Guia da Semana

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O fragmento de ´Amar, verbo intransitivo´, um dos poemas mais conhecidos de Mário de Andrade diz: "Muitas pessoas apaixonam-se, muitas vezes na vida. Mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre arbítrio".

Independente de haver ou não fragilidade nas relações interpessoais, muitas mulheres procuram o parceiro ideal, a fim de superar as expectativas de seu ego. Elas buscam no homem a maturidade que projete segurança pessoal e aconchego em um relacionamento prazeroso. Desejam acima de tudo, compromisso sem perda da individualidade e distância do conformismo trivial de uma relação morna pendendo para o congelamento. Já o homem, se satisfaz com a beleza, sensualidade, amorosidade e fidelidade do sexo oponente.

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Há mulheres que não conseguem ficar um tempo razoável sozinhas e emendam um relacionamento no outro. A terapeuta conjugal-sexual Cláudya Toledo atribui este fato a sorte e energia feminina. "Mulheres muito requisitadas que estão fixamente na onda amorosa podem ter condições de se desenvolver mais. É importante ter experiência para se dar bem na onda amorosa. Antes emendar um namoro no outro do que viver no ficante".

De acordo com especialistas, a cada 20 homens, 18 querem manter apenas um affair sem nenhuma pretensão sólida de engrenar algo construtivo direcionado ao futuro. Isto pode ser avaliado, conforme aspectos tangentes relacionados a fatores ambientais, psicológicos, econômicos e sociais. Namoros, de uma maneira generalizada, podem ser mantidos por diversas variáveis, baseadas nas aspirações de cada indivíduo.

Na década de 90, houve uma revolução feminina, contribuinte para a inserção da mulher no mercado de trabalho, dando a ela condição econômica saudável para a sua independência. Os seres do sexo feminino aspiram manter alguém do lado para completar ou complementar o que nelas falta ou sucumbe. O medo da solidão é uma das principais razões para a mulher buscar incansavelmente um parceiro ideal, mas nem sempre administram equilibradamente o que pretendem com aquilo que é possível ser encontrado. Elas precisam do outro para se projetarem no universo.

"Sempre fiquei com muitos caras. Nunca me faltaram pretendentes e nem resistia a eles. Quando queria sair acompanhada, tinha companhia. Ficava com vários homens em seqüência, porque a idéia de estar sozinha sempre me aterrorizou. Acho estranha esta idéia de não ter ninguém que me complete ao menos sexualmente", conta Deborah.

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Os relacionamentos que obedecem à ordem natural da conjuntura social estão cada vez mais banalizados. Namoros mal-sucedidos em série se vinculam a fatores variáveis como a mulher experimentar ´ficar´ sem compromisso por medo da perda de individualidade ou se relacionar com diversos homens no intuito de conquistar o homem perfeito. Há ainda casos de transferência de papel, onde a mulher enxerga nos homens tudo aquilo que deseja encontrar em um único ou em si. Nestas situações, ela passa a seguir uma linha de raciocínio lógica, efetuando quase como um ritual a sedução de homens no mesmo perfil e estilo.

As pessoas não conseguem ficar sozinhas e emendam um relacionamento no outro, porque falta firmamento dos próprios propósitos. Há um desencontro e uma desestrutura do ego. O indivíduo dotado de desequilíbrio psicológico pode estar com um parceiro fixo, mas necessita de outros para suprir sua estrutura egoica por falta de embasamento emocional, protagonizando a metódica linha do ´o eu que ama se expande doando-se ao objeto amado´.

"Já mantive um relacionamento com duas pessoas ao mesmo tempo e ficadas seguidas. Duraram cerca de dois ou três meses. Foi mais por farra e também porque eu preciso de muita atenção. Se uma pessoa não tinha disponibilidade de sair sempre comigo, eu acabava indo para segundas, terceiras e até quartas. Mas, entendi que as mulheres em geral, têm medo de ficar sozinhas, porque falta amor próprio. Elas não compreendem que nunca ficarão bem ao lado de alguém, se não estiverem bem consigo mesmas", assume *Amanda.

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Para o psicólogo, Alexandre Bez, todo relacionamento exige combinação de cinco âmbitos, sendo idealização, identificação, segurança, sexo e confiança - lealdade e devoção sem paranóia. Se um casal não tiver empatia em pelo menos dois desses planos, a ligação está fadada ao deslize. Relacionamentos conturbados e pouco duradouros acontecem pela falta de tolerância de uma das partes, ou de ambas, uma vez que deve haver tempo para se ajustarem entre si, caso contrário a incompatibilidade de personalidade e de valores valerá mais do que o sentimento creditado inicialmente.

"São inúmeros os fatores para um namoro não fluir. De maneira geral, duas pessoas são duas energias, dois elementos. É preciso que a mistura seja favorável e haja química. É como um bolo, de repente você acha que a massa está linda e fica batendo, só que daí desanda. As pessoas têm que ter sensibilidade para se dar bem no amor", acrescenta Toledo.

Existe uma máxima ´Mulheres que namoram demais, acabam sozinhas´ que pode ou não proceder, mas as escolhas criteriosas e extremistas tornam a mulher intuitiva a tal ponto, de perceber só defeitos nos homens. Na verdade, estes defeitos são seus e posteriormente projetados no sexo oposto. Elas acabam sozinhas em função de escolhas que não deram certo e do medo de uma nova frustração, se podando da vivência de novas experiências.

O amor é um aprendizado, um cultivo que precisa ser cuidado com esmero e singularidade. Mulheres que escolhem demais não se relacionam e perdem muitas chances de encontrar a cara metade, além de não atingir a maturação emocional podendo escolher errado o próximo companheiro.

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"A caçada desenfreada por um parceiro pode levar a transtornos patológicos atrelados ao caráter obsessivo-compulsivo. Não existe obsessão sem compulsão e vice e versa. Em função da compulsão feminina, a mulher passa a se relacionar incessantemente com vários homens e não consegue parar pela compulsão que existe na obsessão. Se não houver interferência pode ocasionar uma doença irreversível, designada como distúrbio obsessivo compulsivo, DOC", alerta Bez.

O arquétipo de príncipe encantado ainda não foi desmitificado e a convicção de sua existência ainda permanece no imaginário feminino, quase como uma vivência no mundo mágico. Quando este homem, aparentemente dito ideal, aparece e o amor é vivenciado, mas cai na desilusão, esta mulher sofrerá a frustração do desamor. É um ciclo vicioso, onde o relacionamento se torna instrumento e a insatisfação o fim.

Na vida nada é verdade incontestável, inclusive as diversas formas de manifestação do amor. Crer que a percepção deste sentimento é uma doação mútua traça o caminho para saber lidar com as adversidades impostas por ele ao longo tempo e acima de tudo um exercício de tolerância entre o ser e estar de cada um.

*O nome foi alterado a pedido da entrevistada

Colaboraram:
? Alexandre Bez
Endereço: Rua Itapeva, 518 - 14º andar - Bela Vista - São Paulo - SP Fone (11) 8588-8007
? Cláudya Toledo
Site: www.ulove.com.br
www.a2encontros.com.br

Atualizado em 6 Set 2011.