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O crescimento da população de idosos, em números absurdos e relativos, é um fenômeno mundial. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1988, quase cinco décadas depois, esses números já alcançavam 579 milhões de pessoas. Segundo projeções estatísticas, em 2050, a população idosa chegará a 1,9 bilhões. Uma das explicações para esse aumento implica em demandas sociais e passam a representar um grande desafio político, social e econômico.
Sabe-se que a inatividade é o elemento que mais compromete a qualidade de vida na terceira idade. O sedentarismo no idoso advém muitas vezes de imposições sócio-culturais. Os comportamentos, atribuídos a eles, referem-se à passividade e à imobilidade, com reduzido nível de atividade física. Estudos têm demonstrado as contribuições positivas de programa de atividade física na melhoria geral de aptidão física e funcional dos idosos.
Durante o processo de envelhecimento, temos várias alterações fisiológicas e, em nossas capacidades físicas, posso citar algumas delas:
-Redução de força;
-Redução do volume muscular;
- Redução da capacidade aeróbica (50%) devido à perda da massa muscular;
- Redução no número de fibra tipo I como do tipo II.
Durante muito tempo, coexistiram duas interpretações para a associação de saúde com atividade física. Alguns imaginavam que pessoas geneticamente privilegiadas seriam mais propensas aos exercícios, por apresentarem boa saúde, vigor físico e disposição mental.
Outros acreditavam que a atividade física poderia ser o estímulo ambiental responsável pela ausência de doenças, boa aptidão física e saúde mental. A literatura científica atual permite concluir que a verdade, aparentemente, associa-se às duas hipóteses. No caso da atividade física, embora nem todos possam ou queiram destacar-se como modelos de desempenho, existe hoje documentação científica de que as pessoas ativas diminuem a probabilidade de desenvolverem importantes doenças crônicas e melhoram seus níveis de aptidão física e disposição mental.
Estudos populacionais criteriosos permitiram estabelecer relações de causa e efeito entre atividade física a menor incidência de algumas doenças, destacando-se a doença coronária, a hipertensão arterial, diabetes tipo II, obesidade, osteoporose, ansiedade e depressão. Alguns estudos associam pouca atividade física com altas taxas de mortalidade por todas as causas e estima-se que 250 mil mortes por ano nos Estados Unidos poderiam ser evitadas por se a maioria tivesse o hábito de praticar alguma atividade.
É difícil estimular pessoas idosas para o exercício regular. Insistência numa longa avaliação médica sugere que atividade física seja perigosa e cria barreiras adicionais de custo e tempo, os quais reduzem a probabilidade de que, através de exercícios físicos, os idosos adquiram um comportamento fisicamente ativo.
Além disso, a pessoa que inicia um programa tem um menor risco de morte súbita que um semelhante sedentário e, talvez por uma atitude menos ambiciosa para o exercício, o risco relativo da atividade física (morte quando se exercitando X morte quando sedentário) diminui numa proporção maior que o aumento esperado em indivíduos envelhecendo. Finalmente, se uma forma de exercício em que o idoso sinta-se bem e confortável provocar uma morte súbita (caso ele tenha 80 anos ou mais), este será um meio mais agradável de morrer que outros motivos, como doença, por exemplo.
Todavia, certas precauções podem incrementar a segurança do exercício para o sujeito idoso. A dose recomendada de exercício deve deixá-lo levemente cansado, e não mais que isso no dia seguinte. Uma rápida caminhada é melhor que uma corrida. Atividades em meio aquático são particularmente úteis para aqueles com problemas articulares.
E por fim, é importante deixar claro que o treinamento físico não pode restaurar tecidos que já foram destruídos, mas pode proteger contra o número de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento. Mais importante é maximizar as funções fisiológicas do organismo que ainda estão conservadas. Em alguns casos, a idade biológica é reduzida até em mais de 20 anos. A expectativa de vida é incrementada e ocorrem muitos ganhos na qualidade de vida.
O exercício físico pode ser, então, um componente de grande importância para uma vida saudável em cidadãos idosos.
Leia a coluna anterior de Fernando Romero:
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Praticar e preciso
Quem é o colunista: Licenciado e Bacharel em Educação Física - Pós-graduado em Fisiologia do Exercício .
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Atualizado em 10 Abr 2012.