Guia da Semana

Fotos: Thinkstock

Nos pensamentos mais íntimos, quem nunca imaginou que seria mais feliz se ganhasse na loteria? Ou que, talvez, a suprema felicidade fosse encontrar seu príncipe encantado? E certamente ficaríamos mais felizes e bonitos se perdêssemos aqueles dez teimosos quilos que estragam a silhueta, não é? Na opinião da Dra. Susan Andrews, autora do livro A Ciência de Ser Feliz (Editora Ágora), estamos errados em creditar nossa felicidade à realização de qualquer uma dessas ideias.

Segundo ela, o principal erro é crer que dinheiro traz felicidade. "Isso é um grande mito, no qual, infelizmente, muitas pessoas acreditam", avalia. Ela explica que, há 35 anos, o economista Richard Easterlin, da Universidade da Califórnia do Sul, fez a seguinte pergunta: "Será que se a renda de todos for aumentada, isso também aumentará a felicidade de todos"? Sua pesquisa provou a resposta: NÃO.


A moça da foto só parece feliz: dinheiro e bens materiais, na verdade, não trazem felicidade (pode acreditar!).

A Dra. Susan Andrews diz que, acima da linha de pobreza, a capacidade do dinheiro criar uma maior felicidade é marginal. "Além de um determinado ponto - quando as necessidades básicas das pessoas por alimento, moradia, ordem pública e emprego são atendidas -, uma maior riqueza não gera mais felicidade à população de um país. O trabalho de Easterlin logo se tornou um clássico da ciência social, um conceito-chave no novo campo de Economia da Felicidade - 'mais não é melhor'", explica a autora.

De fato, focar no dinheiro em detrimento de relacionamentos ou de propósito na vida é uma comprovada receita para a infelicidade. "Estudos após estudos têm demonstrado que quanto mais a pessoa preza valores 'extrínsecos', como status, possessões ou boa aparência, mais infeliz ela é", avalia Susan.

Para escrever o livro, a autora conversou, entre outros, com o psicólogo Ed Diener da Universidade de Illinois, EUA. Ele afirma que, quando as pessoas têm fortes valores materialistas, tendem a ter uma baixa satisfação com tais desejos. "Fundamentalmente, elas vincularam seu senso de valor naquilo que os outros pensam delas, de modo que sua felicidade é sempre frágil e contingente". Diener conclui: "O materialismo é tóxico para a felicidade".

E, afinal, o que é felicidade?

Segundo a autora, os pesquisadores definem felicidade como a combinação entre o grau e a frequência de emoções positivas, ligados ao nível médio de satisfação que a pessoa obtém durante um longo período e à ausência de sentimentos negativos, tais como tristeza e raiva. "Assim, a felicidade é uma característica estável, e não uma flutuação momentânea", explica.

Ela aponta ainda que, em incontáveis estudos realizados mundo afora, dois fatores têm sido repetidamente apontados como aqueles que proporcionam felicidade duradoura. O primeiro são os fortes laços afetivos, seja com amigos ou familiares - e o amor que damos e recebemos deles. O segundo está na relação da pessoa com o mundo. "Esse fator seria a sensação de ter um significado na vida e contribuir para algo importante, tendo um propósito fora de nós mesmos", diz.

Em seu livro, a Dra. Susan Andrews conta que, por muitos anos, os críticos de pesquisas alegavam que não se poderia estudar o tema, uma vez que a felicidade não poderia ser medida. Mas, como indica a pesquisadora, o conceito, anteriormente vago e opaco, agora está sendo medido por análises sobre o bem-estar subjetivo (em extensos questionários); relatos de terceiros (o que os seus amigos e familiares dizem sobre o seu nível de felicidade); amostras de experiências (o quão feliz você é ao longo do tempo quando o pesquisador "bipa" para você periodicamente); avaliações de memória (o quão rápido você lembra de eventos felizes e infelizes ao longo de um certo período de tempo); mensuração da assimetria entre os lobos frontais do cérebro (o que suas ondas cerebrais revelam sobre sua atividade neurológica); eletromiografia facial (o quão frequentemente você sorri, e até que ponto seus sorrisos são autênticos); e níveis de cortisol na saliva (se seus hormônios revelam a incidência de emoções negativas).

Dicas para ser feliz



Durante seus estudos, a Dra. Susan Andrews descobriu que as pessoas mais felizes:

- Devotam bastante tempo à família e aos amigos, cultivando e desfrutando desses relacionamentos;

- Sentem regularmente gratidão pelas coisas boas da vida;Frequentemente são as primeiras a "dar uma mão" para os outros;

- Praticam o otimismo quando imaginam o futuro e evitam ficar se comparando com os outros;

- Fazem diariamente exercícios físicos e mentais, como massagem, ioga, relaxamento e meditação. Também dormem o suficiente;

- Não contam com mais dinheiro ou bens materiais para aumentar sua satisfação com a vida;

- Expressam suas competências-chave e seus valores pessoais, esquecendo de si mesmos e dedicando-se a uma meta maior.

Atualizado em 12 Fev 2014.