Guia da Semana

Monte Everest
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Você já pensou em se aventurar pelos ares gelados de uma caminhada que passa da casa dos mil metros de altitude acima do nível do mar? Mas não pense que é para qualquer um. O aventureiro César Augusto de Oliveira, e também gerente comercial, que acaba de voltar de uma experiência ao campo-base do Monte Everest, onde começa a rota dos profissionais, conta os detalhes da sua última viagem e dá dicas de treinamento para quem deseja superar seus próprios limites.

César no deserto do Atacama
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Amante do frio e de desafios, César já esteve em outras montanhas na Patagônia, Perito Moreno, Torres Del Paine e Chile no deserto do Atacama o Cerro Toco. Nesta nova aventura, encarou dificuldades maiores, como horas de caminhada a baixas temperaturas - de 8°C a -18°C, baixa umidade do ar e ar rarefeito.




A viagem

O aventureiro viajou no dia 7 de março e retornou ao Brasil no dia 30. "Foi espetacular, muito empolgante e interessante.", esbraveja. Em detalhes, conta que voou de São Paulo a Paris, de Paris a Délhi, na Índia, e de Délhi para Katmandu, no Nepal. Viajou com uma excursão com mais cinco brasileiros, mas os conheceu apenas em Katmandu, onde ficaram algum tempo, e aproveitou para comprar os equipamentos restantes, como um casaco de penas de ganso com proteção para -20° C. De lá, viajaram para Lukla, a 2.800 metros de altitude, onde começaram de fato o trekking.

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Durante dez dias em ascensão, o grupo juntou-se a um guia brasileiro e a um sherpa - guia local que fala nepalês e às vezes inglês. César explica que, por conta do verão, a temperatura não estava tão baixa assim, mas à medida que iam subindo, ela diminuía, aumentando a dificuldade da respiração. Apesar dos pesares, conta que a paisagem era espetacular.

Entre uma caminha e outra, os aventureiros dormiam em espécies de pousadas que, quanto mais iam subindo, mais rústicas se tornavam. Não acampavam em barracas, como a maioria pensa. César frisa: "Dormíamos em camas, dentro do saco de dormir." Ainda relata que a alimentação era muito farta, basicamente composta por carboidratos: macarrão ao molho vermelho, batata e alguns legumes. Mesmo assim, com todo o exercício - foram 150 km ida e volta, o gerente comercial perdeu quatro quilos durante toda viagem.

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No décimo dia de aventura, chegou ao vilarejo do campo-base e subiu a montanha de 5.600 metros de altitude. Foram três horas para subir e mais três para descer. Viu o pôr-do-sol lá de cima, de frente para o Everest - o maior pico do mundo com mais de 8 mil metros de altitude. Por volta das 17h, -5° C, nevou. "Era tudo o que eu queria!", conta o amante do frio. Às 19h, desceram a montanha no escuro, com lanternas na cabeça. Mas para César, não havia ´tempo ruim´, "É esse o estilo, assim que é gostoso!". Ele avalia o desafio como o mais agressivo se comparado aos outros montes que visitou, levando em consideração o clima, a preparação física e infraestrutura das acomodações. Tudo pela adrenalina.

Mas o maior desafio nesse tipo de aventura é contra você mesmo. César explica que o ar rarefeito proporciona algumas dificuldades ao organismo, tal qual falta de ar, dor de cabeça, insônia e pesadelo. Para tudo havia medicação, mas com efeitos colaterais, como o aumento do nível de uréia no corpo, o que implica em mais idas ao banheiro, ou ´casinha´, como eram conhecidos nas pousadas. O guia da agência tem remédio para tudo.


Treinamento

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Nos meses que precederam a viagem, César treinava quatro vezes por dia, fazendo musculação pelas manhãs e exercícios aeróbicos durante a noite, com 1h30 de duração cada. O treinamento, baseado em força e resistência, foi desenvolvido pela personal trainer Amanda Alegre, especializada na área de esportes desse tipo, e os resultados obtidos eram monitorados. Os treinos começaram em dezembro do ano passado, com uma periodicidade de três vezes por semana, e foram intensificados em janeiro. "Como ele já era praticante de musculação há mais de um ano e participante de corridas de rua, com percurso de 10 quilômetro, já possui uma boa capacidade respiratória e base muscular.", explica Maurício Antunes, coordenador da academia onde treinava, a Triathon.

Além disso, o gerente comercial conta que é importante ter o apoio de uma academia com equipamentos de ponta, como uma esteira com inclinação e leitura com frequencímetro e determinados aparelhos de musculação. Em março, César treinou com a mochila que utilizou na viagem, colocando peso, pouco a pouco, até chegar aos 10 quilos que carregou. "O treino específico, com inclinação e caminhada na esteira fez com que César se aproximasse o máximo da realidade que irá enfrentar na montanha", relata Maurício.


Dicas

Com os pinguins, na Patagônia
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Para quem gostou da aventura, César já avisa de antemão que não é para qualquer um, "Não é uma viagem para a qual você convida amigos. A decisão deve partir de cada um." Ainda indica para os principiantes que procurem agências de viagem especializadas em aventura. Devem priorizar os pacotes simples e leves com belas paisagens, como a Patagônia, ou até mesmo a Chapada Dimantina ou dos Veadeiros, aqui no país, onde não há o fator frio. Indica duas com as quais já viajou para quem deseja começar um novo estilo de viagens, a Latitudes e a PisaTrekking. No caso dessa viagem específica ao Nepal, a agência disponibiliza todo o seguro médico necessário, que conta até com um helicóptero para emergências.

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Indagado sobre o futuro, César prefere curtir o presente e o retorno da sua viagem, mas não esconde um certo interesse pelo Monte Kilimanjaro, no norte da Tanzânia, na África, e pela Antártida, o continente gelado, que oferece como o maior desafio uma das paixões de César: o frio!


Serviço

Latitudes
Local: Rua Clodomiro Amazonas, n° 1158 - Vila Olímpia, São Paulo - SP
Fone: 11 3045-7740

Pisa Trekking
Local: Al. dos Tupiniquins, 202 - Moema, São Paulo - SP
Fone: 11 5052-4085

Triathon Academia
Local: Rua Lopes Neto, 163 - Itaim - São Paulo - SP
Fone: 11 3073-2694

Atualizado em 6 Set 2011.