Guia da Semana

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Espelhos da alma, terapeutas do coração, conselheiros amorosos, mestres financeiros ou meros produtos comercializáveis. Não importa a definição, mas os livros de auto-ajuda são os campeões quando se trata de gênero de leitura mais vendido em todo o mundo, deixando para trás os romances e ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras.

Os problemas emocionais correspondem ao fator que mais desorganiza a vida das pessoas, seguidos de perto pelos problemas financeiros. E é na lacuna gerada por essas fragilidades que entram os livros de auto-ajuda, prometendo funcionar como pílula da felicidade momentânea ou estabilizador emocional. Eles fazem sucesso exatamente porque as pessoas estão em busca de respostas diretas para seus questionamentos e de soluções fáceis para seus problemas. O gênero, portanto, vende a "fórmula mágica" para alcançar a plenitude!

"Acredito que qualquer ajuda seja importante para uma pessoa que esteja necessitando de apoio emocional, porém boa parte desses livros apresenta conteúdo superficial e repetitivo e em alguns casos pregam o sucesso material como meta principal para ser completamente feliz", opina a terapeuta Rita Jardim.

Apesar de ser comprovado que uma mente positiva auxilia para uma vida melhor, existem outros fatores envolvidos. A desigualdade social, por exemplo, não pode ser explicada pelo poder da força de nossos pensamentos, mas sim por outros motivos. Não se deseja ser pobre e, no entanto, a pobreza existe.

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Ninguém é feliz por completo e acreditar nisso é um mito. Todas as pessoas possuem "vazios" e a pretensão é de que eles se preencham. Talvez seja por isso que os autores Augusto Cury, Zíbia Gaspareto, Içami Tiba e Lia Luft sempre emplaquem na lista dos mais vendidos durante meses seguidos.

A estudante de jornalismo, Pamela Souza, conta que já recorreu a um livro de auto-ajuda buscando respostas para seus problemas. "Precisava me motivar de alguma forma e a maneira que encontrei foi através do livro Dez motivos para ser feliz, do Augusto Cury. Colocações dele me ajudaram a ver a vida sobre um aspecto diferente e não tão pesada quanto parece. Aprendi através dessa leitura a me posicionar diante dos meus problemas, dando a importância que eles realmente merecem".

Os livros pregam incansavelmente que o poder da mente garante a solução de todos os problemas. As argumentações clichês são de origem filosófica e indutiva, além de se basearem em padrões gerais como uma receita de bolo, podendo inclusive levar o leitor à reflexão de seus atos e a conclusão de que precisa mudar de postura, mas isso não gera automaticamente a pressuposta felicidade e realização, seja ela pessoal ou profissional. Não há mágica se o seguidor não usufruir e colocar em prática o que lê. É como, para quem tem fé, ler os ensinamentos bíblicos e contrariá-los, esperando, dessa forma, ser abençoado.

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A grande desilusão das pessoas acontece quando elas passam a vida pensando no que deveriam estar vivendo, e não fazendo, produzindo. A tendência é tornar cada dia em um martírio diário sem efeito anestésico. Não se pode esquematizar o amanhã, sem a certeza de que ele irá chegar ou tampouco desejar ser amado se ainda não aprendeu amar a si próprio.

Se cada um andasse sem se preocupar para onde, chegaria brevemente na fonte e então saciaria a sede de felicidade. Em contrapartida, se cada passo que der pensar no quanto falta para chegar, desistirá.

As argumentações supracitadas são o sustentáculo dos livros de auto-ajuda, porque transpõem pontos de vistas pessoais dos autores que mais estão atrelados a experiências pessoais do que com a verdade aceita como inalterável.

Apesar das críticas, o mercado dos livros de auto-ajuda permanece em crescente expansão, cabendo ao leitor ter bom senso para discernir onde buscar apoio, força e soluções.

Colaboraram:
? Rita Jardim
Pink Chic Downtown
Endereço: Av. das Américas, 500 - Bloco: 04 - Loja: 115
Fone: (21) 2496-3668

? Pamela Souza

Atualizado em 6 Set 2011.