Guia da Semana

Foto: Marília Veiga Arquitetura e Interiores



Hoje em dia as relações de trabalho não são mais as mesmas. Com os mecanismos tecnológicos estreitando a relação de espaço e tempo - telefonia celular, Internet e outros diversos gadgets - muitas pessoas podem fugir da rotina estressante dos escritórios e escolher a comodidade de um horário flexível em casa, no chamado home office.

Mesmo que você não passe o tempo integral se dedicando ao trabalho no lar, é necessário reservar um espaço agradável, organizado, e com a sua cara para exercer suas atividades profissionais. A montagem de um escritório em casa merece uma atenção especial, para não acabar virando um deposito de livros, pastas e projetos, mal iluminado, sem ergonomia e praticidade. Para ajudar nessa escolha, o Guia da Semana conversou com a empresa Marília Veiga Arquitetura e Interiores e designer de interiores Simone Goltcher. Confira as dicas e mãos à obra.

Revestimento e pisos

O importante aqui é conhecer o piso primeiro para saber o que pode ir em cima. Para quem usa cadeira com rodízio para facilitar a mobilidade dentro do home Office, não pode colocar um carpete, porque travam ou dificultam a mesma. Já nos pisos de madeira, têm que observar qual tipo de cadeira usar, já que o rodízio sofre variações de materiais. "Aqui no escritório, por exemplo, temos um piso de cimento queimado. O rodízio da cadeira de plástico marcava, então compramos um emborrachado que sanou o problema", afirma Daniel Veiga, sócio da empresa Marília Veiga Arquitetura e Interiores.

O mais comum é usar pisos de madeiras e laminados, mas é necessário saber se a madeira tem um tratamento muito brilhante, porque pode marcar. Um piso recomendado pela Marília Veiga é o tecnocimento, evolução do cimento queimado, um piso resistente, prático e bonito.

Móveis

Foto: Simone Goltcher


Aqui a regra segue é a mesma da geral, não dá pra indicar um tipo ou tendência. O interessante é fazer uma linguagem no ambiente como um todo. Então não adianta fazer uma salada de materiais, é necessário sensibilidade para harmonizar. Um exemplo disso é, se optar por uma mesa de madeira, tem que usar detalhes em madeira que combinem com o móvel. "Não existe uma receita de bolo, uma regra em decoração, arquitetura. Cada caso é analisado particularmente, de acordo com o uso e necessidade de cada um", ressalta Daniel Veiga.

Cores

Apesar de parecer fácil, é uma das coisas mais difíceis de escolher. A recomendação, em termos de mobiliário, é que nele sejam usado tonalidades mais neutras, com cores mais forte para os detalhes, permitindo mudar o projeto de uma maneira mais fácil. Se quiser pintar as paredes, escolha uma só. Ambientes mais claros, com cores mais neutras, tendem a parecer maior. A cor pode entrar em algum momento nos objetos e mobiliários, porque ela pode transmitir sensações, basta entender o seu uso. Segundo Simone Goltcher, as cores mais em voga ainda são as cores que transmitem sobriedade e tranqüilidade, como branco, areia, verde claro.

Iluminação

Esse item varia de acordo com o uso. Caso o ambiente for propício à leitura, é necessário uma luminária na mesa; já se ela for realizada na poltrona, a luminária de piso é a escolha certa. O melhor é optar por circuitos independentes de iluminação, criando assim diversas variações. Assim, para ler um livro, basta ligar só a luminária da poltrona; no caso de ouvir uma música, uma luz na estante ligada, baixinha, basta para dar uma relaxada. O interessante é estudar a iluminação com circuito independente para ter várias sensações. Nesse caso, fica melhor se você tiver um forro de gesso, para trabalhar com o embutido.

Otimização

Foto: Simone Goltcher


Quando o quesito é escritório em casa - um lugar com muita coisa pra armazenar - a grande solução para espaços pequenos é trabalhar com marcenaria planejada. Escritório e local de trabalho não combinam com bagunça, por isso o interessante é fazer gabinetes, estantes, gaveteiros, para se organizar. Para quem trabalha com desktop, a bancada tem que ser um pouco maior; no caso de notebook, ela já reduz bastante. A marcenaria é uma forma de você customizar o espaço, muito melhor do que comprar móveis prontos com tamanhos padrões.

É preciso prestar atenção nos espaços pequenos, para cuidar da proporção e não entulhar. "Ao se fazer um projeto personalizado, sob medida, conseguimos aproveitar bem todos os cantinhos, embaixo das bancadas e, se o pé direito for alto, vale ir com as estantes até em cima, para guardar as coisas menos usadas e utilizar uma escada quando necessário", aponta Simone Goltcher.

Ambiente mais leve

Hoje em dia, há cada vez menos espaços para se acomodar. Por isso, ao invés de montar um ambiente só para escritório, você pode criar um home office multifacetado. Assim, ao mesmo tempo em que tem sua cadeira de trabalho, conserva em um canto uma poltrona para ler um livro, ou para assistir uma TV. O legal nesse caso é usar mobiliários e acessórios que não sejam somente para o trabalho, dando um ar mais residencial e até mais gostoso para trabalhar. Dessa forma, os tecidos com estampas mais alegres e quadros divertidos deixam a decoração mais leve.

Opções sustentáveis

Foto: Marília Veiga Arquitetura e Interiores


No mercado, já existem muitas opções de madeira certificada, madeiras de demolição, bambu ou mesmo o couro ecológico. Em termos de iluminação, se você utilizar a automação, além de ter uma economia na conta, aumenta a vida útil das lâmpadas. Procure os pisos com certificado e os móveis que usem tintas com selo do ISO 14000 - depositando os resíduos de maneira sustentável sem agredir o ambiente. Hoje em dia, é difícil ser 100% sustentável, porque agir dessa maneira tem um custo maior, além de nem todo mercado ter absorvido o conceito.

Clássico ou contemporâneo

Para deixar o ambiente com essa cara, você pode optar por estantes com molduras, porém em madeiras claras ou até em laca branca para não pesar muito, abusar em tecidos com estampas e usar uma cor verde ou vinho na parede. Você pode pegar algumas peças clássicas e encaixar no projeto, mas isso tem que ser muito bem dosado por alguém que tenha essa experiência.

Quando o assunto é contemporâneo, o menos é mais. As linhas estão mais retas, as coisas estão com menos informação. O legal pra ter é poucas coisas boas, do que muitas coisas ruins, ainda mais quando se tem pouco espaço. Neste caso, com uma mesa legal, uma marcenaria legal e uma cadeira legal, seu escritório já está bacana. O importante para os dois estilos é escolher coisas boas na hora de comprar.

Atualizado em 6 Set 2011.