Guia da Semana

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"Doutor, a prótese de mama corrige a minha flacidez?" Acho que perdi a conta de quantas vezes ouvi esta pergunta no consultório. Realmente é uma boa pergunta, mas a resposta é variável. O que pode ser indicado para uma paciente pode não funcionar para outra. Vamos, então, tentar discutir o tema e elucidar o caso.

A flacidez da mama ocorre quando há uma desarmonia entre o conteúdo e o envoltório desta, no caso, a pele. Enquanto a mama tiver um conteúdo capaz de preencher totalmente seu envoltório, deixando-o esticado, a mama costuma ficar "em pé", bonita e acima do sulco mamário (dobra abaixo da mama).

A flacidez das mamas costuma ocorrer depois de um episódio de aumento e diminuição de volume, como gravidez, ganho de peso seguido de emagrecimento, etc. Sabendo que a mama é composta por glândula e gordura, o aumento de volume pode ser devido ao aumento da parte glandular, da parte gordurosa ou de ambas.

Durante a amamentação, a glândula aumenta devido à produção de leite. No ganho de peso, a mama aumenta devido ao aumento da gordura. Na gestação, é comum a associação destes dois fatores. Ambos fazem a pele esticar para acomodar o maior volume mamário.

Acontece, porém, que a pele é um elástico fraco, que sofre ao ser esticado. As estrias são a marca do rompimento das fibras elásticas da pele. Ela, mesmo sem estrias, não retornará ao tamanho de antes do estiramento, mesmo que a paciente retorne ao peso original. Sempre haverá um laceamento da pele.

Esse laceamento comumente leva a um descompasso entre o volume existente na mama e seu envoltório, a pele. Há mais pele em relação à mama, somado a uma pior qualidade elástica e de suporte da pele, gerada pelo estiramento e rompimento das fibras elásticas. O resultado disso? A queda da mama, também conhecida como ptose.

Então, voltemos à pergunta: "Doutor., a prótese de mama corrige a minha flacidez?". A resposta é: depende.

OK, vamos retomar a discussão!

Pelo que vimos, para a mama ficar esticada, é necessário que o conteúdo esteja em harmonia como o envoltório. Podemos, então, fazer três ajustes para adequá-los. Primeiro é aumentar o conteúdo e esticar a pele até ela ficar tensa novamente. Isso pode ser feito com uma prótese. Mas há limites... O tamanho da prótese deve ser esteticamente aceitável, para não ficar enorme, artificial. Logo, a flacidez de pele deve ser pequena, para que uma prótese de tamanho adequado a estique e ainda fique bonito. Geralmente isso ocorre nos casos de pseudoptose, ou seja, uma flacidez leve em que a aréola ainda está acima do sulco mamário. Este caso é mais comum em mulheres magras com mamas pequenas. Para este caso, a resposta da pergunta é: "Sim, a prótese de mama corrige a flacidez".

O segundo é reduzir o envoltório e adequá-lo ao conteúdo. Isso é geralmente feito quando o volume da mama é grande ou moderado e não se pretende aumentar, podendo até reduzir. A cirurgia é a mamoplastia redutora (em casos de redução do volume) ou lifting das mamas (mastopexia, quando se pretende levantar sem modificar o tamanho). A cirurgia consiste em retirar o excesso de pele e reduzir a glândula. A cicatriz será proporcional à flacidez e ao excesso de pele a ser retirado: quanto mais pele, mais cortes, mais cicatriz. Neste caso, a resposta é: "Não, a prótese de mama não corrige a flacidez". Se colocada, a mama ficaria grande e caída.

Em terceiro lugar, é a associação dos dois casos acima. Reduzir o envoltório ao mesmo tempo em que aumenta o conteúdo. É indicado quando a paciente quer aumentar as mamas, mas tem uma flacidez que não seria compensada com a prótese de volume adequado, precisando ainda retirar pele. Neste caso, a retirada é menor devido ao aumento de volume com a prótese, ficando uma cicatriz menor (muitas vezes, apenas ao redor da aréola). No caso em questão, a resposta seria: "A prótese de mama corrige apenas parcialmente a flacidez da mama".

Para apimentar mais a discussão, ainda existem variáveis pessoais, como o tipo e elasticidade natural da pele, histórico de amamentação, biótipo e genética da paciente. Tudo isso influencia na decisão e pode alterar o resultado de cada uma destas condutas.

Leia as colunas anteriores de André Colaneri:

Lipo a laser

Cirurgia plástica na adolescência

Vibrolipoaspiração

Quem é o colunista: André Colaneri.

O que faz: É médico perito judicial em cirurgia plástica, membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas com especialização em Cirurgia Plástica. Hoje é um dos expoentes nacionais na sua área de atuação.

Pecado gastronômico: Frutos do mar.

Melhor lugar do Brasil: Fernando de Noronha.

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Atualizado em 12 Fev 2014.