Além de estilosa,a rolha em cogumelo e o arame são fundamentais para a fermentação da bebida
Quando os monges da região da Champagne ouviram o estouro das garrafas nas adegas não sabiam que a bebida seria sinônimo de vitória e luxo nos dias atuais. A influência é tão grande que os produtores conseguiram restringir o uso do nome Champanhe apenas para os vinhos lá produzidos. No entanto, cavas espanholas, proseccos e lambruscos italianos, sekts alemães e as variedades brasileiras são tão espumantes quanto, ampliando a diversidade de sabores e tipos.
Importantes nomes da história são os responsáveis pela presença das borbulhas em nossas taças. Don Pérignon foi o monge responsável por definir o método de prensagem e a mistura ideal das uvas. Já um dos funcionários da viúva Clicquot desenvolveu o processo para se alcançar um líquido transparente e elaborado. Hoje, são marcas de respeito, com garrafas variando de R$ 300,00 a mais de R$ 2.000,00.
Colar de pérolas
A grande distinção deste vinho é sua gaseificação, alcançada na sua segunda fermentação. Em recipientes fechados, enquanto o açúcar vira álcool, o gás carbônico resultante mistura-se à bebida. No método tradicional ou champenoise, isso acontece dentro das garrafas. Já na escala industrial, conhecido como método Charmat, o processo se dá em grandes barris de aço pressurizados.
Quanto mais finas e constantes as bolhas, melhor a perlage, argumenta Rodrigo Mainardi, enólogo e consultor da importadora Mistral. "O gás funciona como elemento de frescor, ajuda a limpar o palato, deixando a bebida mais fresca". As garrafas produzidas sob o método tradicional tendem a apresentar produtos superiores nesse quesito. Também pudera. Elas são giradas manualmente para a decantação das leveduras. No entanto, o método Charmat apresenta espumantes de igual qualidade. Na finalização, a bebida costuma levar um licor feito de uvas para alcançar o sabor desejado por cada vinícola e edição.
Bolhas mais finas e constantes indicam espumantes de melhor qualidade
As tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e a branca Chardonnay são as uvas mais utilizadas para a produção do espumante, e as únicas utilizadas para o champanhe. Sim, a transparente bebida é feita mesmo de uvas tintas. Quando feito com essas uvas, chama-se Blanc de Noir. Já se for utilizado apenas Chardonnay, o rótulo traz a inscrição Blanc de Blanc. O espumante rosé é o único vinho feito a partir da mistura dos dois tipos.
O espumante fica minimamente cinco anos para amadurecimento. Os superiores ou especiais precisam de oito anos. Para ter os melhores, busque as edições safradas ou millésime, estocadas por no mínimo 12 anos e as únicas com o ano da vindima (colheita) no rótulo.
Da piscina à sobremesa
A acidez característica da bebida a faz uma boa companhia a qualquer hora e refeição. Outro fator é o açúcar, que funciona como uma escala na hora da harmonização. "Como regra geral, a quantidade do açúcar residual deve entrar em contraste com o sal, ou seja, os mais frutados e adocicados acompanham melhor pratos mais salgados", explica Mainardi. Já os mais secos são indicados com frutas e sobremesas.
A acidez da bebida possibilita inúmeras harmonizações, de aperitivos a sobremesas
Os espumantes vão do extra brut, de 0 a 6 gramas de açúcar por litro, passando pelo brut, extra dry, sec ou dry, demi-sec até o doux, acima de 50 gramas. No Brasil, o principal consumo é dos estilos brut e extra-dry. Já na Europa, o extra-brut, com custo maior de produção, tem feito bastante sucesso.
O enólogo destaca também a harmonização feita pelo tipo de espumante e método de fermentação. O champanhe é mais encorpado e traz notas de pão e brioche no retrogosto, indicado principalmente para aves como peru. Já a cava é feita com uvas nativas da Espanha, como a xarel -lo, parellada e macabeo. Costuma ser mais suave que o champanhe e mais encorpada que o Processo, indo bem com peixes untuosos. A típica espumante italiana é feita com a uva Prosecco, a bebida, traz notas frutadas e é a mais leve das variantes estrangeiras, ideal para pratos como peixes pouco gordurosos.
O espumante brazuca não fica atrás em qualidade e utiliza as uvas tradicionais. É menos encorpado se comparado à original francesa e também indicado para o serviço de peixes a aves. Se não temos espumantes doces nas vinícolas brasileiras, espumantes feitos com a uva Moscatel suprem a demanda e são ideais para sobremesas e o natalino panetone.
Atualizado em 6 Set 2011.