Guia da Semana

Foto: Sxc.hu
Não é novidade que as relações de amizade têm seu papel de excelentíssima importância e deixam marcas ao longo de nossas vidas.

Quando criança, minhas amiguinhas e eu dávamos as mãos e íamos pular elástico na escola, fazer pique-nique na hora do recreio, escovar os cabelos das amigas mais cabeludas da sala e, sem dúvida, trocar papéis de carta perfumados nos intervalos das aulas. Pensar em garotos nessa época causava ojeriza. Realmente era desconfortável sentar ao lado deles, pois só pensavam em nos dar apelidos toscos e nos analisar da cabeça aos pés. Queriam saber se o peitinho estava crescendo, se o moletom estava na cintura, porque já sacavam se estávamos ou não de chico. Como eles eram chatos nessa época!

Sem contar que nariz grande, pernas compridas, orelhas de abano ou ter uma pinta em qualquer canto do rosto, eram sinais de que sua infância estava destinada ao inferno!

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Mas como tudo na vida passa e as coisas mudam completamente, nada como o tempo para apaziguar e igualar as circunstâncias. Mulheres, e enfim, homens, se fundem, para interpretações agora, bem menos ingênuas. E mais interessantes.

Mulheres já não querem mais dar as mãozinhas, a não ser que tenham optado pela sua homo ou bissexualidade. As pessoas se atraem umas pelas outras, as chacotas são substituídas pelas cantadas. Mas diria até que prefiro ser chamada de girafona desengonçada do que de "gosssssstooooooosaaaaaaaa" por um babaca qualquer na rua.

É fato que nem toda amizade é marcada por uma relação mais íntima. Não é regra. Mas acontece. Que atire a primeira pedra quem nunca passou por uma saia justa. E quando falo de intimidade, falo de filar o rango na casa da pessoa sem ser convidado, fazer xixi de porta aberta, reclamar do quadro torto na parede sem o menor pudor, dizer que o corte de cabelo não caiu bem, cobrar a falta daquele brownie no jantar da sua amiga (afinal ela faz o melhor que você já comeu) e ainda dormir na casa dela e pegar uma blusa e um sutiã emprestados.

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Essa brincadeira vai além e permite pedir para um amigo seu dormir na sua casa (no sofá-cama mais duro da terra), depois de tê-lo alugado a noite toda num boteco qualquer de esquina até não poder mais, ter dito tudo o que queria dizer e mais um pouco, pedido mil conselhos e contado pela nonagégima vez aquele detalhe inútil de uma história sem sentido. Isso tudo só porque você está num dia ruim e precisa de companhia.

Sem falar das amizades infiltradas no trabalho, onde a convivência é intensa e diária, nos momentos de tensão e nas horas alegres (happy hour) mesmo!

Coisas assim acontecem. Mas quando a companhia é do sexo oposto a coisa pode ficar hilária e perigosa. Não têm desculpas. Com uns drinques a mais, certamente você corre o risco de ficar com seu amigo. O que também não é regra. Mas quando acontece isso, duas coisas estranhas vêm a tona: ou você perde a amizade, não conseguindo encarar o fulano do mesmo jeito e vice-versa, ou então a coisa deslancha, vira amizade mesmo, à prova de choques!

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E se você insistir e continuar beijando o queridão, isso certamente pode acabar em casamento, levando em conta que ambos sabem do podre um do outro e isso pode gerar conflitos mais pra frente. Sem contar na renca de filhos remelentos que vocês podem vir a ter. A escolha é sua!

O melhor das relações interpessoais mais aproximadas são as aventuras. O amigo de cada dia nos dai hoje. E perdoai-nos pelas nossas fraquezas assim como nós perdoamos aqueles que nos tem envolvido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém! Meus Amigos cheios de graça. Aleluia, irmão!

Ah, as amizades.

Foto: Sxc.hu
O interessante é saber lidar com certas situações bizarras no meio do percurso de uma boa amizade, sem crises, nem estressar. Tudo pode acontecer e é ai que mora o grande barato. Se acontecer de se apaixonar, apaixonou e ponto. Não se morre por isso, a não ser que você venha a ter uma veia suicida. Se houver admiração pela outra parte envolvida na história, já ajuda a tranquilizar. Estamos nessa vida para conhecer pessoas, interagir e nos afeiçoar a elas. E a tal da liberdade, na minha opinião, só faz melhorar essa tão deliciosa arte de amar e apoiar os mais chegados.

Mas saiba que, se a coisa estiver feia e você achar que não há mais saídas, nunca é demais começar a rezar um pai nosso e se orientar.

Boa sorte!

Quem é a colunista: Carolina Marçal, AB+, mutável e total do bem.
O que faz: é publicitária, ama viajar, ler, escrever e beber com os amigos.
Pecado gastronômico: chocolaaaaaaaaate!
Melhor lugar do Brasil: qualquer um onde eu possa ver as estrelas.

Fale com ela: [email protected] ou acesse seu blog.



Atualizado em 6 Set 2011.