Guia da Semana

Fotos: Getty Images


Segundo o último censo brasileiro, realizado no ano de 2000, um quarto dos lares brasileiros tinham suas despesas custeadas pelo trabalho feminino. No mesmo período, 61% das mulheres, entre 25 e 49 anos, estavam inseridas no mercado de trabalho, um aumento de 16% em relação ao levantamento anterior, realizado em 1991.

Se na década de 70, a mulher que trabalhava fora - jovem, solteira e sem filhos - ocupava cargos de menor importância, como vendedora, costureira ou garçonete, o cenário veio se alterando ao longo das décadas seguintes.

Após ocuparem nichos como o da educação e saúde, as mulheres aproveitaram a facilitação do acesso às faculdades para inserirem-se também em áreas antes consideradas redutos masculinos, como o direito, administração, jornalismo e arquitetura.

Agora, com a mão de obra feminina consolidada e competindo de igual para igual com homens, elas não se dão por satisfeitas e querem mais. Elas querem ser as chefes!

Carreira, desenvolvimento e consolidação

Segundo Regina Camargo, diretora da Across , as mulheres têm conquistado postos no mercado de trabalho devido a qualidades como comunicação e sensibilidade. "A extroversão das mulheres tem a ver com a preferência por buscar energia no mundo exterior o que faz com que priorizem a interação e a ação. Já o sentimento delas destaca-se na hora de tomar decisões levando em consideração valores e necessidades humanas"

Já para a headhunter Patrícia Epperlein, da Mariaca, apenas um bom currículo não garante a colocação a frente de uma grande empresa. "Ter um bom currículo, com bons conhecimentos é primordial e abre portas, porém, não é ele que te leva ao cargo de liderança e sim habilidades como boa comunicação e ser uma boa gestora", explica Patrícia.

Para chegar aos cargos mais elevados da hierarquia empresarial é importante que as mulheres cumpram todas as etapas do desenvolvimento profissional.

Segundo as consultoras, a primeira delas - que engloba o período após formada até os 30 anos - é uma fase de consolidação, enriquecimento técnico e estabelecimento de metas. "É importante que a profissional se pergunte ´Como estarei daqui dez anos?´ e estabeleça suas metas", ressalta Patrícia.

Esta também é fase ideal para a realização de cursos, especializações e pós-graduações, pois a mulher ainda tem uma energia maior e não possui compromissos com família e filhos.

Após realizado o consolidação técnica, a fase dos 30 ao 40 é o período para o desenvolvimento de habilidades organizacionais e liderança. "Nessa fase, o importante é ampliar conhecimentos para além da expertise técnica: entender do negócio, vender idéias, fazer os trabalhos através dos outros, pilares essenciais da construção da liderança", define Regina.

Reciclar-se nesta fase é outro ponto que deve estar em constante verificação para não se estagnar no processo de evolução. "Características de sucesso marcantes do passado podem ser grandes obstáculos no desenvolvimento futuro", ratifica a consultora.

Futuro e família

Foto: Arthur Santa Cruz
A advogada Silvana Visintin à frente da equipe do seu escritório

Tema polêmico, a relação trabalho versus família sempre foi fruto de conflitos dentro do casamento, retração e até abandono de carreiras. Apesar de todas as mudanças ocorridas com a inserção da mulher no mercado de trabalho, as atividades domésticas e educação dos filhos não deixaram de ser responsabilidades femininas.

Segundo dados da Pesquisa de Padrão de Vida, do IBGE, em 1997, 79% das mulheres se dedicavam a afazeres domésticos e gastavam neles cerca de 36 horas semanais. Em contrapartida, apenas 28,6% dos homens realizam atividades semelhantes, com média de 14 horas semanais desprendidas.

Advogada e juíza do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo, Silvana Visintin optou por consolidar uma carreira ao invés de constituir família. "Acredito que quando estabelecemos metas, elas precisam de dedicação plena para se concretizarem".

Aos 38 anos e após um casamento desfeito ainda jovem, Silvana se mostra satisfeita com a escolha e os frutos do seu trabalho. "Estou feliz, obtive êxito e sucesso. Além do mais, agora tenho estrutura caso deseje constituir uma família e ter filhos", considera a advogada.

Neste caso, equilíbrio é a palavra chave para o encontro da satisfação familiar e profissional. "A mulher não precisa abrir mão da família e nem da carreira para conseguir conciliá-los. Ela precisa de uma boa infra-estrutura em casa, que a deixe segura quando estiver ausente, e ao mesmo tempo, precisa negociar com a empresa os momentos de estar com sua família", define Patrícia.

De qualquer forma, melhor assim. Como se sabe, duas coisas que mulheres odeiam são bolso e coração vazios.

Sete passos para o estabelecimento de uma carreira promissora
1 - Estabeleça metas e trace planos para concretizá-las.

2 - Aperfeiçoe-se com cursos, especializações, pós-graduações e MBAs o mais cedo possível.

3 - Análise a carreira de superiores de sucesso e veja como eles chegaram até lá.

4 - Desenvolva habilidades de coordenação e liderança de equipes.

5 - Recicle-se sempre somando novas qualidades e desfazendo de atributos que caíram no desuso.

6 - Desenvolva novas dinâmicas, idéias de produtos e serviços para a empresa.

7 - Crie uma estrutura familiar que lhe possibilite apoio e liberdade a sua carreira.



Atualizado em 10 Abr 2012.