Aquela pelada de final de semana ou um simples jogo de pôquer com os amigos em casa já não são os principais atrativos entre os homens que querem um pouco mais de ação para os momentos de lazer. Os programas comuns vêm cedendo espaço a campo, cavalos, velocidade e força. Essas são algumas das características do polo, o esporte conhecido por ser uma prática de elite e que vem ganhando cada vez mais adeptos em todo o Brasil.
Admirado desde Alexandre O Grande e praticado nos dias de hoje por Rodrigo Lombardi na pele do indiano Raj, na novela Caminho das Índias, o esporte já esteve presente em cinco Jogos Olímpicos e anda fazendo moda entre os amantes de umas boas tacadas.
Como jogar
A origem do polo não é bem definida. Existem apenas evidências de que ele tenha sido praticado primeiramente na Ásia, por cavaleiros da China, séculos antes de Cristo, e que era considerado passatempo para nobres, sultões e imperadores. Para entrar no jogo, não existe idade pré-determinada e as equipes podem ser formadas por homens e mulheres. O principal objetivo é marcar o maior número de gols, em comparação ao adversário, com um taco de três metros de comprimento para acertar uma bola de nada mais que oito centímetros de diâmetro. A bola precisa passar por uma baliza com 7,3 metros de largura, em um campo de 275 metros x 180 metros. Parece difícil?
Para Mauro Souza Aranha, 65 anos, que pratica o esporte há 33 e herdou o dom dos tacos do pai, o esporte é viciante. "Tem que gostar de vida no campo, dos animais. Quem aprecia cavalos e esportes hípicos pode se encontrar no polo. Exige muita concentração e agilidade. Chega a viciar quem começa a praticar, por mexer com a adrenalina", conta ele, que possui um espaço para treinamento onde ministra aulas e cuida de cavalos.
De olho nos lances
O jogo é disputado por duas equipes, com quatro jogadores numerados de acordo com as posições que ocupam em campo. Sendo número 1 e 2 para atacantes, 3 para meio de campo e 4 para defensor. Uma partida dura pouco menos de uma hora e é dividida em períodos, chamados chukkas. Conforme segue o nível de jogo, podem alterar de quatro a seis por partida, com duração de sete minutos e meio e intervalos de três, com uma pausa de cinco minutos, na metade do jogo.
Uma das particularidades do polo está no fato de as equipes terem de mudar de campo, e consequentemente de baliza, a cada gol marcado, para que não haja nenhum tipo de dúvida que venha a beneficiar uma das equipes, como o estado do campo ou as condições atmosféricas. E todos devem respeitar algumas normas de trânsito, já que não são permitidos cruzamentos, em função do risco de acidentes. Para manter esse foco, os jogos são controlados por dois juízes (a cavalo) e um terceiro árbitro que permanece fora do campo e é consultado apenas em caso de algum lance que gere dúvida.
Jogadores
Os competidores são avaliados e classificados pelos chamados handicaps, numa escala de -2 (equivalente a um iniciante) e 10 (jogador mais experiente). Para tal "cargo", o competidor precisa ter nível superior a 2. Esta avaliação não é atribuída de jogo para jogo, mas sim, no final de cada temporada por uma Comissão que avalia todas as competições oficiais.
O julgamento tem como finalidade permitir que as equipes se igualem, o que reduz a diferença no resultado final dos jogos, além de dividir os jogadores em diferentes categorias. "É um pouco de cultura popular dizer que é esporte de elite. Claro que jogar polo é mais caro do que jogar futebol. É necessário ter cavalo, e demanda mais tempo, maior controle nos cuidados em treinamento, além de ser um esporte de equipe onde você depende também dos seus companheiros", destaca Mauro.
No corpo
A equitação é um esporte que movimenta o corpo todo, em especial pernas e parte da cintura, já que exige boa elasticidade do praticante. Além do físico, requer muita concentração e agilidade. O preparo de cada atleta, segundo Mauro, é individual. Alguns preferem seguir uma linha mais rigorosa, outros nem tanto. E alguns treinam com os cavalos, o que ajuda a dar um reforço ainda melhor e é o mais indicado.
Para quem quer começar, é bom preparar o físico e o bolso. Além de ter de gostar muito de cavalo e ter condições para arcar com a manutenção dos parceiros, é necessário um equipamento que inclui bota, taco, cela. E não são itens tão comuns. "A média de gasto para quem quer se iniciar no esporte é de R$ 2 mil. Depende de que nível você pretende alcançar. Conforme for o progresso do praticante, ele pode ter o esporte apenas como um hobby, e ter instrumentos básicos. Já quem for progredindo, entrando em competições, é comum adquirir mais coisas", ressalta o jogador.
Cavalo
Outra regra básica do jogo é em relação aos cavalos. Eles devem ser trocados a cada chukka, e podem ser utilizados no máximo duas vezes no mesmo jogo, podendo ser eliminados durante a partida se a condição física for julgada insatisfatória de acordo com o controle dos veterinários que acompanham a prova. Os animais utilizados medem entre 1,52 e 1,60 metros de altura.
Cada competidor precisa ter o seu animal e arcar com a manutenção, que não é das mais baratas. Por ser um esporte praticado em equipe é preciso ter não apenas companheiros de campo, mas também uma equipe de cavalos. "O jogo ocorre em seis tempos, então, é preciso ter no mínimo seis cavalos, e cuidar de todos. Afinal, você depende deles para jogar. Eles ficam em hípicas ou até em cocheiras particulares, dependendo do grau financeiro de cada praticante", explica Mauro.
Atualizado em 6 Set 2011.