carro, buffet, decoração, bolo e doces. Em uma semana já tinha a igreja e a data marcada, seria na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no dia 31 de maio de 2008.
Após esse passo inicial, fui assistir a uma cerimônia de estranhos, só para me familiarizar com a idéia e, inacreditavelmente, chorei! Pela primeira vez realmente me imaginei como noiva e senti a importância do momento para as duas famílias. Foi aí que a magia começou! Ainda assim, o tempo de espera seria longo, a data parecia muito distante.
Agora, além da igreja eu havia escolhido o vestido e o buffet. Algumas noivas ainda me alertavam para fechar os serviços o quanto antes, assim teria mais tranqüilidade perto da data, mas eu tinha tantas outras coisas para me preocupar, meu trabalho, a faculdade, os novos planos de reforma no apartamento, de pequenas arrumações. Resolvemos quebrar tudo e reformá-lo por completo.
Foto: Arquivo pessoal |
A ansiedade só chegou ao final do segundo semestre, quando percebi que faltava menos de um ano e não tinha cumprido metade do cronograma proposto. Dessa forma, tive que alterar a agenda, tudo de acordo com o pouco tempo livre que restava. E não foi só o tempo, mas o dinheiro também voou diante dos inúmeros imprevistos, que, logicamente, surgiram nos últimos meses.
Aqui, posso citar alguns dos motivos para as olheiras profundas e muitos quilos perdidos (quando fui buscar minha aliança, no dia anterior, ela dançava no meu dedo de tão larga). Houve mudanças nas normas para celebração de casamentos nas igrejas católicas, isto é, metade do repertório musical escolhido caiu; meu cabeleireiro e maquiador saiu do salão onde fechei o Dia da Noiva e do Noivo (uma mulher sabe o que significa confiar em um cabeleireiro para datas especiais, imagine uma noiva) então marquei às pressas teste de cabelo e maquiagem; contratei novos assessores para a organização da festa e um dia antes estava repassando as cópias dos contratos de todos os fornecedores e ainda refazendo o cronograma do evento.
A essa altura só me dedicava ao casamento, optei por parar o trabalho durante o período conturbado, garanti boas notas no primeiro semestre da faculdade e depois contei com a ajuda de minhas amigas e esqueci a reforma do apartamento. Diversas vezes me perguntei se não teria sido mais fácil fazer meu jantarzinho simples, somente para os pais, mas logo em seguida, esquecia essa idéia e recuperava o ânimo.
Na véspera fui dormir às cinco horas da manhã. Acabada, mas radiante por conquistar uma etapa tão importante, o dia mais feliz da minha vida! - notem como minha percepção sobre casamento mudou. O dia 31 de maio veio com tudo! No salão consegui relaxar com todos os mimos (massagens, hidro, chocolates, almoço), mas quando comecei a me arrumar de verdade, só sentia o coração disparar, a mão congelar e o pé tremer descontroladamente. Fiquei pronta às 16h20, para a cerimônia que começaria às 17h.
Não queria de jeito nenhum me atrasar, tanto que cheguei à igreja com dez minutos de antecedência, mas um último contratempo ainda viria - com receio do meu noivo esquecer as alianças, repassei a responsabilidade para minha mãe, que, muito nervosa, simplesmente as deixou no salão. Enfim, depois de um pico de estresse, meus primos foram buscá-las e assim, consegui entrar na igreja.
Eu estava extasiada no momento em que abriram as portas, a marcha nupcial começou e aquele corredor imenso apareceu. Sorridente, apertei o braço do meu pai e segui. Quando percebi já estava casada, um ano de expectativa e "boom", seguia para a festa, o corte do bolo, as homenagens e tantas outras surpresas. Ao sairmos do buffet, às três da manhã, direto para o hotel (afinal tínhamos muito que aproveitar). Os convidados ainda curtiam a pista!
No outro dia, após um café da manhã completo, recarregamos as baterias para a lua-de-mel. Não só Buenos Aires estava a nossa espera, a família em peso apareceu no aeroporto para nossa despedida, foi fantástico e sinto que valeu a pena!
Quem é a colunista: Fernanda Balieiro
O que faz:jornalista
Pecado Gastronômico: comida indiana e torta de limão
Melhor Lugar do Brasil: qualquer cidade nordestina
Para Falar com Fernanda: no email
Atualizado em 6 Set 2011.