Guia da Semana

Foto: Sxc.hu


O dia 2 de junho é oficialmente o Dia Internacional da Prostituta. Pela lei, a prostituição é considerada trabalho e deve ser remunerada como tal. No fim de 1987, prostitutas da antiga Vila Mimosa, no Rio de Janeiro, ganharam o direito de manter as casas no local. Hoje, elas recebem qualificação.

Mesmo existindo já há algum tempo, o curso de inglês para mulheres da Vila Mimosa agora tem um outro papel: vai ensiná-las a lidar com os turistas durante os Jogos Pan Americanos.

Há 30 anos policial, Antonio Rayol questiona em seu blog, algumas posições políticas. "Eu sou totalmente favorável à melhora de vida dessas mulheres. O que acho estranho é uma autoridade estatal dizer que é contra o turismo sexual e depois qualificar as moças para a prostituição. É necessário dar condições para que elas saiam dessa vida, dar aulas de inglês para que tenham instrução", diz.

A Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro diz que não há um turismo sexual organizado mas "há, infelizmente, agências estrangeiras que promovem em anúncios e sites na internet o turismo brasileiro com ostensivo apelo sexual. Essa prática tem merecido combate não só do governo federal como do governo do Estado e da municipalidade do Rio de Janeiro".

Rayol comenta que, em algumas regiões do Rio de Janeiro onde possuem muitos turistas, é possível ver meninas menores de 18 anos assediando grupos de homens em plena luz do dia. As mulheres da Vila Mimosa com que ele teve contato não estão na profissão por opção e sim porque foram empurradas pelas circunstâncias da vida.

O professor responsável pelo curso de inglês, Mariano Capote, afirma que foi recebido no local para dar às profissionais do sexo uma qualificação e retirá-las do "campo ingrato" que é a prostituição.

"Sou um profissional de serviços na área de comunicação que não está contente com os rumos que o país dá a sua educação. Como não acredito que tudo se resolva pela competição, acho importante que os mais bem preparados criem soluções para dar um novo rumo à vida de quem não tem tanta qualificação para buscar empregos", diz.

Cerca de 20 alunas têm aulas das 13h30 às 15h30, toda terça-feira, onde aprendem o básico do inglês para uma conversação limitada. O projeto já existe desde setembro do ano passado e, entre as profissionais do sexo que começaram o curso, 35% chegaram ao fim. Segundo Capote, o resultado é bom, mas o melhor seria dar cursos de qualificação profissional como o secretariado.

Foto: Carol do Valle
A ex-garota de programa Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha, conta que teve muitos clientes estrangeiros e a comunicação era difícil. "Eu só falava o básico do inglês e, quando eles queriam pedir algo, tinha que ser por gesto ou na base do olhar. Se na época existisse um professor disposto eu gostaria de fazer o curso, não apenas para atender os clientes, mas também para abrir espaço a outras oportunidades de emprego e futuro", diz.

Em breve, a associação onde são dadas as aulas vai se transformar em uma unidade da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), órgão do governo do estado vinculado à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. No Dia Internacional da Mulher deste ano, a Fundação apresentou ações que seriam implantadas no local para capacitar os moradores.

Profissionais do sexo: saiba o que diz a lei sobre esse novo tipo de trabalho, que possui direitos e deveres



Colaboraram:
? Mariano Capote
? Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer - RJ
? Raquel Pacheco (Bruna Sufistinha)

Atualizado em 1 Dez 2011.