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Você comprou um vestido lindo para estrear no fim de semana e aquela sua amiga do trabalho adorou o modelito. Para a sua surpresa, no dia do evento, um pouco antes de sair de casa, você esbarra no portão e rasga a peça exclusiva que iria arrasar na noitada. Azar? Que nada, você foi vítima de mau-olhado!
Urucubaca, ziquizira, olho gordo, ou simplesmente inveja. Este sentimento assola a vida de qualquer mortal. Inveja do corte do cabelo, do namorado rico e bonitão, da promoção no emprego ou do carro novo. Seja qual for o motivo, toda mulher já foi cobiçada e sabe que a danada é capaz de acabar com o humor do dia.
Presente desde os primórdios da humanidade, como na história de Caim e Abel, a inveja é um dos mais perigosos dos sete pecados capitais. "É o pior sentimento do comportamento humano. Ela é vil e causa uma série de más conseqüências não só para quem sente, mas também para quem é vítima da cobiça", diz o especialista em relacionamentos Alexandre Bez.
Origem do mal
A faixa etária de um invejoso em potencial está entre os 16 e os 35 anos, já que é durante essa fase que a pessoa molda a sua personalidade, deixando de lado a inocência infantil. O sentimento é desenvolvido até os sete anos de idade, moldando a personalidade da pessoa e se solidifica no caráter até o fim da vida. Fatores como o temperamento, convívio social e até genética podem interferir na manifestação da cobiça. "Se o pai ou a mãe tem um temperamento invejoso, a criança pode nascer com uma tendência a desejar o que é do outro", avisa o psicólogo.
Tipos de veneno
A cobiça pode ser consciente, quando a pessoa sabe que é invejosa e pratica atos premeditados, arquitetando planos com o objetivo de prejudicar o outro. A inconsciente ocorre quando as atitudes tomadas não são planejadas, sendo o objeto de desejo o alvo de uma admiração exagerada, fazendo que alguém queira para si o que é de mérito alheio.
Segundo a psicóloga Maura de Albanesi, a inveja pode ter seu lado bom, desencadeando um processo de superação. "Ela tem início em um sentimento de admiração, que pode ser um estímulo para que a pessoa trabalhe suas potencialidades, a fim de conquistar o sucesso adquirido pelo outro."
Entretanto, para Alexandre Bez, não existe inveja positiva. "A admiração e a imitação são diferentes da inveja. Quando o invejoso admira alguém ele sente raiva de não possuir aquilo. Ele é uma pessoa fria, um vampiro emocional que suga as suas energias e deixa um clima pesado no ar".
Quando a máscara cai
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Segundo Bez, é impossível separar a inveja da falsidade. Por isso é preciso prestar atenção no comportamento dos colegas que integram o seu círculo social. "O falso amigo pode estar em qualquer lugar e se aproximar de determinada pessoa por ela possuir algo que lhe desperte desejo, como um objeto de valor, um imóvel, um bom emprego ou até mesmo a pessoa com quem você se relaciona".
Para não ser enganada por um invejoso, vale a pena ficar de olho nas atitudes e nos rastros deixados por ele. Geralmente, pessoas invejosas não fixam contato visual muito tempo e desviam o olhar para baixo, ou para os lados. Outra técnica é reparar se o amigo se aproximou depois que você comprou algo, como um carro, por exemplo. Também é interessante observar uma pessoa quando você compartilha momentos de vitória com ela. Discreto, o invejoso acompanha o elogio com um sorriso de quem não gostou, ou com um comentário que duvida da sua capacidade nesse novo patamar
Homens e mulheres
Existem algumas diferenças básicas de invejas para cada sexo. O homem geralmente tem inveja do carro, do status e da posição social alheia, cobiçando um automóvel, uma mulher ou um cargo na empresa. Já a mulher está mais ligada à aparência pessoal, invejando o vestido, o corte de cabelo, o corpo ou o namorado da outra. "Mulheres invejosas armam planos para roubar o marido da colega, incentivam a traição e fazem de tudo para acabar com o relacionamento", explica o especialista.
Segundo a psicoterapeuta Cecília Zylberstajn, os homens admitem e falam mais abertamente com os amigos daquilo que admiram no outro. Na relação entre mulheres este sentimento é mais velado.
Proteja-se
Como o falso amigo é um inimigo secreto, é sempre importante prestar atenção a alguns comportamentos. Confira as dicas do Alexandre Bez e aprenda a desmascarar o invejoso antes de ser vítima de seu veneno.
O invejoso ? É preguiçoso e vai querer lhe afastar das atividades relacionadas ao trabalho, estudo ou aprimoramento profissional. ? Tem um comportamento obsessivo-compulsivo e deseja controlar a sua vida, querendo saber onde e com quem você pratica suas atividades, além de procurar acompanhá-lo sempre que possível. Não confunda estes sinais com a prestimosidade sincera de um amigo. ? É agressivo e desconta suas frustrações nas pessoas. ? É fofoqueiro e mentiroso. Já que não se sente capaz de conseguir o sucesso alcançado pelo outro, ele tenta difamar a imagem da vítima de sua inveja. ? É desconfiado. Ele tem uma desestrutura de ego é tão grande que sempre vai achar que o que você conta é mentira ou que está querendo levar vantagem às custas dele. ? Tem complexo de inferioridade e auto-estima baixa. Precisa de elogios constantes para se sentir tão capaz quanto os outros. |
Sai zica!
Todas as artimanhas são válidas para se defender da urucubaca alheia. Além de deixar um pote com sal grosso em cima da mesa do escritório, quanto menos você mostrar a sua felicidade, menos ziquizira vai atrair para a sua vida pessoal. Pare de anunciar aos quatro ventos que comprou um carro novo, que o seu namorado é o máximo, ou que está planejando aquela viagem para a Europa. Quanto menos os falsos amigos souberem da sua vida, melhor para você.
"Você pode choramingar alguma infelicidade sua para enternecer as pessoas, assim, o invejoso não se sente tão diminuído perante o seu sucesso", aconselha a psicóloga Maura de Albanesi. Mas o mais importante mesmo é não dar importância para a inveja, o que acaba espantando o mau-olhado, naturalmente. "Se eu lidar com a minha inveja de uma forma produtiva, me torno imune à cobiça do outro. Quem sente muito medo de ser cobiçada, geralmente também é uma pessoa invejosa", conclui Maura.
Colaboraram:
? Maura de Albanesi
? Cecília Zylberstajn
? Alexandre Bez
Fone: (11) 8588-8007
Atualizado em 10 Abr 2012.