Guia da Semana

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Entre o sucesso do filme O Discurso do Rei, ganhador do Oscar, e o participante Diogo, do Big Brother Brasil, a gagueira está se tornando um assunto presente nas conversas do dia a dia. O problema é bastante comum: são cerca de 1,6 milhão de indivíduos com essa dificuldade para falar, segundo a Associação Brasileira de Gagueira (Abragagueira). Mas não significa que isso deve ser tratado apenas como um probleminha simples.

A fala pode ser afetada por distúrbios neurológicos, mas também há quem tropece nas palavras sem motivo aparente. É possível encontrar crianças, adultos e idosos que manifestam o distúrbio. Há gagos ricos, pobres, com mais ou menos formação acadêmica. Mesmo quem é especialista em determinado assunto pode gaguejar na hora de apresentá-lo a outras pessoas. Isso porque a gagueira pode ser desenvolvida por razões psicológicas, como falta de autoconfiança e autoestima. O estresse pode causar episódios de gagueira, que, por sua vez, geram insegurança e mais estresse.

Uma explicação possível para esse problema na fala seria a velocidade do processamento cerebral. Quando pensamos criamos imagens, sons e sensações internas, que chamamos de sistemas representacionais. Assim, a disfemia pode ocorrer pelo rápido fluxo de informações e pensamentos, onde a velocidade da emissão das informações pensadas não é acompanhada pela boca, ocasionando o atropelamento de palavras e expressões.

Somos seres sociais, e os prejuízos dessa situação podem se estender às relações interpessoais e também as relações intrapessoais, ou seja, na nossa própria relação conosco. Perdemos a autoconfiança e a autoestima, o que pode levar a outras psicopatologias e ao isolamento social.

No filme O Discurso do Rei, o monarca George 6, interpretado por Colin Firth, recorre a muitos especialistas a fim de tornar seu discurso mais eficaz, e um chega a recomendar o fumo para relaxar as cordas vocais. A cena divertida não é muito diferente do que acontece às vezes na vida real. Existem pseudoespecialistas em todas as áreas - e soluções mágicas também.

Na minha opinião, o que traz melhor resultado são as reprogramações cognitivas, que podem ser feitas tanto pelos métodos da Programação Neurolinguística (PNL) ou pela Hipnose Ericksoniana. Como todos temos um diálogo interno - uma voz em nossos pensamentos que nos acompanha todos os dias em todos os momentos -, um caminho é diminuir a velocidade desta voz e mudar sua tonalidade, o que imediatamente promove uma afinação nas expressões verbais. A pessoa fala mais lentamente e, por consequência, a gagueira deixa de acontecer.

O preconceito e a ideologia da fala perfeita sempre existirão, porém, quando isso é divulgado pela mídia, essas representações podem mudar, fazendo com que o respeito seja considerado a premissa para relações interpessoais mais adequadas. O filme e o programa de TV, ao trazerem o assunto à tona, nos fazem entender quem é "diferente" e fazem com que passemos a ser co-participantes no processo de cura.

Leia a coluna anterior de Alexandre Bortoletto:

Quem tem tempo para tirar férias?


Quem é o colunista: Alexandre Bortoletto.

O que faz: Instrutor da SBPNL - Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística, coach e especialista em Hipnose Ericksoniana e Neurociência.

Pecado gastronômico: Pizza de pepperoni da Pizza Hut.

Melhor lugar do Mundo: Minha casa.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Radiohead e Jon Lord

Fale com ele: [email protected] ou acesse seu site.


Atualizado em 6 Set 2011.