Foto: Daniel Veiga
Projeto Marília de Campos Veiga
Jogo de tonalidades, texturas fortes e contornos ressaltados adicionam o quê de poesia e fascínio das fotografias em preto e branco. Há aqueles que digam que sem as cores é possível perceber melhor as expressões e se deixar envolver pela atmosfera que te leva para além da realidade.
A fotografia nasceu em preto e branco (ou em preto sobre o branco), mas o seu reconhecimento como obra de arte aconteceu bem depois. "As fotos surgem nas casas como uma referência memorialista, para substituir as pinturas que eram feitas das famílias", lembra o fotógrafo Juan Esteves.
Com o tempo, os fotógrafos passaram a ser reconhecidos pelos trabalhos em fine art (arte de galerias) e arquitetos e designers descobriram que elas poderiam ser apreciadas também em casa, assim como os quadros de pintura. "Dentro desse ramo, as fotografias em P&B são bastante procuradas", comenta Marcos Sancovski, dono da loja Arterix, que mistura design e galeria de arte.
Hoje o P&B é utilizado como recurso artístico e desperta o saudosismo de meados do século XIX. Por isso tem sido cada vez mais escolhida para conferir um estilo retrô ou dar toque sutil de antiguidade ao espaço. "Tem surgido pessoas com trabalhos incríveis e diferentes, que permitem que você saia de temas batidos muitas vezes explorados por quem trabalha com decoração", complementa Sanconvski.
Nostálgica, subjetiva e instigante
Foto: Simão Salomão
A beleza da arte dos contrastes atinge de formas diferentes seus apreciadores, como uma boa obra artística. O fotógrafo Juan Esteves acredita que isso acontece porque elas são muito mais subjetivas. "A foto colorida é mais fácil de ser entendida, mais comum às pessoas. Já as feitas em preto e branco, lidam com a interpretação do fotógrafo", comenta.
O que para Juan Esteves impõe dramatismo para Marcos Sanconvski torna-a instigante. "Uma paisagem em preto e branco te instiga para tentar descobrir quais são as cores reais daquele lugar, faz a sua imaginação trabalhar um pouco mais. Muitas vezes você não consegue nem localizá-la no tempo", afirma.
Já o fotógrafo Simão Salomão se encanta pela atmosfera nostálgica que pode ser criada. O recurso pode ser usado também para harmonizar a paisagem. "Se você vai fazer uma imagem desorganizada, com muita cor, quando traz para o P&B, ela suaviza e deixa toda a imagem mais clean", explica.
Técnica no olhar em contraste
Foto: Juan Esteves
A sensação transmitida pela riqueza das suas tonalidades pode não ser a mesma, mas uma coisa é unânime entre os profissionais da área: é muito mais difícil tirar uma fotografia em P&B. Requer mais técnica, análise e domínios dos tons.
"Para tirar uma foto em preto e branco é preciso pensar em preto e branco", explica Juan Esteves. Não se trabalha com cores, mas com gradações. Por isso, é necessário, antes de tudo, entender se o local que será fotografado possui o contraste esperado. Depois, analisar e transformar tudo o que você vê em escalas de cinza. "Quando eu vejo um azul intenso no céu, já estou pensando em um cinza bem escuro", afirma Esteves. Já o amarelo mais claro, se tornar quase um branco.
O fotógrafo Simão Salomão explica que outra dificuldade é perceber as variações das cores conforme a luz. Alguns tons escuros, por exemplo, dependendo de como a foto for feita, pode sobressair ou não. Brincar com as manchas de luz e as sombras é a chave para os magníficos efeitos estéticos dessa arte. "O azul do céu dá um cinza bem interessante e, se trabalhado com uma nuvem branca com sombra, provoca uma nuance muito bacana", dá a dica.
Fotos em P&B como objeto de decoração
Foto: Daniel Veiga
Projeto de Marília de Campos Veiga
Depois de escolher a foto que te surpreendeu e aguçou os seus sentidos, é hora de integrá-la à decoração da sua casa. "A fotografia em tela entra como um trabalho de arte como a pintura, ou seja, é um detalhe a mais e a decoração não precisa seguir a mesma cor", explica a designer de interiores Marília Brunetti de campos Veiga.
Segundo Marília, elas podem ser usadas em qualquer ambiente da casa. Tanto nos tradicionais living, quarto e corredor, como no lavabo ou próximo às escadas. "Você pode também montar algo temático em uma ala determinada da casa. Para um visual masculino, por exemplo, fica legal uma parede pintada em preto com fotos em P&B", dá a dica.
No geral, a arte que sai do olhar em escalas de cinza pode ser usada livremente na decoração e não pede uma regra determinada. "O importante é balancear e dosar, porque na hora que você exagera, vulgariza a arte", ressalta a designer de interiores.
Foto: Marcos Sancovski
Pintura a óleo, gravuras coloridas e foto p&b dividem a mesma parede
Sancoviski é um dos apreciadores da liberdade de decorar com fotos que primam pelo contraste acentuado. Na parede do seu quarto, montou um mosaico que integra fotos com técnica, pinturas a óleo e gravuras de diversos tamanhos. Nos outros espaços da casa, compôs uma decoração que misturam fotos antigas e atuais, P&B e coloridas, em um estilo descolado e ao mesmo tempo contemporâneo.
Criativo e ousado: fotografias nos móveis
Uma proposta diferente do setor de décor com as fotos em P&B são as reproduções das imagens em itens e móveis da casa. Os trabalhos de artistas e fotógrafos podem ser aplicados em diferentes suportes, como tela canvas e algodão, vinil ou ainda em objetos de decoração. Adesivadas na parede, em tampos de vidro de mesas, em divisórias de escritórios ou ainda em revestimentos de poltronas e puffs, a ideia é inovar.
Rosana Conti responsável pela Artphoto, loja especializada nesse tipo de trabalho, explica que é possível ainda brincar com as fotografias em preto e branco antes de reproduzí-las. "Hoje lidamos com a interação entre a foto e interferências digitais, que somam a alma do artista, o olhar do fotógrafo e as diversas tecnologias disponíveis", explica.
Foto: Divulgação / Artphoto
Foto de Simão Salomão é adesivada em parede de escritório
Nessa rica combinação de diversas formas de artes que unem o criar, o olhar e o decorar, se emocionar e sentir saem do papel secundário esperado e entra como protagonista de toda a fascinante manifestação artística.
Serviço:
Arterix
Artphoto
Marília Brunetti de Campos Veiga
Juan Esteves: [email protected]
Simão Salomão: [email protected]
Atualizado em 10 Abr 2012.
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