Guia da Semana

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Na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza, até que a morte os separe. A pergunta que não cala é: será que o dinheiro também é capaz de acabar com o casamento antes mesmo dele engatar?

Planejar-se financeiramente gera benefícios como uma vida saudável, além de garantir sua estabilidade e qualidade. Em caso de crises financeiras a ação mais funcional é a reunião familiar, a fim de determinar o direcionamento do dinheiro.

"Sempre fui muito gastona quando solteira. Estou casada há oito meses e ainda tenho dificuldades para controlar meus gastos. Sempre fico no vermelho no final do mês e acabo não ajudando meu marido. Isto gera motivos de estresse, mas depois tudo se ajeita, logicamente, porque ele paga", conta a advogada Cristina Paiva, 26.

Antes de tudo, o casal recém casado deve ter em mente que a mudança na postura e no comportamento em relação ao dinheiro é inevitável e fundamental para a saúde do relacionamento a dois. Deve haver uma cumplicidade não apenas na hora do sexo, mas também no momento de dividir as contas e apertar os cintos, caso necessário.

A dica para casais recém adeptos do matrimônio é diagnosticar aquilo que se tem, estabelecer os sonhos, realizar o orçamento (o eu financeiro do casal), apontando todos os gastos adquiridos ao longo do mês e posteriormente poupar dinheiro.

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O diagnóstico das finanças é o ponto de partida para se admitir o padrão de vida que poderão levar, de maneira racional, estabelecendo metas e sonhos.

Refletir sobre seus desejos e objetivos implica em questionar o que se tem, onde se deseja ir e onde se está no momento. Para o terapeuta e consultor financeiro, Reinaldo Domingos, apesar de parecer precoce, o casal deve se organizar para a independência financeira. É no presente que devem acontecer as decisões determinantes para o futuro, portanto garantir uma poupança ou previdência são ótimas opções para se ter uma vida a dois estabilizada pensando a longo prazo.

"A grande chave do negócio é o casal poupar dinheiro. Todo recém casado deve guardar pelo menos 20% do seu salário para eventual necessidade futura. Casal com qualidade de vida é aquele que consegue se controlar economicamente e reservar parte de seu dinheiro para realizar seus sonhos", afirma Domingos.

O ideal é adequar o padrão de vida a 80% do capital ganho por mês. Falta de dinheiro enterra os sonhos e pode sim destruir o casamento, se tanto o homem quanto a mulher não estiver estabilizado financeiramente.

A atendente de loja Carla Soares, 25, lembra que no quarto mês de casamento, seu marido ficou desempregado e o valor referente ao seguro desemprego serviu apenas para quitar algumas dívidas. Ficaram no zero e pelo menos durante três meses, foi seu pai quem fez as compras do mês.

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"As pessoas se enganam quando dizem "Temos uma vida equilibrada. O que a gente ganha, a gente gasta". Isto é um erro desmedido, porque o casal deve ter uma reserva para possíveis contratempos da vida, até mesmo a perda do emprego e a dificuldade em conquistar espaço no mercado de trabalho. Tudo deve ser previsto, daí a importância de se guardar parte das finanças sempre", completa Domingos.

Por submeter à baixa qualidade de vida, a falta de dinheiro se destaca como o grande motivador para o divórcio. A mulher que antes ia ao salão de cabeleireiro cuidar do visual, deixa de freqüentá-lo, passando a não ficar tão apresentável a seu parceiro e gerando descontentamento. O grande prazer do casal é estabelecer sonhos e trazê-los à realidade, mas vale ressaltar: sonhar requer tempo e sonhos custam dinheiro.

"No primeiro ano de casamento tivemos vários problemas financeiros e muitas dívidas que pareciam não ter fim. Caímos na mesma situação de muitos casais. Gastávamos muito mais do que ganhávamos e as discórdias foram inevitáveis", diz a marketeira Luciana Gomes, 32.

O dinheiro não é a necessidade final, mas sim o meio de compra. O seu charme consiste em tê-lo como aliado e isto sim é uma opção inteligente. Ele determina segurança e estabilidade na vida do casal, a partir do instante que proporciona independência financeira, ao render mais em relação ao conquistado pelos parceiros. O casal pode realizar todos os seus sonhos, inclusive por somar forças, basta abandonar a escravidão pelo capital e aprender a controlá-lo.

"Casais endividados devem fazer o apontamento do que gastam durante o mês. Coisas supérfluas podem ser reduzidas ou até mesmo eliminadas. Se você não souber para onde o seu dinheiro está indo, nunca conseguirá dominá-lo", reitera Domingos.

Os gastos do casamento devem ser colocados na ponta do lápis e dependendo do tamanho do rombo a ser causado no orçamento de ambos, o mais sensato é dar um passo para trás, se não quiser ver a lua-de-mel se transformar em um pesadelo em potencial quando a ficha cair.

Resistir à tentação de gastar depende do pensamento "poupar desejos imediatos para gozar da felicidade no amanhã". Se o objeto de desejo não agregar nada na qualidade de vida pode se evitar uma dívida desnecessária, abdicando do gasto.

Colaboraram:
? Reinaldo Domingos
? Cristina Paiva
? Carla Soares
? Luciana Gomes

Atualizado em 1 Dez 2011.