Foto: Sxc.hu |
Os devotees são pessoas com o costume de freqüentar uma espécie de Playboy virtual com fotos e vídeos de portadores de deficiência, entrar em salas de bate-papo para fazer contato com eles e deixar recados em murais de sites focados nesse público. São homens e mulheres, hetero ou homossexuais, que sentem atração por tetraplégicos, paraplégicos, amputados e outros.
A jornalista Lia Crespo desenvolveu uma pesquisa sobre o assunto. "Ao longo de minha vida, enquanto pessoa com deficiência e militante do movimento em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, já havia me deparado com alguns homens que pareciam ter uma preferência sexual acentuada por essas pessoas", conta.
A classificação inclui também os pretenders, que além de serem devotees, sentem-se sexualmente estimulados ao fingirem ser deficientes, utilizando cadeiras de rodas, bengalas e outros equipamentos. Por último, há os wannabes, ou seja, devotees que gostariam, de fato, de serem deficientes.
As causas desses problemas ainda não foram esclarecidas. Durante a pesquisa, Lia observou que não há estudos sobre isso no Brasil, mas pôde tirar algumas conclusões com a aplicação de seus questionários.
"A reação das mulheres com as quais travei contato vai da incredulidade, repulsa, naturalidade ao regozijo, passando por todas as nuances de sentimentos possíveis e imagináveis", diz.
A descoberta do devoteísmo, na maioria dos entrevistados, se dá na infância e adolescência (85%). Porém, a convivência com o desejo é acompanhada por angústia e sentimento de solidão. O advento da internet trouxe para eles a possibilidade de saberem que não são únicos no mundo e de trocarem informações sobre o problema.
A pesquisa concluiu que 84% dos pesquisados são homens, heterossexuais, com uma média de 30 anos de idade. A preferência dos devotees é por pessoas com algum tipo de amputação (78.57%), seguida por portadores de pólio e outras deficiências (21,43%).
Outra informação é que, quanto mais severo e incapacitante for o problema, mais atraente ele se torna para algumas pessoas, sendo essa a opção de 14,29% dos entrevistados. Grande parte deles (71,43%) prefere que haja algum equipamento assistivo, como cadeira de rodas.
Cerca de 92% não conseguem explicar para si mesmos os motivos pelos quais possuem essa fascinação, sendo que 57,14% usaram as palavras "estranho", "desvio sexual", "fetiche" e "tara" para definir o sentimento, enquanto que 28,57% acreditam que trata-se de "uma atração normal". Dos pesquisados, 42,86% acreditam ou já acreditaram que poderia ser uma "doença ou um desvio de personalidade".
Depois de estabelecer um contato com o portador, que pode incluir ou não um relacionamento sexual, 42,86% dos devotees se sentem "culpados" e "envergonhados", além disso, 71,43% dos entrevistados sempre ficam excitados ao visitarem sites pornográficos de pessoas com deficiência.
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Atualizado em 10 Abr 2012.