O veterano Clint Eastwood é um clássico exemplo do homem retrosexual

Fazer marketing pessoal ficou muito mais difícil. E não estamos falando da crise, mas de um outro mercado, com público-alvo bastante exigente: a mulherada. A procura masculina por clínicas de beleza, creminhos e depilação mexeu com os brios e colocou nossa virildade em xeque. Alguns chegaram ao absurdo de trocar a cerveja com os amigos por um final de semana no spa. Se você acha que já basta dessa frescura toda, talvez seja a hora de aderir ao clube dos retrosexuais, onde lugar de hidratante é no banheiro da namorada.

Adeus aos cremes

Na há como negar. As mulheres estão muito mais exigentes. Academia, um terno bem cortado e senso de humor passaram a não ser suficientes. Graças a alguns malditos narcisistas de plantão, como Beckham e Alexandre Pires, fomos pressionados a dividir com elas produtos de beleza, manicure e exercitar a sensibilidade.

Mas felizmente, o tiro saiu pela culatra. Segundo uma pesquisa realizada pela Axe em 14 países, 75% das mulheres estão fartas de dividir seus produtos de beleza com seus parceiros. Outras 60% não aguentam mais esperá-los se arrumar. Entre as principais características valorizadas pelo sexo oposto, está a virilidade, reforçada pelo fato de que 96% das brasileiras afirmam querer ser beijadas com paixão e levadas para a cama sem hesitação.

Viva a barriga de chope

Nesses tempos revolucionários, sai de cena o perfil engomadinho, para dar lugar ao retrosexual: barbado, com barriga de chope e sem a menor ideia das últimas tendências da moda. Tudo sem grosseria: um retro que se preze paga a conta do restaurante e é educado (mas não fresco!). Seu armário (e não closet) é composto de peças confiáveis, com itens funcionais, que dispensam ajustes. Aneis e colares? Proibidos. Apenas o relógio, e ainda sim, com parcimônia.

O analista de programação Eder Correia, 25 anos, é um bom exemplo desse tipo revolucionário. "Só uso três tonalidades de terno, priorizando o cinza e preto. Depilação só em mulher. Esses caras que se preocupam demais com beleza, são homens-mormaço: não parece, mais queimam", ironiza.

Mas antes que você abandone sua máscara esfoliante, é bom lembrar que ainda existem algumas defensoras dos direitos metrosexuais, como a estudante de odontologia Stéphanie Fávero. "Gosto que eles se cuidem. Não fico incomodada por meu namorado ter a mesma quantidade de cremes e ficar mais tempo no banheiro do que eu".


O verdadeiro retrosexual cultiva a barriga como um troféu pelos anos de cerveja com os amigos

Nada de novo

Pode parecer difícil, mas metrosexuais e retrosexuais possuem algo em comum: os dois termos foram criados pelo escritor inglês Mark Simpson. Após nomear os almofadinhas, o autor resolveu estudar essa nova espécime masculina, que já ganha seus próprios ícones, como Benicio del Toro, Matthew McConaughey, Russell Crowe, Sean Pean, Clint Eastwood e o nosso compatriota Tony Ramos (notoriamente avesso à depilação).

Polêmico ou não, o novo comportamento parece que chegou pra ficar. Afinal de contas, um retrosexual que se preza gosta de mulher, gadgets, carros novos, futebol, programas esportivos, uma boa feijoada e uma cervejinha. Espera aí... Será que eles são realmente uma grande novidade?

Metro x Retro

Confira o que as mulheres nas ruas pensam sobre o assunto:

Isabelle favarin, jornalista "Nem oito, nem oitenta. Homens que se preocupam demais com a aparência e usam mais cremes que eu me irritam. Mas também não sou a favor daqueles que ainda cultivam comportamentos pré-históricos. O ideal é o cara que não precisa disso para se afirmar, mas sabe ter estilo".

Danielle Squeff, empresária "Acho que os retrossexuais são descuidados. Se nós mulheres nos cuidamos, porque os homens não podem se cuidar também? Não precisa ser de uma maneira exagerada que afete a sua masculinidade. Pode ser algo natural".

Bárbara Padial, publicitária "Acho que os homens têm que cuidar da aparência e da saúde. Mas não a ponto de ir ao spa, fazer massagens, usar produtos variados. Prefiro os retrossexuais. Eles se cuidam, mas também não são fúteis a ponto de saber o que as mulheres precisam passar".

Mariana Lima, professora "Não me desagrada, mas prefiro os homens que se cuidam pra mulheres vaidosas, que gostam de estar sempre bem bonitas. Tinha um namorado que era retro e acabava deixando de me arrumar, pois ele sempre fazia umas combinações como roupa social e moletom".