Assim como a dança, o casal tem que sincronizar os seus passos para o relacionamento dar certo
O dia que marcará a sua vida para sempre chegou. Com inúmeras testemunhas e devidamente paramentado, você faz e ouve o famoso juramento conjugal "Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, amando e respeitando, felizes para sempre, até que a morte os separe". O veredicto foi dado com um 'Sim', e junto com ele muitas expectativas, alegrias e renúncias integrarão a sua nova condição de vida, que vai muito além de participar de um futebol na equipe dos casados.
O tempo naturalmente diminuirá a chama da paixão que envolve o casal nos primeiros anos. O convívio e as diferenças proporcionarão discussões, falta de afinidade, diminuição na vida sexual e outros problemas. Para manter a união, é necessário saber administrar a relação, aprender a ceder e cobrar da forma correta e lidar com situações não muito agradáveis. O importante para manter a saúde do matrimônio é repensar suas atitudes, tentar entender a companheira e até buscar ajuda de terapeutas de casais quando necessário.
Para auxiliar você na hora da fraqueza, o Guia da Semana conversou com especialistas e reuniu dicas de como manter a alegria nupcial. Dos problemas financeiros às divisões de tarefas, as situações relatadas ajudam não só aqueles que optaram por ouvir oficialmente o 'Até que a morte os separe', mas todos os casais que se aventuram em um convívio a dois em busca do 'felizes para sempre'.
- Para aquecer o relacionamento
Apesar de alguns relacionamentos sobreviverem a curtos e longos períodos sem sexo, a atração física e química são ingredientes essenciais da maioria dos casamentos saudáveis. Os estudos realizados pelos Centros de Pesquisa de Opinião Nacional, na Universidade de Chicago, EUA, apontaram que um casal abaixo de trinta anos faz sexo, em média, 112 vezes por ano. Essa pesquisa contraria ditos populares, já que a média dos solteiros na mesma idade é de 69 vezes.
Tara Parker-Pope, colunista de relacionamento no New York Times, escreveu no livro Felizes para Sempre - A ciência para um casamento perfeito que, mesmo tendo acesso com mais frequência ao sexo, o ato ainda é um dos principais motivos de reclamações entre os casais. Enquanto as mulheres apontam a falta de carinho e compreensão para os problemas diários que acabam interferindo no apetite sexual (trabalho, filhos e casa), os maridos reclamam da falta de relação com mais frequência para as esposas, que acabam causando irritação e rancor do lado masculino.
Alternativa: Conversar com a pessoa e tentar entender como o desejo sexual do parceiro é afetado já é demonstra um bom começo, assim como reservar um tempo para curtir um momento de intimidade maior, longe das obrigações domésticas e dos filhos. Em alguns casos, os terapeutas recomendam fazer sexo mesmo sem motivação, porque durante o ato o corpo responde quimicamente através do cérebro e a situação volta a se tornar algo natural.
- Problemas Financeiros
Outro problema surge da dúvida dos relacionamentos de como juntar suas finanças e gerenciar o dinheiro. Embora somente o fato de casar dobre a riqueza de uma pessoa em relação a sua vida solteira, um estudo feito em 1995, na Grã-Bretanha, constatou que a igualdade entre o marido e a mulher foi maior quando o dinheiro foi administrado em conjunto.
Alternativa: Independente do gerenciamento escolhido, tanto os maridos como esposas precisam ficar a par da situação financeira global do casal. Mesmo assim, o indicado é manter uma pequena independência, gastando parte do dinheiro com coisas que os façam felizes, mesmo que seus parceiros não gostem, como na compra de roupas ou em ingressos para partidas de futebol. Se for preciso cortar gastos, reduza nessas opções.
- Importância das relações externas
Em muitos casamentos, a vida do casal acaba ficando focada nos filhos e em poucos amigos, reduzindo visivelmente os contatos da época de solteiro. "Quando um homem se relaciona com uma mulher, é quase que praxe cortar os vínculos com o sexo oposto, como se isso fosse garantia de que não vai acontecer nada na relação, o que considero uma falta de amadurecimento", aponta o psicoterapeuta de casais Paulo G. P. Tessarioli.
Alternativa: a colunista Tara Pope indica no livro que as amizades do círculo fora da relação contribuem para aliviar a pressão do casamento, ajudam na solução dos problemas e protegem o casal contra o estresse e desentendimentos desnecessários.
