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Fidelidade é uma palavra controversa, afinal, cada pessoa costuma tratar o assunto de uma forma. É fácil estar num grupo de amigos e discutir sobre as causas, e o que resulta tal ação, mas para quem vive a história é bem diferente. Muitos homens costumam pensar que trair faz parte da necessidade humana e alguns vão além: dar uma "escapulida" ajudaria um relacionamento a sobreviver, não importando o problema.
Na realidade, o ser humano busca insaciavelmente um nível de realização que, às vezes, não é suprido num relacionamento a dois. E quando isso acontece, fica difícil se render às tentações e atrações que surgem no meio do caminho - o que pode deixar dúvidas sobre a pessoa que você é ou tenta ser.
Os motivos que levam à traição são diversificados. Contudo, é do conhecimento de todos que "pular a cerca" não é uma prerrogativa do sexo masculino. As mulheres também o fazem e mais do que podemos imaginar. Geralmente - como elas costumam se gabar - pistas não são deixadas. Elas acreditam ainda que o homem apenas descobre quando é decidido que tem de ser assim.
Quando o homem trai, não é algo premeditado e muito menos há tempo para discernir o certo do errado. É o momento, é carnal. E, mais importante, é pelo simples fato de ser homem e "ter" de atestar e ostentar essa masculinidade. Já as mulheres podem passar por alguns dos estágios citados acima, mas possivelmente existem outros fatores ligados a essa atitude: insegurança, falta de confiança e até vingança, por que não?
É nesse ponto que começam os problemas. O relacionamento dá sinal de que as coisas não estão bem. Àquela história de que tudo pode ser superado vai definhando pouco a pouco. Só então as pessoas percebem que há questões a serem resolvidas. Contar ou não contar? Vale a pena? Vou ser perdoado? Se acontecesse comigo, eu perdoaria?
As mulheres com quem converso são enfáticas: "não". Algumas arriscam a dizer que, se perdoarem, "a dúvida sempre dormirá no meio do casal". Já os rapazes não cogitam tal situação. "Nós, homens, não nascemos para ser traídos" - uma afirmação tão confiante, que chega a ser prepotente. Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso.
A verdade é que ninguém vai a fundo tentar descobrir a raiz dessa árvore cheia de galhos frouxos e muito menos entender um modo de consertá-la, se é que existe um conserto. Aliás, a decisão de ser fiel está mais relacionada ao respeito próprio, do que pelo parceiro. Talvez faltem limites que devem ser impostos com o passar do tempo, o que resultaria num relacionamento flexível e com compreensão. Porque compreender é importante e ter limites, mais ainda.
O amor por si só não gera confiança e pode trazer mais insegurança, que reflete no medo de perder a pessoa com a qual você se importa e decidiu dividir sua intimidade. Acredito que o impasse aparece a partir do momento em que alguém abre mão de sua vida para viver a da outra e quando acontece algo como a traição, a recuperação pode ser lenta e dolorosa.
Não se trata do sexo mais fiel, mas sim de quem se respeita e sabe que num relacionamento existem lacunas a serem preenchidas aos poucos para que se crie algo sólido.
E porque tudo isso é importante? Talvez porque ninguém nasceu para viver sozinho e o crescimento interno vem do convívio com o desconhecido e com a troca de experiências. A última coisa que alguém deseja é que esse desconhecido seja mais previsível do que se esperava.
Quem é o colunista: Thyago Furtado.
O que faz: Jornalista.
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Atualizado em 10 Abr 2012.