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O Ministério da consciência adverte "Depender emocionalmente pode causar transtornos gravíssimos e infelicidade". Misture baixa auto-estima, insegurança e desequilíbrio nas emoções. O resultado será um ser humano dotado de dependência emocional aguda.
Caso você seja do tipo que necessita incondicionalmente da presença de alguém em sua vida para ser feliz ou fica desesperada, ao menor sinal de abandono, atente-se, pois pode padecer do mal do século: o excesso de amor desmedido.
Jamais reedite relacionamentos destrutivos. Já dizia o psicanalista alemão, Erich Fromm, em seu livro A arte de amar, ´se um indivíduo é capaz de amar de modo produtivo, ele se ama também, mas se consegue amar apenas os outros, não consegue amar de modo nenhum.´ Quem ama ao extremo o próximo, pouco ou nada dedica a si.
A professora Aline Vieira, 29, confessa ter se tornado dependente emocional do namorado. "Necessito de um telefonema, sorriso, um simples ´oi´ para que eu possa existir ou começar o dia, assim como preciso do ar para respirar. A ausência dele me causa sintomas físicos, como dor no estômago, náusea e enxaqueca. Sinto-me sozinha, vivendo em função de uma pessoa, o que me torna alguém nula".
Apesar de ser um comportamento inato do ser humano, quando há um desequilíbrio e a dependência passa a ser exagerada, fugindo dos padrões da normalidade, acontecem ações de submissão, medo de separação e abandono, bem como falta de confiança e insegurança.
"Todos nós somos carentes de afeto e isto não é errado. Sentir falta de uma pessoa ao nosso lado pode ser até saudável, mas a base de bons relacionamentos está na capacidade de você estar bem consigo mesmo. Só assim poderá se relacionar com o outro sem se tornar dependente emocional", explica o terapeuta Sergio Savian.
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Não é uma tarefa fácil determinar até que ponto a relação pode ser natural ou se partiu para um transtorno. O que deve ser observado é a capacidade da pessoa conseguir ou não exercer seus compromissos de maneira independente e como ela lida com a ausência da pessoa da qual se sente dependente.
Dependentes emocionais em potencial mantêm relações exclusivas e parasitárias. A necessidade do outro é semelhante a da dependência produzida pelas drogas. A psicóloga Rita Granato relata que o dependente deseja dispor continuamente da outra pessoa como se estivesse atado a ela. Os pedidos de renúncia da sua vida particular são constantes e esta possessão ou domínio é uma tremenda necessidade afetiva.
"Meu namorado já tentou terminar diversas vezes comigo, sob a acusação de eu ser extremamente possessiva e carente. Todas as suas tentativas foram frustradas. Diante da possibilidade de término sempre finjo um mal-estar súbito, ensaio crises de choro, invento saídas à francesa. Preciso dele e se terminarmos nem sei do que sou capaz", revela a bióloga Luisa Fontes, 33.
Da mesma forma que os dependentes químicos ou os que sofrem de compulsão alimentar, a dependência emocional pode levar a pessoa a não conseguir se divertir sem a companhia do outro, não se realizar profissionalmente se não houver a aprovação de alguém ou mesmo submeter-se a cirurgias plásticas sem critérios, apenas para se sentir aceita. Isso sempre vem acompanhado de baixa auto-estima.
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Atitudes insanas e exageradas como ligar a toda hora, mandar muitos torpedos, fazer sabatina ao parceiro, interrogando-o para saber onde esteve e controlar todas as suas ações denotam sinais de alerta por parte de quem sente e de quem recebe o sentimento.
A jornalista Amanda Portela, 23, afirma já ter cometido algumas atrocidades com seu coração. A moça chegou a ligar vinte vezes durante um único dia para ouvir ´eu te amo´ do namorado. O romance que durou cerca de três meses culminou em depressão e muitas sessões de terapia.
"Certamente os dependentes emocionais tem um profundo sentimento de rejeição e precisam ser aceitos e reconhecidos a qualquer custo. Provavelmente desde a infância passaram por situações em que as pessoas não agiam como queria, portanto carecem de crescimento emocional, pois se comportam como crianças mimadas", explica Savian.
A psicoterapeuta Célia Resende define o amor saudável como algo construtivo, que permite a liberdade individual sem detrimento do respeito mútuo. Esse tipo de amor proporciona um bom nível de bem-estar, independente dos problemas sempre existentes em qualquer relacionamento. E mais ainda, auxilia o crescimento de ambas as partes.
Indícios de dependência emocional ? Necessidade excessiva de aprovação pelos demais ? Gostam de relações exclusivas e parasitárias ? Seu desejo de ter um parceiro é exageradamente grande ? Geralmente adota posições assimétricas nas relações, como a subordinação que é uma forma de controle do outro ? Não consegue preencher o seu vazio interior com a relação, apenas o atenua ? O fim da relação se torna um verdadeiro trauma, logo procura outro parceiro com o mesmo ímpeto |
A solução consiste em um processo de reeducação dos hábitos emocionais, que deve transformar as emoções, mente e espírito. É através do auto-conhecimento, pelo contato consigo mesmo, que se aprende a tomar conta de si, sem transferir esta responsabilidade a outra pessoa. O tratamento é à base de terapia e, dependendo do grau de dependência, poderá ser realizada juntamente com o auxílio de remédios.
Para quem lida com dependentes, o conselho é não alimentar o jogo perverso, o que é complicado, porque entra em questão a vaidade pessoal ou a culpa que, nestes casos, é exaltada e manipulada pelo dependente. Geralmente a pessoa que se torna vítima de um dependente emocional deve fazer terapia também, para conhecer os pontos que a tornou vítima.
"Como qualquer comportamento humano, devemos sempre respeito ao indivíduo em sua forma de estar no mundo e de se relacionar, consigo mesmo e com os demais", completa a psicóloga Cristina Romualdo.
Atualizado em 6 Set 2011.