- Adivinha quem está chegando
Foto: Think Stock
Com a chegada dos filhos, a atenção da mãe tem que ser redobrada para não deixar o relacionamento para trás
Pesquisa realizada pelo Pew Center Research, em Washigton, aponta que, em 1990, 65% dos americanos afirmavam que os filhos eram muito importantes para o sucesso do relacionamento. Dezessete anos depois, somente 40% dos adultos concordavam com essa afirmação. A gestação abala o casamento, já que o desejo sexual feminino diminui consideravelmente e a atenção dada ao filho acaba deixando o relacionamento de lado.
Alternativa: casais que planejam a chegada do bebê tendem a fortalecer a felicidade conjugal. Apesar de o pequeno necessitar de carinho e atenção redobrados, tente estabelecer um diálogo com a parceira para evitar o distanciamento dos pais. Casais inteligentes sempre arrumam alternativas para ficar juntos no caos.
- Quem começou a briga?
Pesquisas mostram que as mulheres tendem a iniciar aproximadamente 80% das brigas. Isso não prova que elas são o fator causador, apenas reforça que o sexo feminino está mais disposto a resolver as situações conflituosas. Um estudo realizado na Universidade de Washington demonstrou que apenas observando os três primeiros minutos de uma conversa foi o suficiente para prever quais os casais permaneceriam casados e quais iriam se divorciar durante os próximos seis anos.
Alternativa: o conflito e as discussões ajudam o casal a eliminar os problemas que possam prejudicar o relacionamento a longo prazo. Casais que iniciam uma discussão com cuidado e gentilmente estão mais propensos a ter um conflito produtivo. Abuso de violência, xingamentos e insultos pessoais são formas de desprezar e fortes sinais de que a relação está com problemas.
- Redefina os afazeres
"Um dos principais problemas de uma relação é a divisão dos trabalhos domésticos", aponta o ator Rodolfo Cordón que faz parte do grupo de teatro G7 e está em cartaz com a peça Manual de Sobrevivência ao Casamento, em Brasília. Mas quem pensa que os homens são os grandes vilões dessa situação engana-se. Para a maioria das mulheres, a fonte de poder em seus relacionamentos vem do controle que têm sobre os afazeres domésticos e os filhos. Dessa forma, alguns homens que tentam ajudar apontam as reclamações da parceira como um fator que fazem perder o interesse em ajudar em casa.
Alternativa: os casais que resolvem seus conflitos sobre limpeza dentro de casa são geralmente mais felizes. As mulheres precisam permitir que o parceiro tome a frente de algumas atividades sem criticá-lo, enquanto os homens devem ajudar a parceira e, assim, evitar o estresse, melhorar a saúde e até se beneficiar com o acréscimo de sexo na relação.
- Trair ou coçar
Uma pesquisa realizada pela revista New York Times apontou ao estudar o relacionamento dos bichos que a monogamia era realizada por menos de 5% dos mamíferos. E mesmo entre os animais que se unem para criar os filhotes, a infidelidade é quase universal. Nos seres humanos, uma pesquisa realizada por David C. Atkins, professor da Universidade de Washington, apontou em 2006 que, cerca de 20% dos homens e 15% das mulheres com menos de 35 anos são infiéis.
Alternativa: Embora a monogamia não seja regra do reino animal, os seres humanos são criaturas excepcionais e capazes de controlar seus impulsos. Em uma maneira geral, valorizam a fidelidade e planejam isso na união com seus parceiros. Em uma situação em que o atributo possa ser ameaçado, os especialistas em relacionamento indicam concentrar seu pensamento na pessoa que você ama e não no quanto você quer resistir. "Se tiver respeito, amor, compreensão, diálogo e companheirismo, a relação passa a ser maravilhosa", enfatiza o ator Rodolfo Cordón.
Manual de Sobrevivência ao Casamento
Local: Teatro La Salle (Brasília)
Data: até 31 de julho
Preço: R$ 50
Horário: quinta e sexta, 16h às 19h; sábado e domingo, 14h às 21h
Felizes para sempre: a ciência para um casamento perfeito
Autora: Tara Parker-Pope
Editora: Universo dos Livros
Ano de publicação: 2010
Páginas: 368
Preço: R$ 39,90
Atualizado em 10 Abr 2012.