Bom, nesta semana, recebi uma bem interessante e que certamente gera muita dúvida. Afinal, o que é uma cerveja abadia? A pergunta foi enviada por Eduardo F., de São Paulo (SP).

Pergunta: Daniel, o que significa dizer que a cerveja é do tipo abadia?

Resposta: Caro Eduardo, são cervejas feitas, ou referentes a estilos produzidos em abadias. Existem diversos estilos típicos, entre eles Blond, Dubbel e Tripel. E normalmente são cervejas belgas.

Um pouco sobre as abadias: elas são mosteiros (ou monastérios) onde residem as comunidades cristãs. Algumas delas fabricam cervejas para consumo próprio (sim, alguns monges desfrutam de excelentes cervejas!) e também são comercializadas com a ideia de ser uma fonte de renda para o mosteiro (sim, os monges também precisam de dinheiro para viver!)

A ordem religiosa trapista produz as mais famosas e saborosas cervejas. Atualmente existem sete destes mosteiros no mundo desta ordem que fabricam as suas cervejas e que levam o selo de Autêntica Cerveja Trapista. Seis deles estão na Bélgica: Achel, Chimay, Orval, Rochefort, Westmalle e Westvleteren. Os cinco primeiros rótulos você encontra em locais especializados aqui no Brasil. E um na Holanda: a La Trappe.

Porém, nem sempre essas cervejas são feitas em mosteiros. Existem as cervejas do tipo Abadia, que reproduzem esses estilos tradicionais. Elas são de cervejarias e marcas comerciais, como é o caso da Leffe e da Maredsous (ambas belgas) que são do tipo Abadia e possuem diferentes estilos.

Já no Brasil, temos a Bohemia Confraria, que diz no rótulo "tipo abadia". Portanto, uma cerveja que tem como referência as cervejas tradicionais de abadia - apesar de, neste caso, ela não representar nenhum estilo fielmente -, seria mais como um estilo próprio, em que utilizaram no rótulo tipo abadia.

Lembrando que, nos autênticos mosteiros trapistas, muitos deles, além de produzirem excelentes cervejas, produzem também ótimos queijos e pães, e cada um deles harmoniza perfeitamente com cada cerveja! Nada mau para uma vida de monge!

Leia as colunas anteriores de Daniel Wolff:

Cervejas e chocolates

A identidade brasileira na cerveja

Cervejas boas e outras nem tanto

Quem é o colunista: Daniel Wolff, sommelier, especialista em cervejas.

O que faz: Editor do site Mestre-Cervejeiro, palestrante e professor.

Pecado gastronômico: A pessoa ficar limitada a uma marca ou um estilo de cerveja, deixando de experimentar a enorme variedade que existe e as mais diversas experiências gastronômicas que elas podem oferecer.

Melhor lugar do Mundo: Diversos, entre eles Marienplatz, em Munique.

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