Em Passione, exibida atualmente no horário nobre da Rede Globo, Reynaldo Gianecchini vive o vilão Fred, que encanta as telespectadoras
Para muitas mulheres, os bonitões são bons motivos para deixar a telinha ligada no horário nobre. Afinal, desde a primeira telenovela brasileira, exibida na TV Tupi em 1951, os galãs arrancam suspiros do público feminino e deixam as tramas ainda mais quentes. Mas muita coisa mudou desde os primórdios da TV. Entre mocinhas ingênuas e vilões cruéis, os moços de antigamente esbanjavam virtuosismo e romantismo. Hoje, o charme e o sex appeal ultrapassaram o idealismo de anos atrás.
Considerados verdadeiros galanteadores, os belos que protagonizavam as histórias antigas eram heróis perfeitos. Em Sua Vida Me Pertence, que ficou famosa por exibir no último capítulo o primeiro beijo em rede nacional, Dionísio de Azevedo, Lima Duarte, além do próprio autor, Walter Forster, encantavam as donas de casa dos anos 50. Depois, Tarcísio Meira deu seu primeiro ar da graça em 2-5499 Ocupado, a primeira telenovela diária, lançada pela TV Excelsior. No enredo, ele fazia par romântico com Glória Menezes.
Mauro Mendonça, Gianfrancesco Guarnieri, Elias Gleiser, Leonardo Villar e Luiz Gustavo também são pioneiros na arte de ser galã. "Eles eram elegantes, bonitões, machões, austeros e muito mais românticos. As novelas antigamente não tinham sexo. Eram histórias de amor. Os atores eram bem vestidos e fumavam em cena, e isso era muito charmoso. Hoje, estão muitos modernos", descreve Ermelinda Fávero, 73 anos, que acompanha telenovelas desde o surgimento do gênero.
Foto: Divulgação
Tarcísio Meira foi o galã da primeira telenovela diária da TV brasileira, 2-5499 Ocupado (1963), na Excelsior, ao lado da já mulher na vida real, Glória Menezes
Colírios de hoje
Os anos se passaram, novos rostos surgiram e os perfis mudaram. Hoje, entre os preferidos da mulherada estão os atores globais, como Reynaldo Gianecchini, Rodrigo Lombardi, Marcello Antony, Thiago Lacerda, Fábio Assunção, Marcos Pasquim e Murilo Benício, entre outros. "Antes de ser bonito, o cara tem que ser sensual. Saber usar bem as expressões e mostrar que tem a 'pegada' para enlouquecer uma mulher", diz a jornalista Maria de Luna, 27 anos, que se diz "noveleira de plantão".
Para o crítico de TV André Santana, apesar de ser preciso ter uma boa estampa para cair nas graças do público feminino, hoje em dia a beleza não é tudo, já que os galãs mais badalados do momento, como Rodrigo Lombardi e Murilo Benício, não seguem um padrão de perfeição."Simpatia, charme e carisma contam muito também", diz. Além disso, é preciso ter talento para encarar diversos tipos de papéis e não só o de mocinho.
Foto: TV Globo/Renato Rocha Miranda
O eterno galã José Mayer em Viver a Vida, em que interpretou o conquistador Marcos
"Galãs são sempre galãs. O que muda é que, antigamente, esse rótulo era mais evidente. Os primeiros ostentavam essa marca sem problemas. Hoje em dia, os atores enxergam o rótulo como algo pejorativo, estão sempre tentando se desvencilhar dele. Tanto que eles lutam para variar mais de personagem", explica Santana. "Murilo Benício, por exemplo, já foi mocinho, mas também bandido e, recentemente, engordou para a série Força-Tarefa. Além disso, emplacou vários papéis cômicos, como agora em Ti Ti Ti", completa.
Segundo Santana, as beldades de antigamente são eternos galãs, pois ainda são respeitados e admirados nos dias de hoje. "Afinal, José Mayer acabou de casar com sua enésima Helena em Viver a Vida, Antônio Fagundes liderou o elenco de Tempos Modernos, Francisco Cuoco está arrebentando em Passione e Tarcísio Meira também segue emplacando personagens nas novelas. Enfim, tem galã para todas as idades", brinca
Atualizado em 10 Abr 2012.