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Você compra aquele sapato que tanto queria, alto e de bico fino. De repente se vê forçada a ficar descalça no meio da festa, tamanha é a dor. Você foi obrigada a descer do salto por causa daquele calo no dedão, mais conhecido como joanete.
O ortopedista Marcelo Acherboim explica que o desvio acontece geralmente no dedão do pé (hálux), fazendo com que a borda fique mais saliente. A saliência em atrito com o sapato acaba formando uma calosidade.
As causas do problema, conhecido como Hálux Valgo entre os médicos, variam. De acordo com o especialista em cirurgia do pé Caio Nery, a primeira pode estar associada à origem familiar, decorrendo de influências genéticas. Nesse tipo de joanete, o surgimento é precoce, podendo acontecer até em crianças.
A segunda opção de causa é a adquirida através do sapato, geralmente com ponteiras estreitas e saltos elevados. Nesse caso, o público-alvo é a população adulta, predominando o sexo feminino.
Não são apenas dor e desconforto no sapato que o joanete pode causar. Os dedos vizinhos passam a ser sobrecarregados, surgindo calosidades e deformidades. Na planta dos pés surgem também calos dolorosos e o andar do paciente fica alterado, fazendo surgir dores nos joelhos, quadris e coluna. A partir dessas mudanças, decorrem encurtamentos musculares e deterioração das articulações de forma lenta e progressiva.
O ortopedista Fábio Ravaglia explica que existem várias formas de amenizar o problema, mas a única maneira de curar é através da cirurgia. De acordo com o médico, métodos antigos traziam 20% de chances de o joanete voltar a acontecer após a operação. As novas técnicas possuem apenas 3% de risco.
Tratamento
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Para amenizar joanetes e as dores que o problema causa, palmilhas, espaçadores entre os dedos e fisioterapia podem auxiliar. Os cremes anti-inflamatórios e hidratantes também podem ser utilizados quando há irritação ou inflamação.
Os protetores de joanetes são almofadas ou espumas que reduzem o atrito do calçado com a saliência do dedo. Já os afastadores ou espaçadores procuram posicionar o dedo de forma mais adequada para reduzir os desvios e deformidades. Mesmo assim, esses recursos trazem apenas alívio, mas não eliminam o problema.
As técnicas cirúrgicas são inúmeras e o médico deve escolher a melhor de acordo com o paciente. "Dependendo de fatores como idade, intensidade das deformidades, presença ou não de deformidades associadas, profissão e nível de atividade física, pode ser necessário maior ou menor prazo de incapacitação e recuperação", afirma Nery.
A operação pode utilizar diferentes modalidades anestésicas, como bloqueios locais ou loco-regionais. Acherboim explica que, após o tratamento cirúrgico, a pessoa deve ficar de duas a quatro semanas sem pisar com o dedo no chão. Para isso, o paciente é imobilizado com um calçado especial que deixa os dedos suspensos no ar ou gesso. Quando livre da imobilização, é realizada um tipo de fisioterapia para voltar aos poucos a andar normalmente.
Apesar da variedade nos tipos de cirurgia, algumas contra-indicações gerais são para diabéticos com prejuízo na micro-circulação, pessoas com problemas vasculares, infecções, cicatrização ruim, problemas circulatórios ou neurológicos.
Dica |
Os melhores calçados para quem tem ou não a deformidade dos joanetes são os de saltos baixos (até 3,5cm) e com ponteiras largas (arredondadas ou em "bico-de-pato"). Os piores calçados são os de saltos altos com ponteiras triangulares e estreitas. |
Colaboraram:
? Marcelo Acherboim
? Fábio Ravaglia
? Caio Nery - Escola Paulista de Medicina
Atualizado em 6 Set 2011.