Guia da Semana

Foto: Sxc.hu


O Brasil é o país das mulheres de grandes quadris. Imagina ter como mãe a Carla Perez ou a Sheila Mello! Pois saiba que uma pesquisa realizada no Reino Unido sugere que as filhas de mulheres como elas, com o quadril largo, são mais propensas a desenvolver o câncer de mama.

O estudo, liderado pelo professor David Barker, da Universidade de Southampton, e publicado na revista American Journal of Human Biology, defende que, durante as primeiras semanas de gravidez, o tecido mamário do embrião, quando exposto a altos níveis de estrogênio, sofre influências, podendo desenvolver câncer no futuro. É importante lembrar que os altos níveis do hormônio estão associados, segundo a pesquisa, ao tamanho dos quadris, por isso a relação.

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Nesse projeto, foram avaliadas 6.370 mulheres nascidas em Helsinque, Finlândia, entre 1934 e 1944. As mães delas foram divididas em dois grupos: as que representavam uma medida entre as cristas ilíacas da bacia de até 30 centímetros e aquelas com mais de 30 centímetros. As mulheres do segundo grupo eram as que mais produziam o estrogênio.

"Diferente de outros estudos que se dedicaram a provar a importância do estrógeno no desenvolvimento do câncer de mama para a própria mulher, este sugere um efeito que atravessa uma geração, por isso é necessário reproduzirmos os resultados, com dados prospectivos, para que se possa afirmar com segurança que uma mãe com maiores taxas circulantes de estrógeno aumentaria o risco de sua filha ter câncer de mama", explica a chefe do Núcleo de Pesquisa Clínica do HCIII/INCA, Susanne Crocamo.

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Durante a puberdade, a menina passa por modificações a fim de diferenciá-la dos meninos e promover a capacitação reprodutiva. Os hormônios produzidos estimulam a síntese e secreção dos esteróides sexuais, dando origem aos caracteres secundários como crescimento de mamas, amadurecimento genital, distribuição diferenciada de gordura corporal em relação aos meninos, aumento rápido da altura, aumento da massa óssea e da bacia, que se alarga para preparar o local ao receber o embrião.

Segundo Susanne, não há estudos que relacionem o tamanho da bacia de uma mulher com a possibilidade dela mesma desenvolver o câncer de mama. Em pessoas que se encontram na pós-menopausa, o andrógeno (responsável por características masculinas) é transformado em estrógeno no tecido gorduroso, concluindo que as obesas teriam maiores riscos em obter a doença, uma vez que concentram grande quantidade do hormônio. Um estudo da Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, descobriu ainda que 50% dos casos de câncer no útero e um tipo no esôfago têm como causa a obesidade.

O mastologista César Lasmar conta que a cintura abdominal acima de 88 centímetros caracteriza um risco não apenas para o câncer de mama, como para saúde em geral. "Além da menstruação precoce ou menopausa tardia influenciarem o desenvolvimento da doença, a mulher que nunca engravidou entra para o grupo de risco, por estar mais exposta ao estrogênio", diz.

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Usar anticoncepcional por muito tempo sem acompanhamento médico também torna-se perigoso, uma vez que o especialista irá dizer se é preciso dar uma pausa ou não no remédio. As mulheres que se encaixam nos grupos de risco devem iniciar o exame clínico aos 35 anos.

Nas famílias de risco, são feitos diagnósticos que incluem histórico familiar e cálculos matemáticos, onde é possível descobrir as chances reais de obter a doença, podendo assim evitar o problema através de medicações anti-hormonais ou até mesmo com a alimentação.

Entenda o câncer de mama
? Causas: doença multifatorial. O câncer de mama hereditário ocorre em 5% a 10% das mulheres e está associado à mutação no gene supressor de tumor BRCA1 e/ ou BRCA2. Outros fatores de risco incluem início da menstruação em idade precoce, menopausa em idade tardia, nuliparidade (nunca engravidou) ou primeira gestação após os 30 anos, uso de terapia de reposição hormonal por mais de cinco anos ou combinada (estrogênio + progesterona), história de hiperplasia atípica (aumento atípico do órgão ou tecido), exposição à radiação ionizante em idade inferior a 35 anos, uso diário de bebida alcoólica, obesidade na pós-menopausa.

? Evitar: não há como evitar, mas sim reduzir os riscos através dos cuidados com os fatores citados acima, amamentando os filhos por pelo menos seis meses, realizando atividades físicas, mantendo uma dieta saudável (sem muitas gorduras e rica em peixes) e realizando o auto-exame mensalmente após a menstruação. Mulheres com mais de 40 anos devem realizar o exame clínico anualmente e, após os 50, devem fazer também a mamografia uma vez ao ano.

? Tratamento: é individualizado e depende dos fatores envolvidos. Ele pode ser por cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia com anticorpo monoclonal (células de defesa eficientes). Os tratamentos podem ser isolados ou associados.

? Retirada da mama: ela está relacionada com o tamanho do tumor, quando ele é volumoso. Pode ocorrer ainda quando a relação entre mama e tumor é pequena, pelo tamanho pequeno do seio e, por último, quando são pequenos tumores multicêntricos (localizados em vários lugares da mama).

*Quando o câncer de mama é diagnosticado na fase inicial, as chances de cura chegam a 97%.



LEIA MAIS: aprenda a fazer o auto-exame e conheça a cirurgia de reconstrução da mama.



Colaboraram:
? Susanne Crocamo
? César Lasmar
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Fone: (21) 3139-4039

Atualizado em 10 Abr 2012.