Guia da Semana

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Acabo de ter um dos melhores resultados que eu aguardava da minha caminhada na alimentação e estilo de vida saudáveis: meu primeiro ciclo menstrual natural em 16 anos!

Foi há cerca de um ano que comecei meu desafio de retomar as rédeas do meu sistema reprodutivo. Iniciei um tratamento que usa apenas comida e suplementos naturais para limpar o organismo feminino de problemas típicos de nossa era.

Não vou dizer que é moleza, mas, para mim, que já estava mudando muita coisa no meu estilo de vida, foi quase natural. Comecei aprendendo a como comer para dar suporte ao meu sistema endócrino. Depois, comecei a tomar algumas ervas e suplementos vitamínico-minerais para dar aquele apoio extra, e, finalmente, conversamos muito sobre energia feminina.

Foi então que tomei uma decisão que jamais imaginei que iria acontecer nessa vida: parar de tomar a pílula anticoncepcional depois de usá-la ininterruptamente desde os 15 anos. Para quem tem ovário polimicrocístico, isso é quase como uma condenação, pois, logo cedo, aprendi que, para controlar suas manifestações temidas (acne, pelos, excesso de peso, menstruação irregular, resistência à insulina, etc), a única saída é a pílula, e não há cura.

Ainda mais porque eu passei a tomá-la sem parar para menstruar por cerca de sete anos, na tentativa de controlar uma TPM forte e enxaquecas excruciantes, sem muito sucesso.

Aprendi que a pílula causa coisas ainda piores, como predisposição à trombose, doenças cardíacas, derrame, intoxicação do fígado, e muitas outras coisas assustadoras. Eu, que já vinha com bronca da indústria farmacêutica convencional, fiquei mais revoltada ainda por nunca ter sido devidamente orientada sobre tudo isso.

Mas, e o medo de largar essa muleta que me "sustentava" há tanto tempo? Como será que meus ovários iriam se comportar? Minha cara ia voltar a ficar cheia de espinhas? Eu continuaria tendo os sintomas terríveis antes e durante a menstruação, dos quais eu tentava fugir? Como eu evitaria a gravidez?

Sabia que isso exigiria da minha paciência, que me desafiaria a cada instante, e que, volta e meia, eu teria vontade de desistir e usar alguma "pílula mágica" para fazer parar qualquer sofrimento que eu estivesse sentindo no momento. E assim foi: passei sete meses sem menstruar, com episódios de depressão, irritação, rosto e corpo cobertos por acne, cabelo caindo, dentre outras coisas "divertidas". Minha impressão era, naquele momento, que minha vida era melhor com a pílula. Mas sempre alguma coisa acontecia para me lembrar por que escolhi esse caminho.

Uma das mais incríveis foi a melhora em 90% da minha enxaqueca, algo de que jamais imaginei que me livraria. Isso vinha atrapalhando minha vida tão profundamente que, há algum tempo, eu tinha crises fortíssimas de não conseguir sair do quarto pelo menos uma vez por semana. Agora, fiquei sem nenhuma manifestação por mais de três meses e, quando ela veio no dia antes da menstruação, não passava de um pequeno desconforto e uma leve dor de cabeça, que não me impediu de continuar minhas atividades normais.


Hoje, tenho apenas poucas e pequenas espinhas, meu cabelo está nascendo novamente, minha energia e humor estão mais estáveis, meu fígado funciona melhor do que nunca, a glicose no meu sangue está estável, e um sorriso no rosto ao ver que a menstruação está descendo.

Essa, para mim, é a maior vitória de todas: me sentir confortável no meu corpo de mulher, celebrar cada etapa do meu ciclo e usá-lo ao meu favor no meu dia a dia, e abraçar o feminino em mim que esteve reprimido por tantos anos, aprendendo a usar seu grande poder de transformação no mundo.


Leia a coluna anterior de Melissa Setúbal:

Resoluções de fim de ano


Quem é a colunista: Melissa Setúbal.

O que faz:Coach de Saúde Integrativa, especializada em Saúde da Mulher.

Pecado gastronômico: Batata frita.

Melhor lugar do mundo: Cada lugar que vou, me apaixono. Mas, atualmente, meu segundo lar é New York.

O que está ouvindo no carro, rádio, mp3: Joss Stone, Norah Jones, Maria Bethânia, Lady Gaga e outras mulheres maravilhosas.

Fale com ela: [email protected], acesse seu site, blog, Facebook ou siga seu Twitter


Atualizado em 6 Set 2011.