Guia da Semana

Iara Rezende, 34 anos, segurança patrimonial

Foto: Sxc.hu
"Esse tipo de coisa já nasce com a gente. Você luta contra, mas não dorme uma coisa e acorda outra e tem uma hora que não dá mais para enganar. Até uns 17 anos eu sofri muito com a confusão. Depois de alguns namoros heterossexuais, com uns 18 anos eu fiquei com a primeira menina, mas ela foi morar no Rio de Janeiro e fiquei sozinha por um tempo.

Passado um tempo, comecei a namorar uma garota. Eu não suporto mentira, mas tinha que sair escondido para poder ficar com ela. Meus pais começaram a achar que eu estava envolvida com gente errada e usando drogas. Em janeiro de 1.995, eu reuni a família no quarto e contei a verdade. No começo foi muita barra, meu pai falou que eu era doente e queria pagar uma viagem para mim. Mesmo assim, minha família nunca me deixou para escanteio e hoje meu pai respeita muito a minha opção.

Eu nunca mais fiquei com um homem e hoje não namoraria um. Fui apaixonada pelo irmão do meu cunhado, mas quando a coisa ia esquentando eu percebia que não era aquilo que eu queria. Namoro uma mulher há três anos. Desde a infância eu sou assim, já tive várias ´paixõezinhas´ por professoras. Lembro que, na oitava série, eu morria de amores pela professora de desenho geométrico.

Hoje, tenho até mais amigos homens do que mulheres. Mulher é muito chata (risos), eu sei porque sou uma."

Ronaldo Monfredo, 33 anos, diretor de arte de agência publicitária

Foto: Sxc.hu
"Tive umas quatro namoradas, mas ficava com homens e mulheres normalmente. Hoje tenho uma filha de 14 anos.

Eu só assumi de verdade a minha homossexualidade há uns dez anos, mas cheguei a ficar com algumas mulheres depois. Mesmo assim, para evitar dor de cabeça, prefiro ficar somente com homens, é mais tranqüilo.

Morei junto com um namorado por um ano, mas agora estou solteiro. Na infância eu já percebia esse desejo, mas até hoje fica uma dúvida: se eu gostava disso porque era bem mais fácil ficar com homens ou se era por desejo mesmo. De qualquer forma, na adolescência esse desejo foi se aflorando.

Meus amigos aceitaram tranqüilamente a minha escolha e a minha família me surpreendeu. Meus pais souberam há cerca de três meses e aceitaram muito bem. Fizeram muitos questionamentos sobre a minha certeza, mas não recriminaram."

Danilo Leonardo Luiz, 21 anos, estudante de história

Foto: Sxc.hu
"Eu me assumi homossexual há cerca de oito anos, mas antes tive algumas namoradas. Eu estudava numa escola Batista e não gostava de gays. Quando entrei para faculdade descobri esse meu desejo. Na minha sala havia um homossexual e nós tínhamos uma amiga em comum. Numa balada ele me beijou e, na hora, fiquei com muita raiva, cheguei a bater nele. Depois de um tempo acabei assumindo e começamos a namorar. A relação durou sete meses.

Eu queria contar para minha família porque tinha medo da reação deles e estava me preparando, mas descobriram antes e foi terrível. Umas três semanas depois, meus pais passaram a respeitar, pois perceberam que a decisão era do coração e não da cabeça.

Namoro há cinco meses e já tive três relacionamentos homossexuais. Sou uma pessoa muito decidida. A partir do momento que você sabe o que é, não tem como voltar atrás.

Quando eu descobri, estava namorando uma garota e foi muito difícil dizer a ela que eu gostava de homens. Ela me liga até hoje para conversarmos, e olha que já me viu até vestido de mulher! (risos). Apesar disso, prefiro manter uma certa distância porque sei que ela ainda sofre muito.

Quanto aos amigos, conquistei novos, pois os antigos eram todos da igreja. O que eu fico mais assustado é que esse desejo não despertou em mim na adolescência. Eu lembro que jogava no time de handball do colégio e via muitos homens pelados no vestiário, mas nada acontecia. Hoje, é bem diferente (risos)."

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Atualizado em 6 Set 2011.