Em uma sociedade bastante preocupada com a beleza e a estética, ficar bonita pode se tornar até perigoso. A dermatologista especializada em medicina estética Mônica Linhares lembra que "a pessoa interessada em fazer qualquer tipo de tratamento estético deve passar por uma consulta com o médico responsável pela clínica para esclarecer todas as dúvidas, além de avaliar riscos, prós e contras".
A depilação a laser, por exemplo, é um método seguro e eficaz contra os pêlos que incomodam, mas tem suas contra-indicações de acordo com o tipo de pele, distúrbio hormonal, uso de medicamentos, doenças de pele, bronzeamento e outros fatores.
A procura pela estética perfeita gera problemas no país há algum tempo. Quem não se lembra da ex-modelo Cláudia Liz? A loira, de 36 anos, ficou em coma no ano de 1996, após tomar a anestesia para realizar uma lipoaspiração. O objetivo era emagrecer dois quilos, mas a situação rendeu a ela dias desacordada no Hospital Albert Einstein e três anos de depressão, com seqüelas químicas no cérebro.
No mês passado, outros dois casos assustaram o país. A dona de casa Maria Ení da Silva, 33 anos, morreu intoxicada após realizar uma escova progressiva e a estudante de hotelaria Andréa Santos Lindner, 34 anos, foi internada após sessões seguidas de bronzeamento artificial.
Formol
A estudante de Letras Mariana Pedro de Góis, 25 anos, sabe bem o que o formol pode causar. Em outubro de 2006, ela realizou, pela quarta vez, a escova progressiva. "Eu já estava acostumada e nunca havia tido problemas, mas da última vez passei mal e fiquei três dias sem trabalhar", conta.
Mariana, que costumava realizar o tratamento com uma toalha molhada próxima ao nariz, começou a sentir enjôo, dores de cabeça, olho inchado e falta de ar uma semana depois de ter feito a escova. O antialérgico prescrito pelo médico não resolveu e ela passou a sentir dores no estômago. Retornando ao consultório, descobriu que havia sofrido intoxicação.
O cabeleireiro Leandro Pascotto explica que salões menores normalmente misturam os produtos em quantidades grandes de formol porque assim alisa melhor o cabelo, uma vez que nem todos têm condições financeiras de comprar produtos mais caros, que fazem os efeitos durar menos, porém com menores riscos.
Ele lembra também dos cuidados necessários ao manusear certos produtos. Primeiro, é importante saber que nenhum tipo de alisamento pode ser feito encostando o produto no couro cabeludo. O tratamento também deve ser feito em locais ventilados, onde o profissional e o cliente utilizem máscaras, pois as substâncias, ao serem inaladas, podem gerar alguns tipos de reações alérgicas.
A quantidade de formol permitida pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância) é de até 0,2% para cosméticos com funções conservantes e no máximo 5% para agentes endurecedores de unhas, mas esse valor não é respeitado por muitos profissionais. Irritação cutânea, queda de cabelo e problemas respiratórios são alguns dos problemas que podem ser causados pela inalação da substância.
Mesmo produtos que possuem essências como chocolate ou melancia possuem formol ou ácido fórmico. O formol pode irritar a pele, causando vermelhidão, dores e queimaduras, além de irritações nos olhos, câncer no aparelho respiratório, dor de garganta e até falência renal aguda. O ácido fórmico traz como conseqüência alergias, irritação nos olhos, vermelhidão, lacrimação e dermatites.
Bronzeamento artificial
A dermatologista Mônica Linhares é contra o uso de câmaras de bronzeamento artificial. Ela argumenta que o processo acelera o envelhecimento da pele, além de causar manchas e lesões pigmentares por alteração das células expostas ao infravermelho longo. Segundo a especialista, "os aparelhos são normalmente aprovados para uso pelo Ministério da Saúde, mas a Sociedade Médica de Dermatologia não recomenda".
O paciente deve ser sempre cauteloso, pois há riscos de complicações mesmo seguindo os protocolos. Geralmente, os resultados desse tipo de tratamento não atingem as expectativas dos clientes, que procuram aumentar o número de sessões ou acabam não seguindo as recomendações do profissional. As sessões devem ser feitas gradativamente, dando um espaço de pelo menos 48 horas entre uma e outra.
Após o tratamento, é importante não se expor ao sol. Meia hora de uma sessão na cama de bronzeamento artificial equivale a um dia todo de exposição aos raios ultravioletas. Também é necessário o uso do protetor ocular durante a sessão e a ingestão de água após o tratamento.
Para quem quer ficar com uma cor bronzeada sem se arriscar, Mônica Linhares indica o Jet Bronze (bronzeamento a jato), que custa uma média de R$60,00 a R$80,00 a sessão e o efeito dura de sete a dez dias. O tratamento é feito a partir da aplicação de uma substância que acelera a produção da melanina da pele. Ela não produz um efeito tão uniforme quanto as câmaras, mas não causa malefício algum ao organismo. De qualquer forma, apenas é permitido tomar sol 24 horas após a sessão.
Os riscos de câncer em pacientes que já estiveram expostos às câmaras de bronzeamento é bem maior, enquanto o bronzeamento a jato não promove nenhum risco da doença. O problema está no número de vezes que o cliente fica exposto aos efeitos sem nenhum tipo de fotoproteção, já que as conseqüências da radiação são cumulativas e aparecem apenas depois de cerca de dez anos.
Opção
Alisar os cabelos sem correr riscos não é uma tarefa fácil. Uma opção sem formol, a base de Tioglicolato de Amônia, de acordo com o cabeleireiro e técnico D. Junior, é o Photon Hair Uom, da Tânagra Cosméticos.
A técnica tem como base a luz fotônica, que permite partir de um cabelo crespo para um cabelo liso de forma lenta e sem causar danos à estrutura dos fios. O produto pode ser aplicado em cabelos virgens, 100% descoloridos, coloridos, tratados a base de tioglicolato de amônia ou que já passaram por processos químicos.
D. Junior explica que esse tipo de técnica não oferece nenhum risco à saúde e o preço varia de acordo com a avaliação do profissional e o tipo de cabelo (uma média de R$ 800,00 a R$ 1.800,00). Qualquer pessoa pode ser submetida ao tratamento desde que passe pelo teste de mecha.
Em uma única aplicação é possível enxergar os resultados e o retoque vai sendo feito conforme os fios forem crescendo. De acordo com o profissional, "é comprovado o resultado do produto, com maciez, brilho, sedosidade e saúde dos cabelos".
Uma segunda opção é a escova New Brush, que alisa os cabelos e dura em torno de seis meses. De acordo com a coordenadora técnica do produto Giselle Gomes, o processo não é indicado apenas para pessoas que já possuam algum outro tipo de alisamento a base de hidróxidos, colorações a base de água e henê (produto desenvolvido com tecnologia 100% nacional que alisa e tinge progressivamente os fios sem danificá-los).
Após o tratamento, a cliente deve abolir o uso do secador, não lavar os cabelos por três dias e usar shampoos especiais para manter o efeito.
Colaboraram:
? Mônica Linhares
? Leandro Pascotto
? D. Junior
Atualizado em 10 Abr 2012.