Por Carolina Tavares

Para retirada do câncer, muitas vezes é necessário remover completa (mastectomia) ou parcialmente (quadranctomia) a mama da paciente. Mesmo assim, é possível reconstruir os seios com tecidos próprios do organismo (retirados de partes como abdômen e costas) ou implantes. Também é possível unir as duas formas em uma única cirurgia.

A dona de casa Maria Arosti da Silva, 60 anos, descobriu que tinha câncer de mama quando começou a sentir pontadas no seio. A princípio, ela pensou que fosse algo relacionado à menstruação, já que, com 52 anos, ainda realizava o ciclo. Em uma mamografia, descobriu que 51% da mama esquerda estava tomada pelo tumor maligno e, dois meses depois, retirou o seio.

Hoje, ela utiliza uma prótese, porém não fez o implante. Maria lembra que, na época, muito pouco se falava sobre a doença e muito menos sobre a cirurgia de reconstrução.

Apesar disso, hoje há muito mais informação sobre o assunto. Segundo o especialista em cirurgia plástica Jaime Anger, o tempo determinado para que se faça o implante depende do tratamento adotado pela paciente. Ele pode ser realizado junto com a cirurgia de retirada ou muito tempo depois. No caso de uma radioterapia, a mulher deve esperar pelo menos um ano. Mesmo assim, a cirurgia não é indicada para quem faz esse tipo de tratamento, já que a prótese aumenta a reação inflamatória nessas pacientes.

A mulher que reconstrói o seio perde a sensibilidade do mesmo, mas, dependendo do caso, há possibilidades de voltar aos poucos ao normal. De qualquer forma, ela não consegue mais amamentar o filho.

A colocação do implante demora de uma a duas horas, e deve ser feita embaixo do músculo. O material utilizado é silicone gel ou semi-sólido. A recuperação da cirurgia de prótese é rápida, acontecendo entre cinco e dez dias e exigindo somente o repouso da paciente. O valor varia de caso para caso e da quantidade de preenchimento que deve ser colocada em cada pessoa.

A aréola e o mamilo também podem ser refeitos. O mamilo geralmente utiliza partes do próprio mamilo da outra mama, cartilagem da orelha ou pele do seio reconstituído. Tudo depende das condições da paciente. Já a aréola é reconstituída com a pele da região interna das coxas ou por tatuagem.

Causas e sintomas

Cerca de uma em oito mulheres desenvolvem o câncer de mama. Em homens, somente 1% dos tumores malignos são na mama. No entanto, fatores tornam algumas mulheres mais propícias à doença do que outras. Hereditariedade, não ser mãe, fumante, histórico de exposição à radiação, uso excessivo de álcool, ferimentos no seio e obesidade são alguns deles.

Algumas possibilidades de causas continuam a ser estudadas, porém ainda não foram comprovadas, como o uso de pílulas em um longo período de tempo e a reposição hormonal após a menopausa.

Mudanças de cor, enrugamentos ou elevação da pele no seio, mudança no tamanho ou formato, secreção no bico e nódulos nas axilas podem ser sintomas da doença. É importante fazer exames ginecológicos anuais para detectar possíveis nódulos, além realizar com freqüência o auto-exame e a mamografia.

A partir dos 35 anos, os cuidados devem ser ainda maiores. Nem todo nódulo é um câncer, às vezes são apenas pedaços de tecido que aumentam de tamanho em certo período, principalmente durante a menstruação. Mesmo assim, nódulos suspeitos devem ser analisados através da biópsia para que a paciente não corra riscos de contrair a doença.

Aprenda a fazer o auto-exame

1° - Observação em frente do espelho:

Pressione o mamilo suavemente e veja se é eliminado qualquer líquido. Se o mamilo está umbilicado (colocado para dentro como o umbigo) e não era assim, fique atenta.

2° - Apalpação de pé:

Durante o banho, com as mamas ensaboadas, deslize as mãos sobre as mesmas. Com os dedos unidos, apalpe-as. Procure caroços, alterações de consistência, secreções, ou saliências.

3° - Apalpação deitada:

Caso encontre algum caroço ou corpo estranho, procure imediatamente o médico.

*Fonte: www.orientacoesmedicas.com.br

Como tratar

Na radioterapia, uma dose alta de radiação é acionada no paciente, que pode sofrer efeitos colaterais como fadiga, inchaço e alterações de pele. Já a quimioterapia implica o uso de fortes medicamentos para destruir as células cancerígenas. A terapia hormonal faz o organismo parar de produzir os hormônios que o tumor utiliza para se alimentar e crescer.

Médicos afirmam que o tratamento cirúrgico normalmente é realizado sob anestesia geral, com duração média a partir de duas horas, conforme o caso. O período médio de internação é de cerca de dois a cinco dias. De qualquer forma, a cirurgia de retirada do seio só é feita em caso de tumores acima de três centímetros ou tumores multifocais (que se encontram no mesmo quadrante) ou multicêntricos.

É importante ressaltar que as pessoas que precisam do remédio quimioterápico Temodal têm direito a uma cobertura do plano de saúde. A Segunda Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo é responsável por essa decisão, após um caso onde assegurou o direito ao cliente com câncer. A responsabilidade do médico é avisar o paciente sem condições financeiras dessa possibilidade.

Mesmo com tantas formas de tratamento, o câncer de mama que ocorre no local de produção do leite materno ainda é muito difícil de ser curado, ainda que submetido à quimioterapia. Dessa forma, trabalhos do pesquisador brasileiro Jorge Reis-Filho encontraram a causa da doença. O gene responsável pelo câncer foi inibido em laboratório e pode ser o início de uma nova descoberta.

Outra novidade é a pílula abortiva. Estudos norte-americanos comprovaram que o uso da substância em camundongos impediu o aparecimento de tumores cancerígenos, resta saber se ocorre a mesma ação em humanos.

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