Guia da Semana

Foto: Getti Images


O excesso de peso é um problema de grande importância mundial para a saúde pública. De acordo com alguns estudos divulgados pelo IBGE, há cerca de 17 milhões de obesos no Brasil, o que representa quase 10% da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 300 milhões de obesos no mundo e, destes, um terço está nos países em desenvolvimento.

Na contramão desse problema atual, há uma oferta crescente de produtos para emagrecimento, alimentos diet, light e uma infinidade de tratamentos estéticos para tentar brecar essa nova epidemia. E, com eles, vêm alguns questionamentos: será que a nossa visão atual sobre a obesidade realmente está bem fundamentada? Se há uma enorme oferta de produtos para emagrecer, por que há tanta gente com gordurinhas indesejadas?

Estocando gorduras

De maneira resumida, observamos que a obesidade é causada primeiramente pelo consumo excessivo de alimentos sem uma quantidade correspondente de exercícios, ou seja, a ingestão de calorias é maior que o gasto calórico. Resultado: aumento do peso! O alimento em excesso é armazenado da pior maneira possível: em forma de gordura!

Como os orientais enxergam a obesidade?

Na visão oriental, a obesidade possui ligações com desordens metabólicas. Por isso, é importante tratar não somente o peso adicional, mas também o acúmulo de alguns fluidos estagnados (principalmente no baço) e eliminar as toxinas presentes no organismo, pois elas podem ocasionar muitos desequilíbrios que dão origem a diversas patologias.

De acordo com a Terapia Oriental Contemporânea, o baço está envolvido com o transporte e a transformação da energia de alguns alimentos. Se o baço estiver danificado, o metabolismo ficará lento, transformando o excesso de calorias em toxinas e em estoque de gordura. O consumo excessivo de alimentos gordurosos, condimentados, doces industrializados e álcool facilita a liberação de toxinas em todo o organismo. Mas quando são liberadas no estômago, é que começam a danificar o baço.

Com a presença das toxinas no estômago, ele se torna "superaquecido" e com isso a velocidade de esvaziamento gástrico aumenta e consequentemente a digestão do alimento fica acelerada. Com isso, a sensação de fome aumenta, mas, mesmo que o estômago consiga acelerar o processo de digestão, o baço não possui essa capacidade de adaptar-se a um volume maior de distribuição de energia e essa carga excessiva conduz a insuficiência de transporte e transformação.

A estagnação dessa energia vital, conhecida na medicina oriental como Qi, causa também o acúmulo de muco. Para aqueles que possuem perturbações de ordem emocional como ansiedade, traumas e idade avançada, há mais um probleminha, pois o fígado também não conseguirá regular o fluxo dessa energia vital Qi, o que afeta, por sua vez, a digestão e o fluxo do sangue. O Qi lento obstrui os meridianos do corpo (via linfática). Resultado: má digestão + excesso de toxinas no organismo + sobrecarga nos órgãos (baço, fígado, etc.) + acúmulo de muco + má distribuição de energia + má circulação + depósito de gordura = obesidade.

Viver num ritmo alucinante, com muito estresse, respirando ar poluído, com alimentação inadequada e sedentarismo agregado a isso tudo, com certeza afetará o organismo, pois estilos de vida que sobrecarregam o funcionamento do organismo, principalmente do sistema excretor (rins), que deverá eliminar todas as toxinas, poderão produzir o que os orientais chamam de "calor excessivo na essência do rim". Ou seja, a sobrecarga no rim poderá afetar negativamente o funcionamento do estômago e do baço.

Por que engordamos?

Em resumo, as causas fundamentais da obesidade são o desequilíbrio no estômago, baço, fígado e rins, que se manifestam com a retenção de líquidos, o acúmulo de toxinas e a estagnação da circulação no corpo. Na visão oriental, os tipos de obesidade podem ser classificados:

- Excesso de muco/fluido úmido: o consumo excessivo de alimentos de origem animal aumenta a produção de muco, que pode ficar estagnado;

- Estagnação da energia vital (Qi): pacientes que sofrem de irritação, estresse, baixa motivação, alguns até dor de cabeça. Resultado da circulação inadequada do sangue, ele não flui facilmente;

- Deficiência do baço e do rim: são aqueles que se sentem cansados, esgotados, com libido baixa. Esse problema também pode ter causa genética. O baço fica incapaz de processar de maneira eficaz a absorção e a distribuição da energia dos nutrientes;

- Estagnação do fígado: "cansado" por emoções negativas, depressão, que conduz a discordância com o baço, causando assim a retenção de fluido. Quando o fígado é comprimido ou está inflamado, a vesícula biliar também é comprimida e seu conteúdo pode ser "esgotado". Isso o torna desequilibrado, portanto, o Qi não poderá fluir livremente.

Quem é o colunista: Kali Nardino, farmacêutico e consultor de empresas.

O que faz: consultoria nas áreas de marketing, vendas e saúde; estuda filosofia e terapias orientais; escreve artigos sobre saúde; dedica-se a música e leitura nas horas de folga.

Pecado Gastronômico: comida oriental.

Melhor lugar do Mundo: Santa Catarina.

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 1 Dez 2011.